As reservas de ouro da Rússia ultrapassaram as de dólares pela primeira vez, segundo análise do Bloomberg sobre o relatório do Banco Central da Rússia publicado na segunda-feira (11). Agora, o país possui 23% das reservas no metal precioso e 22% na moeda americana, ante aos 40% registrados em 2018.
A redução das reservas em dólar da Rússia, contudo, não foi acidental. Foi uma política de ‘desdolarização’ intencional delineada pelo presidente Vladimir Putin. De acordo com o jornal, o líder russo criou ações para diminuir a exposição do país aos Estados Unidos e protegê-lo da ameaça de sanções — “Uma política fundamental”, escreveu o Bloomberg,
O jornal acrescentou ainda que além do ouro, o Banco Central da Rússia possui cerca de um terço do total de ativos em euro e aproximadamente 12% em yuan, a moeda chinesa. São US$ 583 bilhões em reservas internacionais.
Segundo o jornal, a Rússia gastou mais de US$ 40 bilhões construindo um ‘baú de ouro’ nos últimos cinco anos, tornando-se o maior comprador mundial. Só entre junho de 2019 e junho de 2020, disse a publicação, foram comprados US$ 4,3 bilhões em ouro.
Logo depois, a instituição parou de comprar o metal precioso a fim encorajar mineradores e bancos a exportar mais e trazer moeda estrangeira para a Rússia, por conta do preço do petróleo que despencou na época, escreveu o Bloomberg.
Mais ouro na Rússia e Desdolarização
O Schiffgold.com, site da empresa do ramo de ouro comandada por Peter Schiff, comentou o assunto e relembrou que foi em fevereiro de 2018 que a Rússia ultrapassou a China e se tornou o quinto maior detentor de ouro do mundo.
Enquanto isso, escreveu, o banco central russo estava se desfazendo agressivamente dos títulos do Tesouro dos EUA — a desdolarização. A fim de diminuir a exposição ao dólar, a Rússia então vendeu quase metade de sua dívida nos EUA.
Citando que a China também tem planos em cada vez mais de se desvencilhar do dólar americano, o site disse que essas ações isoladas não são significativas. Porém, há um risco ao dólar se essa tendência se espalhar por outros países, concluiu.