Se alguém rouba seu cartão de crédito ou sai às compras com seu cartão de débito, existe uma boa chance de a Visa ou seu banco reverterem as cobranças e te ajudar a desfazer o problema. Porém, para vítimas de fraude no setor de criptomoedas, a experiência é bem diferente.
“Se você perde suas criptos, é uma experiência humilhante e solitária. E a quantidade de pessoas que é enganada duas vezes é enorme”, disse Aidan Larkin, CEO da empresa de investigação Asset Reality, que alega que vítimas são enganadas pela segunda vez quando buscam ajuda para recuperar suas criptomoedas.
É por isso que a empresa de Larkin está se unindo à carteira cripto MetaMask para oferecer um novo serviço que facilita o processo de busca por socorro e também pode aumentar as chances de as vítimas obterem suas criptomoedas de volta.
Nesta quinta-feira (26), a MetaMask anunciou um plano de pôr vítimas de hack em contato com a Asset Reality. A empresa de investigação pode reunir vítimas e, em alguns casos, colocá-las em contato com advogados, serviços forenses e autoridades.
“Geralmente, vítimas de esquemas têm dificuldade em obter recursos e atenção suficiente das autoridades. A oferta da Asset Reality permite que diversas vítimas de uma operação fraudulenta unam forças e criem uma investigação forense maior contra uma operação fraudulenta”, afirmou a MetaMask.
“Irão tirar o fardo de usuários de criar uma investigação para cada operação fraudulenta.”
Frustração
Alex Herman, especialista em segurança da MetaMask, disse ao Decrypt que a parceria surgiu após Jacob Cantele, líder de operações da carteira, ficar frustrado com os existentes serviços de recuperação de criptomoedas, pois grande parte era “conceitual” ou esquemas.
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“Queríamos fornecer uma luz. A MetaMask está pagando por isso como um serviço estendido a nossos usuários. Iremos cobrir uma investigação de primeiro nível”, afirmou Herman, que acrescentou que a empresa já aumentou a quantidade de funcionários no serviço ao cliente para ajudar vítimas de fraude com o processo.
Na prática, a operação envolve uma nova seção no site da MetaMask que convida usuários a informarem como os fundos foram perdidos para hackers e apresentar detalhes sobre como o hack aconteceu. Por sua vez, a Asset Reality irá contatá-los e, em alguns casos, ajudá-los a tomar medidas para recuperar os fundos.
De acordo com Larkin, isso não irá apenas criar uma experiência mais empática para vítimas de hack, mas também fornecer dados valiosos para ajudar donos de criptomoedas a organizarem uma resposta a um hack específico.
Ele acrescenta que a Asset Reality irá usar os dados e, no caso de tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês), alertar mercados de que suas plataformas estão sendo usadas para movimentar fundos roubados.
Eficiência
Ainda resta saber quão eficaz será a ferramenta da MetaMask. Ladrões de criptomoedas — muitos deles vivem em nações, como Rússia ou Coreia do Norte — são adeptos a movimentar ativos roubados a carteiras que estão fora do alcance das autoridades. O processo de reunir uma série de pedidos de socorro aleatórios em uma investigação formal poderá ser um desafio.
Larkin conhece que a missão não é fácil, mas que deve ser uma grande melhoria às atuais tentativas de resposta de usuários a um hack cripto que, geralmente, envolve recorrer a lugares, como o Twitter, para pedir ajuda — onde provavelmente vão encontrar mais golpistas do que ajuda ou simpatia.
Ele acredita que a iniciativa da MetaMask pode ser o primeiro passo em direção à versão mais segura e amigável da Web 3 — uma em que a resposta a um hack financeiro seja mais parecida com a Visa do que com um faroeste.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.