O white paper do Bitcoin debuta nesta terça-feira (31): são 15 anos desde que Satoshi Nakamoto enviou para um mailing de cyberpunks o documento no qual explica de forma sucinta como funciona sua ideia para um dinheiro eletrônico descentralizado que tem o objetivo de ser utilizado de forma direta entre as pessoas.
O documento enviado naquele 31 de outubro de 2009 é revolucionário e foi a base para a criação de um mercado que vale hoje mais de um trilhão de dólares. O sistema de validação por consenso entre os participantes da rede, com uso de força computacional como prova de trabalho para garantir a sua segurança, mostrou-se o modelo possível para um dinheiro eletrônico.
Antes disso, já haviam sido feitas diversas tentativas de sistemas de dinheiro eletrônico que sempre barravam em algum empecilho. Resolver a questão de gasto duplo e eliminar a necessidade de uma entidade centralizada para evitar fraudes se mostraram problemas especialmente difíceis.
Nas comemorações de 2022 do aniversário do white paper, o Portal do Bitcoin publicou um especial que mostra 14 curiosidades sobre o histórico documento.
Alguns exemplos: o termo “bitcoin” aparece só duas vezes e ambas no título, o termo “blockchain” não aparece nenhuma vez e oito trabalhos são citados como fontes (entre eles, experimentos de dinheiro digital parecidos do passado, como o B-money de Wei Dei e Hashcash de Adam Back).
Uma contribuição visionária para o mundo
Para 2023, o Portal do Bitcoin conversou com executivos e empresas do setor para saber como veem a importância da obra prima de Satoshi Nakamoto 15 anos depois de sua revelação para o mundo.
Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin (MB), ressalta que o paper, com suas singelas nove páginas, não apenas estabeleceu os alicerces para uma indústria que hoje vale mais de um trilhão de dólares, mas também abriu caminho para que mentes inovadoras em todo o mundo desenvolvessem e expandissem o universo das criptomoedas.
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“O documento, elegante e conciso, permitiu a emergência de negócios transformadores, que possibilitaram acelerar a adoção do Bitcoin e também fizeram nascer conceitos inovadores, como a tokenização (para terror dos maximalistas). Nosso reconhecimento e admiração eternos a Satoshi Nakamoto por sua contribuição visionária”, afirma Tota.
Sebastian Serrano, CEO e cofundador da Ripio, afirma que a ideia foi tão inovadora e revolucionária que chamou sua atenção a ponto de fundar a corretora em 2013.
“Hoje, 15 anos depois da publicação do white paper do Bitcoin, o mercado de criptoativos está consolidado. Ressalto que o Bitcoin (BTC) e outros criptoativos são opções valiosas de investimentos financeiros pois possibilitam uma maior liberdade na hora de transacionar e dispensam intermediários na relação entre o investidor e o ativo digital, além da segurança e a da rastreabilidade das operações garantidas 24 horas por dia, sete dias por semana, graças à tecnologia blockchain”, diz Serrano.
A corretora Bitso divulgou uma nota para a imprensa também celebrando os 15 anos do white paper:
“Em apenas 15 anos você nos fez ver que há uma nova forma de usar dinheiro, e que agora podemos saber tudo que transitou pelo seu código e ficar mais próximo das finanças do futuro. É por esse motivo que você tem curso legal em alguns países e é aceito em negócios tanto digitais quanto físicos. Você cresceu muito desde então e sabemos que continuaremos crescendo ao seu lado.”
Luiz Parreira, CEO e fundador da Bipa, lembra o contexto da crise financeira de 2008 no qual o Bitcoin surgiu: “Em um mundo onde bancos estavam imprimindo dinheiro desenfreadamente, o white paper do Bitcoin representou uma alternativa sólida e limitada.”
Além disso, Parreira aponta que “a combinação do sistema peer-to-peer, fornecimento limitado e do halving torna o Bitcoin não apenas um ativo digital, mas também um ativo com propriedades únicas de preservação de valor. Isso o diferencia das moedas fiduciárias que podem ser sujeitas à depreciação ao longo do tempo”, explica.
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