Enquanto os Estados Unidos continuam na luta para aprovar seu primeiro fundo negociado em bolsa (ETF) de Bitcoin à vista, o Brasil já está nesse segmento há mais de dois anos, com pelo menos 11 ETFs de criptomoedas, todos funcionando de forma regulada e sem problemas desde que foram lançados.
O sucesso desses produtos no Brasil chama atenção dos especialistas de fora ao sinalizar que é grande o interesse dos investidores por esse tipo de produto. Juntas, as gestoras de ETFs de Bitcoin à vista do Brasil possuem o equivalente a R$ 473 milhões em ativos sob gestão (AUM), conforme noticiou o CoinDesk.
O maior fundo cripto do país é o HASH11, da gestora Hashdex, com R$ 1,35 bilhão de patrimônio. O ETF é uma cesta de ativos digitais que reflete o índice Nasdaq Crypto Index e sofre um rebalanceamento a cada trimestre. A gestora também conta com o maior ETF de Bitcoin à vista do Brasil, o BITH11, que hoje tem R$ 283,17 milhões de ativos sob gestão, representando cerca de 60% do mercado desse produto.
Marcelo Sampaio, CEO e fundador da Hashdex, destacou ao CoinDesk que o cenário pró-mercado do Brasil ajuda no sucesso dos ETFs de Bitcoin no país. “Há um sentimento positivo crescente entre os investidores mais sofisticados e temos visto um interesse crescente de algumas das maiores instituições, seja alocando ou considerando adicionar criptomoedas em breve aos seus portfólios”, disse ele.
A Hashdex está na lista de empresas que estão tentando lançar um ETF de Bitcoin à vista nos EUA, contando inclusive com um modelo diferente de seus concorrentes. Apesar disso, na semana passada a SEC decidiu adiar sua decisão sobre o produto oferecido pela gestora brasileira.
Leia também: Proposta de ETF de Bitcoin da Hashdex chama atenção do mercado global: “À prova de negativas da SEC”
Os ETFs cripto do Brasil
Atrás da Hashdex na liderança dos ETFs cripto do Brasil está a QR Asset, que lançou o primeiro ETF de Bitcoin do país, o QBTC11, que atualmente tem R$ 185,16 milhões em AUM.
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Apesar de já terem conquistado seu espaço no mercado nacional, com bons desempenhos e figurando na lista de ETFs mais negociados, os fundos cripto ainda estão longe em tamanho dos maiores.
Para se ter uma ideia, o BOVA11, maior ETF do Brasil, tem R$ 11,7 bilhões de AUM, enquanto o ETF de small caps, o SMAL11, tem R$ 5,8 bilhões. Nos EUA, o maior ETF é o SPDR S&P 500, com cerca de R$ 2,3 trilhões em AUM.
Em outubro, em um cenário de forte recuperação das criptomoedas, com o Bitcoin chegando a bater os US$ 37 mil — sua máxima do ano até então —, os ETFs de criptomoedas dominaram o top 10 da B3 de fundos mais rentáveis do mês.
O Brasil conta com ETFs de criptomoedas desde 2021, resultado de uma postura positiva dos reguladores nacionais, em especial a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que criou regras para esse tipo de produto e lançou um sandbox, onde já funciona diferentes plataformas voltadas para tokenização de ativos, web3, entre outras tecnologias.
Além disso, o país já conta com uma regulação do setor cripto aprovada no Congresso, que coloca o Banco Central como regulador do mercado, além de três projetos de lei que estão em andamento em Brasília que visam dar mais segurança e transparência para o mercado de criptoativos.
Tudo isso ajuda a atrair o investidor e alavancar produtos como os ETFs, que são ferramentas que permitem a exposição ao Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e outros criptoativos sem que o interessado precise efetivamente possuir esses ativos em carteira, tudo na mesma plataforma que ele já usa para investir em produtos financeiros tradicionais.
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