O Comitê Especial do Senado dos Estados Unidos, por conta do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, intimou Nick Fuentes e Patrick Casey, dois membros da extrema-direita que supostamente receberam bitcoin (BTC) de um doador francês antes do ataque.
“O Comitê Especial busca por fatos sobre o planejamento, a coordenação e o financiamento de eventos que precederam o ataque violento à nossa democracia. Acreditamos que os indivíduos que intimamos hoje têm informações pertinentes a essas questões e esperamos que cooperem com o comitê”, afirmou Bennie Thompson, presidente do comitê.
“O comitê vai continuar pressionando para obter respostas para os cidadãos americanos e ajudar a garantir que nada como [o que aconteceu em] 6 de janeiro se repita”, acrescentou.
Fuentes e Casey são membros da extrema-direita que estavam presentes no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Sua afiliação com a extrema-direita está bem-documentada. Ambos os indivíduos repetidamente apoiaram alegações de que a vitória eleitoral do presidente Joe Biden não foi legítima e ambos “pedem pela destruição” do Partido Republicano.
Criptomoedas entram na batalha
Em 8 de dezembro de 2020, um francês agora falecido doou US$ 500 mil para 22 carteiras distintas e afiliadas com a extrema direita, incluindo Fuentes e Casey.
“Me importo com o que acontecerá após a minha morte. É por isso que decidi deixar minha modesta riqueza a certas causas e pessoas”, escreveu ele em uma carta de suicídio que data do dia 9 de dezembro de 2020.
A carta de intimação a Fuentes explicita a referência a essa doação.
“Menos de um mês antes do ataque ao Capitólio, você [Fuentes] alegadamente recebeu uma grande doação em bitcoin, equivalente a mais de US$ 250 mil, que o FBI está alegadamente examinando para avaliar se o dinheiro estava ligado ao ataque ao Capitólio ou usado para financiar atos ilegais”, afirma.
“O Comitê Especial busca por documentos relacionados a essas e outras questões que estão no escopo da investigação do Comitê Especial”, continuou.
O mesmo vale para a carta de intimação a Casey.
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“Você [Casey] alegadamente recebeu cerca de US$ 250 mil em bitcoin de um programador francês de computadores, fundos que o FBI está alegadamente examinando para avaliar se o dinheiro estava ligado ao ataque ao Capitólio”, afirma a carta.
De acordo com a Chainalysis, outros recebedores dos bitcoins incluíam a organização anti-imigração VDARE e o streamer da extrema-direita Ethan Ralph.
A paixão da extrema-direita pelo bitcoin
Essas duas intimações são os acontecimentos mais recentes na crescente dependência da extrema-direita no bitcoin como um meio de financiamento.
Em julho de 2021, o Grupo de Ação Financeira Internacional (ou FAFT-GAFI), um supervisor global antilavagem de dinheiro, publicou um relatório que documentava a infinidade de grupos e indivíduos da extrema-direita que recorrem ao bitcoin.
Estão incluídos grupos como o belga Schild & Vrienden e o Nordfront (ou “Movimento de Resistência Nórdico”). Brenton Tarrant, que assassinou 51 pessoas e feriu 40 no tiroteio à mesquita de Christchurch em 2019, também foi mencionado no relatório.
Em setembro, descobriu-se que Andrew Anglin, fundador do site neonazista The Daily Stormer, recebeu cerca de US$ 5 milhões em bitcoin desde janeiro de 2017.
O bitcoin se tornou um importante salva-vidas econômico para Anglin, pois ele creditou a criptomoeda no financiamento do The Daily Stormer por quatro anos.
Outros exemplos de financiamento com bitcoin à extrema-direita incluem Jaz Searby, um ex-líder do grupo Proud Boys (ou “Caras Orgulhosos”). Searby solicitou doações em bitcoin para espalhar sua mensagem a “uma geração de jovens arianos”.
Antes do Natal, Ron Watkins (que muitos acreditam ser o “Q” por trás do movimento QAnon) solicitou bitcoin para ajudar sua falha corrida eleitoral ao Congresso.
“Tivemos alguns desafios por conta da cultura do cancelamento ao criarmos um financiamento tradicional, então criei uma solução inovadora que utiliza o bitcoin para arrecadação”, disse.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.