Em abril de 2024 ocorre um dos principais eventos da rede do Bitcoin: o halving. A importância desta atualização não está apenas na mudança da relação de oferta e demanda da criptomoeda, mas também pelo efeito que isso produz no preço do ativo que, historicamente, tende a subir.
Mas será que a tendência vai se concretizar no ano que vem, em meio a tantas mudanças no cenário macroecomico afetando investimento de maior risco, como o Bitcoin? O Portal do Bitcoin escutou a opinião de alguns especialistas do mercado nacional sobre o que podemos esperar de efeitos do halving no preço da criptomoeda líder.
O que é o halving do Bitcoin?
Antes de analisar os efeitos no preço, é importante entender que o halving é uma atualização que reduz pela metade a recompensa paga para os mineradores que adicionam blocos na blockchain do Bitcoin. Ou seja, a cada bloco aprovado, menos criptomoedas serão inseridas no mercado.
No primeiro halving, em 2012, as recompensas por bloco caíram de 50 BTC para 25 BTC. Nas atualizações seguintes, esse número caiu para 12,5 BTC e depois para os atuais 6,25 BTC. No ano que vem acontecerá o quarto corte, que diminuirá a recompensa para 3,125 BTC por bloco.
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O halving é um evento previsível e ocorre a cada 210 mil blocos minerados, o que demora cerca de quatro anos. Por isso é possível antecipar que a atualização aconteça em torno de abril de 2024. Dependendo da movimentação da blockchain até lá, no entanto, o mês pode variar.
Os efeitos do halving no preço do Bitcoin
Mas o acontece com o preço? Como a oferta cai pela metade, a demanda precisa apenas se manter para que ocorra uma pressão de alta no preço do Bitcoin.
Como a expectativa é que a demanda aumente ao longo dos anos, conforme mais pessoas passem a usar a criptomoeda e também com aprovação de ETFs e outros produtos cripto, analistas acreditam que a valorização deve ser forte com o passar do tempo.
“O halving sempre esteve atrelado a altas de preços e tem sido apontado como um gatilho para ciclos de alta no Bitcoin”, explica ao Portal do Bitcoin Paulo Boghosian, diretor executivo da Pandhora Investimentos.
Por outro lado, ele explica que o impacto desse cenário tende a ser menor, ainda que se mantenha positivo. “A cada halving, a emissão cai marginalmente menos. A inflação era próxima de 100% no primeiro halving, enquanto hoje, com boa parte das moedas já emitidas e com uma recompensa bem mais baixa, essa inflação é de 1,74%, e após o próximo halving será de menos de 1%. Ou seja, o impacto na oferta de bitcoins será cada vez menor”, explica.
André Franco, head de research do Mercado Bitcoin, concorda que, “do ponto de vista efetivo de retirada de liquidez do mercado, o efeito é muito pequeno, quase irrisório”. Por outro lado, ele afirma que a visibilidade que o BTC ganha em tempos de halving ajuda bastante na valorização do ativo.
“Quando a gente olha o contexto de divulgação do Bitcoin, achamos que o impacto é altíssimo. A nossa definição para o halving é que, hoje, ele é basicamente uma grande campanha de PR (Relações Públicas)”, explica Franco.
“O mercado inteiro voltando a falar de Bitcoin por causa desse evento e isso é amplificado pela mídia de modo geral. Isso faz as pessoas entenderem o que é o halving e entenderem a política monetária do Bitcoin, o que torna mais forte ainda a tese para os novos entrantes do mercado”, diz o especialista.
Lucas Panisset, advisor da Transfero Prime, complementa reforçando que “o fenômeno determina o início do ciclo de alta para o Bitcoin, já que pela lei da oferta e demanda, os preços devem se elevar para equilibrar a equação”.
“Além disso, o halving coincidirá com a recuperação das economias globais, que sofreram com a pandemia e também com o aumento inflacionário”, acrescenta.
