Muhammad Ali, um jovem afegão de 20 anos que sonhava em se tornar um minerador de bitcoin, teve os seus esforços interrompidos após a tomada do governo do Afeganistão pelo grupo extremista Talibã. Sem internet e segurança, ele fugiu de Kabul. Nos últimos dias, vinha percorrendo caminhos entre Turquia e Irã em busca de segurança e de um lugar para recomeçar, mas acabou sendo preso.
A história de Ali, que tem nome de campeão — de Muhammad Ali, considerado um dos melhores da história do boxe — foi contada pela Reuters nesta quarta-feira (25). Em vídeo publicado junto com a matéria, ele pede para os países vizinhos receberem os refugiados para que possam trabalhar: “Não somos terroristas”.
“Eu estava planejando um negócio de mineração de bitcoin ou ethereum em Kabul. De repente, tudo mudou e o Talibã assumiu todo o governo. Não há internet. E sem isso não posso fazer meu trabalho lá. Por isso resolvi deixar o Afeganistão”, disse Ali à reportagem.
O sonho de Ali estava planejado há um bom tempo. Ele disse que estudou Ciência da Computação e ensinava as pessoas sobre internet e design gráfico a partir de Khost, cidade onde morava. De lá, ele também fazia vídeos sobre finanças com dicas de investimentos e os publicava no Youtube.
Fuga e prisão
Antes de ser preso, Ali, segundo a Reuters, estava abrigado em um túnel de drenagem próximo ao lago Van, que fica em Tatvan, cidade de Bitlis, província da Turquia.
O país, por causa da vitória do Talebã, virou ponto de passagem para muitos migrantes que tentam chegar à Europa, e já é lar de quase 4 milhões de sírios.
Ali fazia parte de um grupo de 50 pessoas que fugiram do Afeganistão – todos calejados e com fome, segundo o veículo. A maioria deles deseja encontrar trabalho e enviar dinheiro de volta para a família; outros procuram apenas por paz.
A última informação que a reportagem teve de Ali foi que ele e os outros integrantes do grupo foram presos pela polícia. O local não foi mencionado.
Nas últimas semanas, disse o jornal, a polícia turca deteve milhares de migrantes afegãos. No entanto, as autoridades não os estão repatriando devido à turbulência que o país atravessa.