Cerca de 30 pessoas estão na sede da empresa paraibana Braiscompany, em Campina Grande, nesta quinta-feira (12). O motivo do “acampamento” é o medo do prejuízo causado pelos atrasos nos pagamentos por parte da empresa a seus clientes.
O Portal do Bitcoin foi até o local e conversou com investidores que afirmaram estar revoltados com a falta de esclarecimento ou garantias por parte da empresa — acusada de pirâmide financeira por Tiago Reis, criador da Suno Research.
Por medo do calote ou represálias, nenhuma pessoa que conversou com a reportagem quis revelar a identidade. Muitas afirmaram: “Não vamos sair daqui até a empresa nos dar alguma garantia ou pagar o que nos deve”.
Marileide*, 46 anos, tem duas parcelas de pagamentos atrasadas acredita que a empresa pode não gostar das declarações. “A gente têm medo de falar, se expor na mídia e a empresa não gostar e ‘marcar’ a gente”, afirma.
O luxo da Braiscompany e o medo dos investidores
A sede da Braiscompany está à altura do discurso sobre os supostos lucros trazidos pela empresa. Localizada em um dos metros quadrados mais caros de Campina Grande, de frente para o cartão postal mais famoso da cidade, o Açude Velho, o prédio é revestido por vidro, mármore e porcelanato.
Trata-se de um luxo e elegância que destoam das feições tristes e decepcionadas dos clientes que nossa equipe encontrou por lá.
José*, 37 anos, está com a parcela do dia 10 atrasada e relata o temor de perder o que investiu:
“Não recuperei nem 40% do que investi e agora estou morrendo de medo. E se a empresa alegar falência? E se não me pagarem o que depositei? Estou aqui pra tentar ouvir alguma resposta que me tranquilize e principalmente que me paguem o combinado em contrato”.
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Quando questionado se ele pensa em quebrar o contrato e deixar a Braiscompany ele diz: “Não sei mesmo o que fazer, porque se eu quebrar o contrato eu perco além do que investi”.
Outro caso que encontramos nesta visita à Braiscompany é o de uma família que está tentando recuperar o investimento feito por um parente que faleceu no mês de dezembro. Segundo esses clientes, que também preferem não se identificar, a empresa alega que o falecido tinha uma relação estável e é essa pessoa que receberia parte do investimento.
A família, no entanto, desconhece o relacionamento e faz uma denúncia grave: a pessoa indicada pela empresa faz parte do quadro de funcionários.
“Estamos aqui para que eles nos expliquem este caso e trouxemos todos os documentos. Essa história de relacionamento estável é mentira e queremos saber de onde eles tiraram isso”, afirma a família.
Ao descobrirem que o Portal do Bitcoin estava fazendo a cobertura jornalística, a reportagem foi convidada a se retirar do local. Um funcionário que se identificou como Romero pediu para que a nossa equipe saísse da sede da Braiscompany, alegando que, juridicamente, o Portal não poderia estar ali coletando informações.
A reportagem foi acompanhada por seguranças até a saída do local, sem responder aos questionamentos sobre os pontos levantados pelos clientes.
*Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados
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