O governo da Venezuela lança nesta sexta-feira (1) o Bolívar Digital (Bs.D), que substituirá o agora extinto Bolívar Soberano (Bs.S), moeda oficial do país que circulava há apenas três anos.
Com seis zeros a menos, a nova moeda chega como uma nova tentativa de salvar uma economia derrotada pelos anos de hiperinflação. Só em 2021, a inflação na Venezuela pode bater a casa dos 1.600%.
A nova conversão da moeda foi anunciada no início de agosto pelo Banco Central da Venezuela (BCV) e pelo Ministério da Economia e Finanças que decidiram que 1 milhão de bolívares passaria a ser 1 bolívar — Bs.S 1.000.000 + Bs.D 1.
Segundo o BCV, as notas de bolívares soberanos de 10 mil, 20 mil, 50 mil, 200 mil, 500 mil e 1 milhão, continuarão em circulação, ou seja, passarão a coexistir com as novas cédulas de Bolívar Digital. A entidade explica que essa manutenção é para facilitar os pagamentos exatos junto com as notas e moedas da nova expressão monetária.
“A dupla expressão de preços facilitará a familiarização de usuários e consumidores com a Nova Expressão Monetária”, disse o órgão. “Os preços dos produtos e serviços deverão ser apresentados na nova escala monetária e também na sua expressão atual”.
“Os venezuelanos sabem o que acontece com cada conversão. Sua receita passará pelo fatiador da desvalorização novamente e você ficará mais pobre”, escreveu o El País ao repercutir a nova política.
Bolívar na Venezuela
Esta mudança da moeda oficial da Venezuela elevará para três o número total de redenominações nos últimos 15 anos. O falecido ex-presidente Hugo Chávez, excluiu três zeros em 2007. Seu sucessor, Nicolás Maduro, usou a criação de uma criptomoeda do próprio país, a Petro, como uma oportunidade para cortar cinco zeros em 2018.
A Petro, no entanto, foi vista como um projeto controverso e sem transparência. Seu lastro, em barris de petróleo, também foi questionado. A moeda foi criada enquanto o sistema financeiro do país murchava sob o peso das sanções econômicas lideradas pelos EUA e possivelmente foi pensada para contornar a situação.
No entanto, até mesmo o ativo digital entrou na mira dos EUA, o que fez o governo venezuelano recorrer a Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo as autoridades do país latino-americano, as restrições sobre a moeda digital seriam discriminatórias.