Após vários dias de notícias conflitantes, finalmente foi confirmado nesta quarta-feira (27) que a República Centro-Africana – um dos países mais pobres do mundo – se tornou a segunda nação global a tornar o Bitcoin uma moeda de curso legal, menos de um ano após a adoção da criptomoeda em El Salvador.
Foi necessária a divulgação de uma comunicado de imprensa do presidente Faustin Archange Touadera confirmando a adoção da criptmoeda no país para esclarecer a situação, segundo reportagens publicadas pela agência France Presse e sites especializados como o Coindesk. A revista Bitcoin Magazine teve acesso a uma cópia da comunicação presidencial.
A confusão começou no final da semana passada, quando parlamentares do país aprovaram uma lei que cria uma estrutura para regular o setor cripto e um órgão para supervisionar as operações.
De acordo com a agência Bloomberg, que falou com o ministro das Finanças Herve Ndoba, a legislação que está sendo implementada visa facilitar o uso de criptomoedas na economia centro-africana, o que para o ministro significa estar um passo à frente de muitas economias.
“É comum a narrativa de que os países da África Subsaariana estão sempre um passo atrás quando se trata de se adaptar a novas tecnologias. Desta vez, podemos realmente dizer que nosso país está um passo à frente”, disse Ndoba ao Bloomberg.
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No entanto, durante a entrevista, o ministro havia afirmado que a iniciativa não era uma tentativa de seguir o exemplo de El Salvador, relembrando que em setembro do ano passado o país governado pelo millennial Nayib Bukele adotou o Bitcoin como moeda de curso legal.
Isso gerou dúvida se o projeto africano abrangeria ou não a adoção do Bitcoin. Uma suposta cópia do projeto de lei começou a circular nas redes sociais, aumentando a confusão. Foi necessária a divulgação do comunicado presidencial para esclarecer que o projeto previa sim a medida.
O CEO da Binance, Changpeng Zhao (CZ), chegou a comemorar a novidade no domingo (24) em um tuíte.
A República Centro-Africana, apesar de possui reservas de ouro e diamantes, ainda é um dos cinco países mais pobres do mundo, segundos rankings de renda per capita e de qualidade de vida. Pouco mais de 10% da população, de 5 milhões de habitantes, possuem acesso à internet.
O país está emergindo de conflitos violentos e de uma crise política que aconteceram antes das eleições presidenciais de dezembro de 2020. Os conflitos causaram um severo impacto na economia e prejudicaram as relações com seus parceiros internacionais.