“Há apenas uma maneira de impedir ataques cada vez mais destrutivos de ransomware: banir as criptomoedas”. A frase é do jornalista americano Jacob Silverman em um artigo publicado na quarta-feira (02) no site da centenária revista americana The New Republic. No texto, o autor expõe sua tese de que os recentes ataques de hackers evoluíram por conta do novo mercado de ativos que, segundo ele, facilita a extorsão de empresas.
Silverman começa com um exemplo simples — de como são os ataques ransomware hoje e como eles seriam há uma ou duas décadas atrás. Vale lembrar que ataques ransomwares são ações maliciosas com um vírus que infecta e sequestra redes de computadores para roubar dados.
“Uma ou duas décadas atrás, você pode ter invadido sistemas, roubado alguns dados e vendido por centavos na dark web ou exigido dinheiro para sua devolução. Mas como será pago? Nenhum banco aceitaria tal transferência eletrônica”, exemplificou Silverman, acrescentando que a parte principal do plano, que é conseguir dinheiro, é a mais difícil de se executar.
Ataques ransomware
O autor citou os dois últimos casos recentes de sequestro de sistema que mexeram inclusive com a inteligência da Casa Branca — o ataque à Colonial Pipeline, operadora de dutos de combustíveis dos EUA; e o mais recente, à JBS, conforme divulgou o The New York Times na última terça-feira.
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Para reforçar sua tese, Silverman citou também a série de tweets feita por um engenheiro de software, o inglês Stephen Diehl, e que se resume que as criptomoedas são a forma perfeita para se cometer tais crimes. “Nunca foi tão fácil hackear uma empresa, ser pago por isso, e escapar impune”, disse.
Criptomoedas e dólar
Silverman também fez uma comparação entre o dólar e as criptomoedas no que tange atividades ilícitas, dando maior credibilidade à moeda americana. “O que se ouve dos defensores das criptomoedas é que a moeda fiduciária, como o dólar, é usada para o crime e a corrupção o tempo todo. Isso sem dúvida é verdade, mas também é uma pista falsa: o principal uso prático da criptomoeda, pode-se argumentar, é facilitar o crime e as transações financeiras não registradas”, explicou o autor.
Segundo ele, o dólar é imperfeito, mas tem uso generalizado, relativa estabilidade, uma estrutura regulatória robusta e a segurança do governo federal. “Um arranjo muito melhor do que negociar em uma obscura bolsa de criptomoeda”, escreveu Silverman, criticando em seguida o uso excessivo de eletricidade na mineração, além de sua “ineficiência” como forma de pagamento e as grandes oscilações de preço.
“Nós tivemos mais de uma década de criptomoedas e suas principais inovações parecem ser novas formas de desperdiçar recursos naturais e extorquir pessoas inocentes por dinheiro”, concluiu o autor, que não hesitou em declarar que é a favor de várias medidas dos governos contra o setor cripto, como, por exemplo, interromper o fluxo de dinheiro fiduciário para exchanges ou torná-las ilegais.