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Combinação de eventos positivos
Diferentemente do que ocorreu nos halvings anteriores, desta vez existe ainda a expectativa que possa ocorrer uma combinação de eventos positivos que irão impactar a oferta e a demanda do Bicoin.
“Achamos que 2024 vai ser o ano do Bitcoin, por algumas razões. Existem várias forças, acreditamos que duas de demanda e duas de oferta, que vão se juntar favoravelmente para o preço do Bitcoin aproximadamente perto da mesma data, entre abril e julho”, afirma Pedro Lapenta, head de research da gestora Hashdex.
Além do próprio halving, Lapenta destaca que do lado da oferta também há uma questão envolvendo o volume baixo de negociação no mercado de criptomoedas neste momento. Esse cenário, combinado com a redução de novos BTCs, pode dar um empurrão a mais nos preços no momento de aumento da demanda.
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Do lado da demanda, o primeiro fator é macroeconômico, e envolve um possível início do corte de juros nos Estados Unidos a partir de abril ou maio de 2024. Essa questão é compartilhada por Cauê Mançanares, CEO da gestora Investo: “A redução das taxas de juros do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), uma vez que juros mais baixos tendem a incentivar empréstimos e gastos, podendo acarretar em inflação. Isso faz com que investidores busquem opções alternativas, como criptomoedas.”
Por fim, os especialistas ainda lembram da possibilidade de aprovação dos primeiros fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin à vista, que até podem ser aprovados ainda este ano, mas devem ficar para o início de 2024. Quando aprovados, esses produtos devem levar a uma entrada forte de capital no mercado cripto, principalmente do investidor institucional.
“Achamos que vai ter uma enxurrada de demanda com uma restrição considerável de oferta, o que é prato cheio para apreciação de preço bem relevante para o ano que vem”, conclui Lapenta.
Para onde vai o preço do Bitcoin?
Diante de todas essas avaliações, o que muitos investidores querem saber é para onde vai o preço do Bitcoin durante o halving. Apesar de não ser possível fazer previsões precisas, analistas e gestores consultados pelo Portal do Bitcoin apontaram alguns números.
“Quando olhamos para o passado, o halving é sim animador para quem investe neste ativo. No primeiro halving, por exemplo, o ativo chegou a registrar uma alta de mais de 10.000% em um ano. É nesses ciclos, inclusive, que a criptomoeda costuma renovar suas máximas históricas – vide os US$ 69 mil de 2021, ou então os US$ 20 mil de 2017”, relembra Beto Fernandes, analista de criptomoedas da Foxbit.
Ele reconhece que uma alta de 10.000% do Bitcoin é muito mais difícil hoje em dia, ainda que a expectativa seja de valorização.
Já Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, aponta que, historicamente, todos os ciclos de alta no mercado cripto aconteceram num espaço de tempo entre seis meses antes e de 12 a 18 meses após o halving, sendo o grosso do movimento principalmente após o evento.
Ele lembra que a cada novo ciclo de alta, o múltiplo de valorização do Bitcoin é menor, mas que ainda assim é possível que a criptomoeda engate uma forte alta.
“Se você pega o preço do último rali, em novembro de 2021, o Bitcoin bateu US$ 69 mil, mais ou menos 15 vezes acima do que estava no início de 2020. Provavelmente o Bitcoin não vai subir 15 vezes o que estiver no início de 2024, mas pode subir cinco vezes”, projeta o gestor.
“Baseado no preço que, por enquanto, foi a mínima desse ciclo, de mais ou menos US$ 16 mil, que é quando começou a subir de novo, cinco vezes esse preço, não acho impossível em algum momento, em 2024 ou 2025, o Bitcoin bater algo entre US$ 80 mil e US$ 100 mil”, avalia Fleury.
A projeção fica próxima da apontada por Panisset, da Transfero, que diz que o esperado é que o BTC alcance US$ 100 mil nos próximos dois anos, “o que representaria uma alta de quase 400% considerando o preço hoje”, conclui o analista.
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