O cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, publicou um artigo no domingo (23) que discute até onde é possível forçar a escalabilidade de uma blockchain sem perder a característica principal da tecnologia: a descentralização.
A publicação questiona principalmente uma afirmação de Elon Musk de 15 de maio que dizia que tudo que a Dogecoin precisava fazer era “acelerar o tempo de bloco em 10x, aumentar o tamanho do bloco em 10x e reduzir a taxa em 100x” para se tornar uma rede dominante, superior ao bitcoin.
Para Vitalik, no entanto, “vai dar trabalho fazer isso sem sacrificar a descentralização que torna as blockchains tão valiosas”. Ele diz que as propostas de Musk não são tão simples quanto parece, por conta de fatores técnicos sutis mas cruciais para a sua segurança de uma projeto.
Na opinião do desenvolvedor, a única forma de uma rede ser verdadeiramente segura é maximizar o número de usuários que podem executar um nó. A ideia de escalabilidade de Musk, no entanto, faz aumentar os requisitos de hardware para os validadores.
Aumentar em 10x o tempo e o tamanho de um bloco, por exemplo, exigiria uma largura de banda, armazenamento e potência computacional que um usuário comum não conseguiria atingir para executar um nó na blockchain.
Desse modo, a escalabilidade forçada tornaria a atividade viável apenas para atores especializados, o que para Vitalik, “não é uma solução”. “Para que uma blockchain seja descentralizada, é crucial que os usuários regulares sejam capazes de executar um nó e ter uma cultura em que executar nós seja uma atividade comum”, escreveu.
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Nesta manhã de segunda-feira (24), Elon Musk satirizou a postagem de Vitalik no Twitter, dizendo que o desenvolvedor teme o avanço da Dogecoin.
O bilionário não detalhou até o momento como pretende melhorar a eficiência da criptomoeda meme, mas afirmou que trabalha com os desenvolvedores do projeto desde 2019.
Ethereum como exemplo
Vitalik Buterin usa o seu próprio projeto para exemplificar os desafios da escalabilidade. O Ethereum conta com uma solução chamada sharding, ou fragmentação de blocos, que separa os dados da blockchain inteira daqueles que um único nó precisa processar e armazenar. De forma geral, a fragmentação torna mais fácil para um participante comum validar as transações.
Mas mesmo no caso do Ethereum, “o design de fragmentação já está bastante próximo dos valores máximos para uma segurança razoável”, ele explicou. “As constantes podem ser aumentadas um pouco, mas não muito”.
Os mineradores de Ethereum, por exemplo, só conseguiram aumentar o limite de gas da rede em abril depois que o projeto passou pela atualização Berlin que melhorou a segurança do ecossistema.
No entanto, o aumento foi baixo já que uma restrição existe justamente para manter a rede segura, uma vez que blocos muito grandes aumentam as vulnerabilidades da blockchain.