Para a Kaspersky, conhecida empresa de cibersegurança, as negociações e pagamentos de ameaças ransomware podem em breve depender menos do Bitcoin como meio de pagamento.
Conforme a empresa, essa transição se deve a melhorias na tecnologia que detecta o fluxo e as fontes do bitcoin, bem como ao aumento das sanções e da regulamentação do mercado.
A empresa acrescentou que os cibercriminosos vão começar a procurar por outras moedas digitais para facilitar seus pagamentos ilícitos.
Com o preço das criptomoedas em queda, os hackers terão menos ganhos e, portanto, buscarão outras formas de pagamento mais lucrativas”, disse ao Decrypt, Marc Rivero, pesquisador do setor de Pesquisa e Análise Global da Kaspersky:
“Outra razão é que as sanções aos pagamentos de ransomware continuam a ser emitidas. À medida que os mercados se tornam muito mais regulados e as tecnologias usadas para rastrear o fluxo e as fontes do Bitcoin melhoram, os cibercriminosos naturalmente se afastarão dessa forma de pagamento, pois isso os expõe muito mais e aumenta as chances de serem descobertos.”
As criptomoedas como elas são hoje representam uma grande parte do mundo do cibercrime, de acordo com uma investigação da Chainalysis. Os endereços de criptomoedas ligados a pagamentos de ransomware atraíram US$ 602 milhões em transferências em 2021, o que a empresa de investigação alegou ser provavelmente um montante subestimado.
As moedas digitais explicitamente construídas com a privacidade em mente, como Monero ou Zcash, já estão ganhando muita popularidade entre os cibercriminosos também.
Jason Rebholz, um CISO da companhia de seguros cibernéticos Corvus, disse ao TechTarget que alguns dos grupos de hackers mais importantes do mundo, como o Darkside, não só aceita Monero, mas oferece um pequeno desconto para pagamentos feitos através da criptomoeda que preserva a privacidade.
O Darkside estava envolvido no ataque de ransomware Colonial Pipeline, em 2021, que deixou grande parte dos EUA com acesso de gás interrompido.
Palco das criptomoedas privadas
Ao contrário do Bitcoin, moedas como o Monero têm diferenças fundamentais na sua tecnologia subjacente destinada a melhorar a privacidade.
Conforme o whitepaper da equipe de desenvolvimento principal do Monero, a criptomoeda procura remediar problemas de privacidade que afetam outros tokens “armazenando apenas endereços de uso único para recebimento de fundos na blockchain.
”Por outro lado, os endereços de recebimento de Bitcoin são visíveis na blockchain pública e permanecem os mesmos em várias transações, o que poderia ajudar qualquer pessoa que procure rastrear transações e padrões de pagamento”.
O Monero também usa uma tecnologia chamada “Ring Signature”, um método em que o originador de uma transação pode combinar sua assinatura com outras partes, tornando a verdadeira origem da transação mais difícil de rastrear.
Em 2020, um analista da Interpol chamado Jerek Jakubcek mostrou como ele “chegou ao fim da estrada” ao investigar um suspeito que usou o navegador de privacidade Tor e Monero.
“O que quer que tenha acontecido na blockchain do Bitcoin era visível, e é por isso que conseguimos chegar razoavelmente longe”, disse ele. “Mas com a Blockchain do Monero, esse foi o ponto em que a investigação terminou. É um exemplo clássico de um dos vários casos que tivemos em que o suspeito decidiu transferir fundos de Bitcoin ou Ethereum para Monero.“
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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