John McAfee, criador do antivírus e defensor das criptomoedas, foi encontrado morto na tarde desta quarta-feira (23) em sua cela na prisão em Barcelona, de acordo com o jornal espanhol El País. A polícia local estão investigando o ocorrido e tudo aponta para um suicídio, conforme relatado pelo Departamento de Justiça.
A morte ocorre no mesmo que dia em que o Supremo Tribunal da Espanha autorizou a extradição de McAfee para os Estados Unidos, onde o empresário deveria encarar a Receita Federal americana que o acusa de sonegação de impostos.
Segundo informações da Reuters, a Justiça espanhola apelou para que McAfee respondesse apenas por acusações relacionadas às declarações de impostos de 2016, 2017 e 2018, conforme solicitado pelos promotores americanos.
A decisão do processo de extradição decorre da última audiência com John McAfee realizada no último dia 15 na corte da capital, Madri. O americano de 75 anos foi preso no aeroporto de Barcelona em outubro do ano passado e desde então luta para não ser extraditado.
Processo contra John McAfee nos EUA
No processo — Ext. 47/20 — o réu que aparece com o nome de batismo do réu, John David Mcafee, que ficou famoso e bilionários por seu pioneirismo com o antivírus que leva seu nome — antivírus McAfee — cuja marca foi comprada pela Intel em 2010 por US$ 7,7 bilhões.
McAfee não era alvo das autoridades dos EUA apenas por sonegação de impostos, mas também é parte de uma investigação de um assassinato que ocorreu em 2012, ou seja, ele tinha mais de uma década de conflitos no páis.
A família de Gregory Faull, morto a tiros naquele ano, acusou o empresário de envolvimento no crime que fugiu do país e desde então não colocou mais os pés em solo americano.
McAfee e as criptomoedas
“Eles querem me silenciar e não vou permitir”. Esta é uma das frases do inglês criado na Virgínia (EUA) e “embaixador das criptomoedas”, como gostava de ser chamado. John McAfee esteve nos últimos anos fora dos EUA morando em um barco de onde constantemente criticava o governo americano e exaltava o sentido libertário do Bitcoin.
Ele chegou a assumir publicamente que se negava a declarar impostos e desafiava repetidamente as autoridades a irem atrás dele. Por sua vez, o IRS o procurava pela falta de declaração desde 2014.
Aliás, foi pautado nesses dois temas que McAfee voltou a ser popular nas redes sociais. “Ripple não vale nada” e “impressão de dinheiro levará o dólar ao colpso”, são algumas de suas frases que o mantinha popular nas redes sociais. Uma delas inclusive, falando sobre política, ele teve o apoio de Elon Musk, quando McAfee disparou: “Nossa democracia foi hackeada”. Musk simplesmente respondeu: “Verdade”.
Na semana passada, McAfee desabafou no Twitter revelando que não tinha mais dinheiro ou bitcoin: “Não tenho nada”, disse ele, que frequentemente é tachado de multimilionário e lenda do Vale do Silício. Dias antes, também no microblog, ele sugeriu que passava dias chorando por se sentir abandonado. No que ele chamou de “dia ruim”, ressaltou que ficaria surpreso se pelo menos 1% de seus seguidores lessem suas mensagens.
Imagens da audiência do dia 15 publicadas pela agência EFE no Youtube mostram que McAfee estava mais magro e abatido, bem diferente do controverso e excêntrico empresário que bombava nas redes sociais.
McAfee não é alvo das autoridades dos EUA apenas por sonegação de impostos, mas também é parte de uma investigação de um assassinato que ocorreu em 2012, ou seja, ele tem mais de uma década de conflitos no páis. A família de Gregory Faull, morto a tiros naquele ano, acusou o empresário de envolvimento no crime que fugiu do país e desde então não colocou mais os pés em solo americano.
Mais recentemente, McAfee também foi indiciado por fraude e acusações de lavagem de dinheiro pela Procuradoria dos EUA. De acordo com a autoridade, o empresário orquestrou um esquema de pump and dump de criptomoedas e lucrou com ICOs (Oferta Inicial de Moeda).
Ele também se envolveu em vários projetos, como a criação de seu próprio token em 2019, a moeda da liberdade — ‘McAfee Freedom Coin’ — e até sua própria exchange, entre outros. No entanto, sua vida nos últimos anos também foi regada a polêmicas envolvendo álcool e drogas e prostitutas, o que denuncia que o ex-empresário gastou parte de seus bilhões fazendo o que bem entendesse. Em uma de suas frases ele revelou: “Eu uso criptomoedas onde for possível. Comida, entretenimento, roupas, casas e sexo”