Tether lucra US$ 1 bilhão no 2º trimestre e garante ter US$ 3,3 bilhões em reservas excedentes

Resultado da Tether no trimestre representa uma queda de 32%, mas reservas aumentaram em 6%
Moedas da stablecoin Tether à frente de um gráfico do mercado financeiro ascendente

Shutterstock

A empresa Tether Holdings registrou US$ 1 bilhão em lucro operacional no segundo trimestre de 2023 e afirma possuir US$ 3,3 bilhões a mais do mínimo necessário para suas reservas em dólar norte-americano (USD). Trata-se da controladora da maior stablecoin pareada ao dólar do mercado cripto, o TetherUSD (USDT).

A empresa já havia reportado lucro de US$ 1,48 bilhão no primeiro trimestre do ano, apresentando uma queda de 32% nos resultados operacionais. Na ocasião, Tether afirmava possuir US$ 81,8 bilhões em ativos consolidados.

Publicidade

No relatório de resultados do segundo trimestre, a controladora afirma ter US$ 86,5 bilhões em ativos consolidados, representando um aumento de quase US$ 5 bilhões (6%) em suas reservas, sobre o período anterior.

Destes mais de US$ 86 bilhões, US$ 3,3 bilhões são considerados reservas excedentes. “Além dos 100% de reservas necessárias para respaldar os tokens emitidos, tem US$ 3,3 bilhões a mais. Isso representa quase 4% de valor adicional sobre as reservas mínimas de 100%”, explica Paolo Ardoino, CTO da Tether Holdings.

Para cada um USDT em circulação, é exigido que a Tether mantenha, pelo menos, um USD em ativos reservados. Isso garante o resgate líquido de seus investidores.

“Embora essas reservas em excesso façam parte do próprio patrimônio líquido da Tether e normalmente uma empresa as distribua como dividendos”, disse Ardoino. “A Tether prefere manter uma grande parte desses lucros sobre as reservas para tornar seus produtos de stablecoins ainda mais resilientes.”

Publicidade

“Enquanto muitos bancos falharam com seus clientes recentemente, com má gestão de risco, produtos com maturidade de longo prazo e extensa reserva fracionária, a Tether acredita que seu principal papel, como líder na indústria de stablecoin, é atuar como um contrapeso, garantindo mais proteção a seus mercados globais e sua base de usuários, evitando esses erros.”

https://twitter.com/paoloardoino/status/1685993811774738432

O CTO da Tether também reporta que de todas suas reservas, US$ 72,5 bilhões estão alocados em títulos do tesouro norte-americano. Isso coloca a Tether acima dos Emirados Árabes Unidos no ranking dos maiores detentores de títulos de dívida dos EUA (com base neste gráfico).

USDT é a maior stablecoin em capitalização e volume de mercado, segundo o CoinMarketCap. A moeda também é muito popular no Brasil, apresentando crescimento de uso e liquidez, mesmo em momentos ruins para o restante do mercado.

Outros investimentos da Tether (USDT)

Em maio de 2023, a Tether também anunciou que destinaria 15% de todo seu lucro líquido para compras recorrentes de Bitcoin. O que equivale a US$ 150 milhões sobre os resultados deste segundo trimestre.

Segundo anunciado, a empresa deve direcionar a porcentagem de 15% do lucro líquido para aquisição de Bitcoin, que eles consideram “uma ótima opção de investimento com um histórico de retornos impressionantes na última década”. A Tether fará a autocustódia destes investimentos, com a intenção de segurar para o longo prazo.

Publicidade

Também em maio, a controladora do USDT comunicou sua entrada no mercado de produção de energia e mineração de Bitcoin (BTC), investindo em energia renovável no Uruguai. E, alguns dias depois, comunicou um investimento semelhante em empresa de mineração em El Salvador.

Documentos liberados em 16 de junho pelo Procurador-Geral de Nova York para a agência de notícias Bloomberg mostram que as reservas da USDT já tiveram títulos financeiros emitidos por empresas chinesas como garantidores de lastro.

As informações são um retrato de como eram os lastros da Tether em 31 de março de 2021. Durante a crise envolvendo o grupo chinês Evergrande, a Tether havia negado estar exposta ao conglomerado, mas se recusou a esclarecer se possuía exposição a outras companhias na China.