Desde 2016, o Laboratório de Inovação – grupo de trabalho formado no Departamento de Tecnologia da Informação do BC com foco em tecnologia – pesquisa as vantagens da utilização da blockchain. O resultado das pesquisas foi publicado em um artigo (in inglês) disponível no site deles, que pode ser acessado clicando aqui.
Através de estudos teóricos e práticos o departamento elaborou o trabalho sobre a aplicabilidade da blockchain no Banco Central. Um dos potenciais usos da tecnologia estão a emissão de moedas soberanas eletrônicas, a criação de um sistema de gerenciamento de identidades e de um sistema alternativo de liquidação de transações – este último foi escolhido para teste de aplicabilidade.
A pesquisa focou em saber se era possível que a tecnologia blockchain pudesse manter uma Transferência de Reservas (STR) do BC.
Aristides Andrade Cavalcante Neto, chefe adjunto no Departamento de Tecnologia da Informação (Deinf), disse:
Concluímos, com o estudo, que essa tecnologia ainda não está madura o suficiente, apesar de ter potencial. Esbarramos em questões de privacidade entre instituições financeiras, que infringem os requisitos atualmente exigidos pelo Banco Central. Mas, se fosse possível alterar esses requisitos, daria para manter o sistema financeiro operando em regime de contingência no caso de uma queda completa do BC. A Blockchain poderia nos dar algo que não conseguimos com as tecnologias atuais.
Segundo Aristides, a publicação do artigo pelo Banco Central do Brasil é uma forma de se comunicar com outros bancos centrais pelo mundo sobre as percepções que o BC vem tendo com suas pesquisas. “Da mesma forma que estamos nos aproveitando dos artigos que as instituições estrangeiras publicam, gostaríamos de dar nossa contribuição. Conseguimos, inclusive, abrir um canal de comunicação com o Banco Central de Cingapura, por exemplo, podendo trocar informações”, disse ele.
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Inovações Tecnológicas
Em agosto, cerca de 60 servidores de diversas áreas do Banco participaram de um curso de três dias sobre “Desenvolvimento em Fintechs” para debater sobre inovações tecnológicas e como elas podem afetar o mercado financeiro.
De acordo com Adriano Pereira Rubim Silva, chefe adjunto no Deorf, os impactos das inovações podem ser por meio da absorção dessas tecnologias pelas próprias instituições financeiras e por meio de uma concorrência frontal, pelo provimento dos serviços financeiros fora delas.
“É fundamental para todos os bancos centrais entender o poder de disrupção dessas tecnologias, compreender como elas são enquadradas na regulamentação que existe no país. Essas questões tornam necessário para o BC absorver a maior quantidade possível de informações, de conhecimento, de modo a tratar essa questão dentro do binômio de segurança, de um lado, e de não tolher e impedir a inovação e a eficiência de outro lado”, afirmou Adriano.
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