A tokenização de ativos já deixou de ser uma curiosidade tecnológica para se tornar parte da engrenagem do mercado financeiro.
Ela está mudando não só o formato dos investimentos, mas também a lógica de funcionamento das ofertas, a forma como os investidores se relacionam com os ativos e o papel dos reguladores nesse novo ecossistema.
Se antes tudo passava por estruturas engessadas e processos manuais, hoje estamos vendo o surgimento de uma infraestrutura digital que redefine responsabilidades, amplia o acesso e traz novas dinâmicas de governança.
Para quem emite: eficiência com mais controle
As empresas que buscam captar recursos agora têm à disposição uma alternativa mais ágil, com menor custo operacional e mais previsibilidade.
A tokenização permite estruturar operações com regras claras e automáticas, registradas diretamente em blockchain. Isso significa que exigências como prazos, restrições de negociação ou obrigações de pagamento são executadas por contratos inteligentes, sem necessidade de intermediários validando cada etapa.
Esse modelo também permite que emissores se comuniquem melhor com seus investidores, oferecendo mais transparência e acesso direto a informações relevantes. O resultado é um processo de captação mais fluido, mas sem abrir mão da segurança e da rastreabilidade exigidas pelo mercado.
Para quem investe: mais acesso e autonomia
O investidor, por sua vez, ganha um novo nível de clareza e controle.
Ao acessar tokens lastreados em ativos reais, ele passa a investir com informações mais padronizadas, regras visíveis e a possibilidade de acompanhar o desempenho do ativo de forma quase instantânea.
Em vez de confiar apenas em relatórios periódicos ou na intermediação de instituições, o investidor pode checar dados diretamente na plataforma ou na blockchain.
Além disso, a tokenização viabiliza o fracionamento de ativos que antes estavam restritos a grandes aportes.
Leia Também
Isso amplia o público potencial e democratiza o acesso a classes de investimento como recebíveis, imóveis e títulos de dívida privada.
Para quem regula: o desafio de acompanhar a inovação
Para os reguladores, o avanço da tokenização traz a necessidade de desenvolver um novo olhar sobre o mercado. A tecnologia permite mais transparência e controle em tempo real, mas também exige adaptações nas normas existentes para garantir segurança jurídica sem travar a inovação.
Felizmente, o Brasil tem mostrado disposição para esse diálogo. A CVM, por exemplo, vem reformando a Resolução 88 e se posicionando de forma construtiva sobre tokens de ativos reais.
O Banco Central e a Receita Federal também avançaram com consultas públicas e normas que sinalizam uma nova era regulatória, mais próxima do que o mercado precisa para evoluir com responsabilidade.
Um ecossistema em transformação
A tokenização não é apenas sobre tecnologia: é sobre redesenhar papéis. Empresas se tornam mais protagonistas das suas captações. Investidores ganham mais autonomia e poder de decisão. Reguladores passam de fiscalizadores reativos a arquitetos de um novo mercado.
Estamos assistindo à formação de um ecossistema mais transparente, acessível e eficiente.
Se você ainda está observando de fora, talvez esse seja o momento de entender o que muda para você nessa nova fase. A tokenização já é realidade, e os papéis no mercado estão sendo reescritos.
Me conta lá no LinkedIn @DanielCoquieri como você enxerga essa transformação. Vamos seguir com essa conversa.
Sobre o autor
Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das primeiras corretoras de criptomoedas do Brasil.