Um busto vai se formando a partir de zeros e uns
Foto: Shutterstock

Durante o mês de agosto, a NFTFY teve o prazer de fazer parte da Non Fungible Conference, a maior conferência envolvendo NFTs da América Latina.

Durante o evento, foi possível presenciar artistas como Mazola Marcnou e Laura Reis grafitarem telas somente para digitalizar em formato de NFT e depois destruírem a versão física de suas obras. Após essa ação, a obra de Mazola foi fracionada dentro da própria NFTFY, permitindo a compra da mesma obra de arte por mais de uma pessoa.

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Esse tipo de ação pode ser encarada de maneira muito polêmica fora e dentro da comunidade Web3, mas em qualquer espectador, atitudes como essas deixam a seguinte pergunta: artes físicas e NFTs podem coexistir no mesmo universo?

Apesar disso parecer uma discussão recente, as raízes deste embate foram levantadas na década de 30 pelo filósofo Walter Benjamin, em seu texto “O conceito da obra de arte na época da sua reprodutibilidade técnica”.

Benjamin levantava questionamentos sobre a importância da aura nas obras de arte. Por aura, entende-se o valor simbólico, a específica de cada quadro era o que os tornava especiais. Assim, a mecânica de fotografia e cópia que passaram a ser melhor exploradas no século XX traziam o problema de retirarem o simbolismo da “unicidade”, “singularidade” e “autenticidade” das obras de arte.

Dessa forma, por meio de criptografia e evolução tecnológica, é possível a devolução desses aspectos que garantem exclusividade e autenticidade por meio da tokenização. Assim, acredito que ao tornar uma obra de arte uma NFT, se restaura parte da simbologia que a tornava especial. Esse aspecto consegue explicar o motivo que leva colecionadores a gastarem milhões em obras mas que pode parecer irracional para os críticos da tokenização de obras de arte.

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A arte física no mundo digital

A partir dessa análise, outra questão pode ser levantada: Isso significa que a arte física tem tendência a desaparecer?

Já é um tema recorrente a tokenização de obras físicas antes da destruição das mesmas. Esse tema não foi levantado apenas pela Casa NFT na NFC. Já conseguimos observar casos como a de “Fumer V”, ou como ficou mais conhecida: Burned Picasso, obra de Picasso que foi tokenizada apenas para ter sua versão física queimada.

Esta obra esteve presente na exposição de NFTs no metaverso apresentada pela NFTFY durante o Blockchain Rio. Tendo admiradores ou não, a questão política e cultural que cercou o debate sobre se a atitude foi justificada ou uma barbárie no mundo da arte foi o que a fez ter o tamanho do alcance que possui hoje.

Mas voltando à questão, sinto que é preciso analisar paralelos importantes que encontramos no passado. Com o surgimento da Web2, muitos acreditavam que isso significava o fim da era da televisão, a internet viria como substituta absoluta para a finalidade de informação e entretenimento.

Como é possível observar, hoje as duas plataformas não apenas coexistem mas também dão força de atuação mútua. Logo, considero que as obras NFTs e suas versões físicas não apenas irão coexistir mas também dar suporte uma à outra.

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Hoje com as finanças descentralizadas (DeFi), é possível que a propriedade de uma obra seja compartilhada por meio de fracionalização. Tal conceito pode se aplicar tanto em obras puramente digitais, mas também em obras físicas tokenizadas, por exemplo.

Chegamos em um ponto onde a tokenização pode democratizar o acesso à arte. Essa questão é o que deveria centrar os debates sobre NFTs e arte física. Por meio da educação é possível demonstrar para públicos por fora do assunto como a Web3 pode não só criar possibilidades dentro do mundo digital, mas também aprimorar ferramentas fora do âmbito virtual.

A grande mensagem que tenho com essa análise é que a Web3 veio para construir caminhos, não fechar portas.

Sobre o autor

Leonardo Carvalho é CEO da NFTFY, empresa criada por brasileiros em 2020 e que funciona como um Aplicativo Descentralizado (dApp), gerando frações compatíveis com ERC-20, totalmente atreladas aos NFTs.

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