O governo brasileiro já gastou cerca de R$ 27 milhões em tinta para impressão de cédulas de Real neste ano. As informações sobre a compra do material especial para a impressão do dinheiro em papel constam de cinco extratos de contratos publicados entre os meses de fevereiro e maio no Diário Oficial da União.
O montante de recursos se insere em meio à demanda extra por dinheiro diante das ações de combate aos efeitos do coronavírus sobre a economia nacional.
Demanda essa que, segundo apuração da agência Reuters, já preocupa o Banco Central, que supervisiona a oferta da moeda. A instituição também é responsável por grande parte das medidas econômicas em resposta à pandemia e teria solicitado à Casa da Moeda uma maior impressão de dinheiro.
Localizada no Rio de Janeiro e ligada ao Ministério da Economia, a Casa da Moeda é a responsável pela emissão do dinheiro físico em circulação no país. Os cinco contratos para compra das tintas especiais foram firmados pela estatal com uma mesma empresa, a Ceptis Indústria e Comércio de Tintas e Sistemas S.A.
- 7 de fevereiro – R$ 5.336.264,25;
- 23 de março – R$ 20.832.356,18;
- 29 de abril – R$ 997.106,53;
- 4 de maio – R$ 97.687,78;
- 4 de maio – R$ 88.399,60.
Provisão de segurança
Os aportes feitos entre o final de março e o começo de maio coincidem com as principais medidas de injeção de recursos por parte do governo federal, em resposta aos impactos da pandemia de coronavírus sobre a economia.
O Banco Central confirmou à agência que está em negociações com a Casa da Moeda para antecipar o recebimento da produção contratada para o ano. Por outro lado, nega qualquer problema com falta de moeda.
A instituição disse que já houve um aumento de 23% na quantidade de moeda forte em circulação em abril, um aumento de RS 55,5 bilhões em relação ao ano anterior.
“A consulta (à Casa da Moeda) visa construir estoques de segurança e mitigar eventuais consequências do fenômeno de entesouramento que se observa desde o início da pandemia”, afirmou o BC à Reuters.
Além de gerenciar a emissão de dinheiro, o Banco Central também determinou uma série de medidas para dar liquidez ao sistema financeiro brasileiro. Juntas, elas representam uma injeção na casa de R$ 1,2 trilhão na economia.
Auxílio emergencial
Outra ação de grande mobilização de recursos adotada em meio à crise foi a criação do auxílio emergencial. O benefício é destinado a profissionais desempregados ou autônomos que tiveram a renda fortemente afetada pelas medidas de controle ao Covid-19.
Estimativas do governo federal apontam que pelo menos 60 milhões de pessoas no Brasil — o equivalente à população da Itália — são elegíveis ao benefício.
O montante estimado para atender as solicitações aceitas é de R$ 124 bilhões. A projeção inicial do governo, no entanto, era bem mais modesta, de R$ 98 bilhões a 54 milhões de pessoas.
Essa grande procura pode ser notada pelas enormes filas que têm se formado próximas às agências dos grandes bancos, especialmente da Caixa Econômica Federal. O banco estatal é o principal responsável pelo pagamento do auxílio emergencial.
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As aglomerações próximas às agências, no entanto, também preocupam. Isso porque, dessa forma, aumenta o risco de contágio do novo coronavírus.
Escassez de moeda?
O governo começou a pagar uma parcela inicial do programa no início de abril. No entanto, atrasou a segunda, inicialmente prevista para o final do mês passado.
Fontes ouvidas pela Reuters dão duas razões para esse atraso. Uma delas informou que o motivo foi a escassez de cédulas de dinheiro; a outra afirmou que a causa era o pagamento ainda em andamento da primeira parcela — e a entrada em cena da parcela seguinte causaria mais tumulto nas agências.
Ambas, porém confirmaram que há uma escassez de moeda que preocupou o governo — o que é refutado oficialmente.
O secretário de Política Econômica do governo, Adolfo Sachsida, disse à Reuters que havia um “problema técnico com as fontes de pagamento” dos fundos.
De acordo com o governo, um novo cronograma deve ser lançado em breve para o programa, que tem duração de três meses.
População desbancarizada
Ainda segundo a Reuters, a alta demanda pelo dinheiro físico tem como uma de suas motivações o grande número de pessoas desbancarizadas no Brasil — ou seja, que não possuem conta em banco.
Estima-se que um terço da população esteja nessa situação, apesar do crescimento do uso de outras formas de pagamento.
A Caixa Econômica estima que cerca de 30 milhões de contas digitais serão abertas por pessoas não bancarizadas em virtude do pagamento do auxílio emergencial. Na avaliação do banco, esse movimento deixará um legado que pode ajudar a inclusão financeira depois da pandemia.
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