dólar digital
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O presidente do banco central dos EUA (Fed), Jerome Powell, afirmou que o Congresso americano irá receber orientações do Fed sobre os planos da instituição para implementar uma moeda digital de banco central (ou CBDC, na sigla em inglês) oficial do país.

Durante uma audiência do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara na quinta-feira (23), Powell disse: “Acredito que seja algo que realmente precisamos explorar como um país”, acrescentando que a possibilidade da emissão de uma CBDC “não deve ser algo partidário”.

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“Estamos trabalhando bastante”, afirmou ele, mencionando que quando as orientações forem finalizadas, será responsabilidade do Congresso elaborar a legislação para autorizar sua implementação no sistema financeiro americano.

Durante anos, pessoas falaram sobre a ideia de uma moeda digital lastreada pelo governo americano e consideraram seus possíveis riscos e benefícios. A implementação de um “dólar digital” poderia ter um impacto sistêmico no setor cripto e expor a ampla população à experiência de realizar transações financeiras usando moedas digitais.

“É uma potencial inovação financeira muito importante que irá afetar todos os americanos”, disse Powell na reunião. “Nosso plano é trabalhar tanto ao lado da política como ao lado da tecnologia nos próximos anos e chegar ao Congresso com uma recomendação em certo momento.”

Uma proposta de dólar digital

O Fed está considerando a possibilidade de lançar um dólar digital desde 2017. Esta semana, o deputado Jim Himes publicou uma proposta de como os EUA poderiam emitir e implementar uma CBDC, afirmando que poderia ajudar a preservar o papel do dólar como a principal moeda de reserva em toda a economia global.

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“Quanto mais o governo dos Estados Unidos demorar para acolher essa inovação, mais ficaremos para trás tanto de governos estrangeiros como do setor privado”, afirmou Himes em um comunicado de imprensa. “É hora de o Congresso considerar e avançar uma legislação que autoriza uma CBDC americana.”

Quando perguntado por Himes se ele tinha analisado a proposta, Powell respondeu que a havia imprimido, estava com ela, mas ainda não tinha conseguido “lê-la com cuidado”.

Declarações de Himes em relação à supremacia do dólar americano ressoam as afirmações feitas por Powell este mês durante uma conferência de pesquisa feita pelo Comitê do Federal Reserve.

“Em função do tremendo crescimento de criptoativos e stablecoins, o Federal Reserve está examinando a possibilidade de uma moeda digital de banco central americana ser capaz de melhorar um sistema de pagamentos nacional já seguro e eficiente”, alegou Powell.

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“Conforme destacado pelo whitepaper do Fed sobre esse assunto, uma CBDC americana também poderia ajudar a manter a reputação internacional do dólar.”

Riscos x benefícios

Em maio, a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, destacou os possíveis benefícios e riscos de uma moeda digital emitida pelo banco central americano ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, afirmando que sua implementação seria possível.

“Em algumas circunstâncias futuras, uma CBDC poderia coexistir e ser complementar a stablecoins e ao dinheiro bancário comercial ao fornecer uma obrigação segura ao banco central no ecossistema financeiro digital, assim como o dinheiro em espécie atualmente coexiste com o dinheiro bancário comercial”, disse ela.

“Em algumas circunstâncias futuras, uma CBDC iria coexistir e ser complementar a stablecoins e dinheiro bancário comercial ao fornecer uma obrigação bancária central no ecossistema financeiro digital, assim como o dinheiro coexiste atualmente com o dinheiro em espécie comercial”, explicou.

Tal CBDC precisaria ser “protegida pela privacidade, intermediada, amplamente transferível e verificada por identidade”, acrescentou Brainard.

Seus comentários surgiram após o Fed divulgar, em janeiro, um documento sobre os possíveis prós e contras de uma CBDC, convidando o público a comentar sobre “a possibilidade e a forma como uma CBDC poderia melhorar o sistema nacional, seguro e efetivo de pagamentos”.

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Porém, ainda pode demorar até que uma CBDC chegue até às carteiras digitais dos americanos. “A linha do tempo de uma CBDC provavelmente levará uma década, senão mais tempo”, afirmou Dustin Teander, analista sênior de pesquisa da Messari, ao Decrypt.

Ele destacou os inúmeros atrasos na implementação do sistema de transferência interbancário FedNow, que está sendo planejado desde 2013.

“Essa é uma tecnologia que o mundo bancário entende”, disse ele, enquanto CBDCs são “uma tecnologia muito nova que ainda não está bem integrada ao atual sistema tecnológico bancário”. Dado que as linhas de pesquisa e desenvolvimento envolvem a criação de um dólar digital, “levará muito tempo até que você compre itens do dia a dia com uma CBDC emitida pelo governo americano”.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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