Imagem da matéria: Destino da mineração de bitcoin em Nova York está nas mãos da governadora do Estado
Kathy Hochul, governadora do estado de Nova York (Foto: Shutterstock)

O status legal da mineração de bitcoin (BTC) no estado de Nova York agora está nas mãos da governadora Kathy Hochul — e ela está sob bastante pressão para escolher um lado.

Na sexta-feira (3), senadores de Nova York aprovaram um projeto de lei que cria uma suspensão de dois anos para operações de mineração de criptomoedas que dependem de energia baseada em carbono. Agora, o projeto de lei será direcionado para Hochul, que tem dez dias para aprová-lo ou vetá-lo.

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Se ela aprovar a lei, Nova York será o primeiro estado americano a limitar a nova dominância global do país na mineração de bitcoin.

Greenidge Generation, uma usina de carvão no norte do estado, provocou o debate sobre o impacto ambiental de criptomoedas quando migrou para a mineração de bitcoin em março de 2021.

Em dezembro, os EUA eram responsáveis por 38% do hashrate médio mensal na rede do Bitcoin, segundo o Índice de Consumo de Eletricidade do Bitcoin (ou CBECI, na sigla em inglês) da Universidade de Cambridge.

Geórgia surgiu como o grande líder dentre os estados, contabilizando 31% do hashrate do país. Porém, os 10% de Nova York estão praticamente empatados pelo segundo lugar com o Kentucky e o Texas, cada um responsável por 11% do hashrate.

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As redes Bitcoin e Ethereum dependem do consenso de rede proof-of-work (PoW), que usa muita energia. O Ethereum está no processo de migrar para o proof-of-stake (PoS), que usa menos energia, mas não fará essa mudança até daqui a alguns meses.

Governadora pró-cripto ou anticripto?

Hochul nunca disse algo que demonstrasse sua opinião sobre a indústria cripto.

Existe uma pequena citação sobre reprimir “crimes com criptomoedas” em seu relatório “o Estado do Estado de 2022”, afirmando que pretende adquirir software de análise em blockchain para ajudar a polícia a impedir o uso de criptomoedas no tráfico de armas.

Na semana passada, após uma reunião com legisladores do estado, ela disse aos repórteres que a mineração cripto poderia gerar empregos a região.

“Precisamos equilibrar a proteção do meio ambiente, mas também proteger a oportunidade de empregos que vão para áreas que não têm muita atividade e garantir que a energia consumida por essas empresas é gerenciada de forma adequada”, explicou Hochul.

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O ponto de vista da geração de trabalhos é um argumento ecoado por grupos de lobby e líderes da indústria nos preparativos para a votação para suspender a mineração.

Na quinta-feira (2), Kristin Smith, diretora-executiva da Blockchain Association, pediu que os “nova-iorquinos pró-tecnologia” pressionassem legisladores do estado a se oporem à moratória de mineração.

Em resposta ao tuíte, Barry Silbert, CEO do Digital Currency Group (DCG), lembrou ao senador Tim Kennedy que o DCG — empresa-mãe da Grayscale, Genesis e CoinDesk — gerou 150 empregos na área de Rochester e planeja abrir outro escritório em Buffalo. Após a votação, Silbert agradeceu a Kennedy por se opor ao projeto de lei.

Foundry, outra subsidiária do DCG, publicou uma declaração no Twitter pedindo que a governadora vetasse o projeto de lei.

“Sinceramente esperamos que a governadora Hochul não torne esse projeto em lei, pois representa um claro alvo de uma indústria dentre centenas no estado de Nova York”, afirmou a revendedora de máquinas de mineração.

“Estados, como a Califórnia e Washington, estão estudando a questão para entender a tecnologia antes de tomar medidas drásticas para limitar seu crescimento”, acrescentou.

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Imposto como solução?

A parte sobre a moratória de Nova York ter a indústria cripto como alvo por conta de seu uso de carbono não é algo novo. Houve sugestões de que um imposto estatal sobre emissões de carbono seria uma forma mais justa de incentivar mineradores a usarem energia renovável sem descartá-los.

“Um imposto de carbono enviaria um sinal para o mercado como um todo sobre os objetivos de legisladores em incentivar energia renovável. Se você quer poluir, terá de pagar um premium”, explicou John Buhl, gestor-sênior de comunicações do Tax Policy Center (TPC), ao Decrypt via mensagem direta no Twitter.

“Oferecer a indústrias ou tecnologias específicas incentivos de energia limpa ou impor limites para atividades menos desejáveis pode fazer você chegar lá. Mas isso pode rapidamente se tornar um jogo de ‘acerte a toupeira’; a mineração cripto não será a última atividade que legisladores nova-iorquinos vão precisar abordar”, explicou.

Ele esclareceu que esse comentário reflete sua opinião. O TPC, um grupo de especialistas da capital de Washington sobre questões fiscais, não possui uma posição oficial sobre impostos de carbono ou como estes podem impactar a indústria de mineração.

Outros participantes da indústria cripto quiseram expressar sua opinião com suas carteiras.

Um relatório de campanha agendado regularmente, enviado ao Conselho Eleitoral do Estado de Nova York na última sexta-feira (27), mostra que Hochul recebeu US$ 40 mil de Ashton Soniat, CEO da mineradora cripto Coinmint.

A empresa opera uma unidade de bitcoin em uma antiga fundição de alumínio da Alcoa em Massena, Nova York.

As doações de campanha também incluem mais de US$ 80 mil da Ostroff Associates, uma empresa de lobby de Albany que representa a mineradora cripto Blockfusion, com sede nas Cataratas do Niágara.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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