O mais complexo do Bitcoin não são os aspectos técnicos como a mineração de novas moedas, a validação de blocos e o funcionamento de carteiras cold wallet. O desafio maior está em conceitos bem mais tangíveis, como inflação e deflação, meio-ambiente e valor intrínseco.
A análise é de Breno Brito, autor do livro “101 Perguntas sobre Bitcoin”, que será lançado nesta quarta-feira (21) pela Editora Portal do Bitcoin em Brasília, na Livraria da Travessa às 19 horas (CASAPARK – SGCV/Sul Lote 22 – 4A, Guará, Brasília, DF).
O autor contou em entrevista ao Portal do Bitcoin os maiores desafios de escrever o livro, que ele aponta como “as vacas sagradas”: conceitos amplos e bem difundidos na sociedade que o escritor entende como errados. “Nesse gastei mais tempo e mais páginas. A parte técnica você descreve como a carteira funciona e acabou. É complexo, mas é apenas isso. Nas vacas sagradas leva um bom tanto de desconstrução de conceitos”, afirma.
Brito se classifica como maximalista e afirma que o máximo que outras criptomoedas podem fornecer é um ambiente de testes e um termômetro para saber quais tecnologias tem tração e demanda. “De resto, sobra o jogo especulativo”.
Segundo o autor, a obra foi pensada para pessoas que ou não sabem nada ou estão no começo da jornada do Bitcoin. Porém, ele alerta: “Trago muitas curiosidades, todas com fontes. Quem já conhece bem Bitcoin vai se divertir lendo o livro”.
Breno Brito, autor do livro, é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília. Atualmente, trabalha como especialista na fusão entre Bitcoin e Inteligência Artificial, com modelos de linguagem de conhecimento geral, técnico e de código. Em sua trajetória profissional, atuou como cientista de dados sênior no Mercado Bitcoin.
Leia abaixo a entrevista com Breno Brito:
Para qual tipo de público o livro se destina: os já iniciados no Bitcoin ou pessoas que tem já boa ideia dos conceitos?
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Escrevi para pessoas que são como eu era em 2013: conhece sobre Bitcoin, sabe que existe, mas quer saber mais e fica perdido com tantas fontes de informação. Busquei ser abrangente, abordar economia, aspectos sociais e técnicos. Por isso que começo o livro explicando o problema que o Bitcoin vai resolver, para que o Bitcoin está aqui, por que o Bitcoin importa e por que a gente precisa do Bitcoin. Para depois começar a trazer um pouco de história, aspectos técnicos, aspectos econômicos. Bitcoin é um assunto cheio de mitos, então quero ajudar a pessoa que está saindo do zero ou perto disso a chegar a um nível que se sinta confortável para poder conversar com os colegas de trabalho, para poder pesquisar na internet e sem ficar com medo de ser vítima de golpe.
Porém, trago também várias curiosidades, todas com fontes. Então é algo que mesmo uma pessoa que já entende e já conhece o Bitcoin, provavelmente vai se divertir bastante lendo esse livro.
Qual o conceito mais complexo de explicar sobre o Bitcoin?
Olha, não dá para elencar um, são vários. Por exemplo, é muito difícil a gente entender algo que não é linear. Se algo sobe de um para dois, depois para três, a pessoa entende fácil. Agora, algo que sai desse padrão e vai para o exponencial: de um para dez, depois 100 mil e vai para 1 milhão. Isso é uma coisa que é muito difícil para o nosso cérebro entender. É muito difícil traduzir isso de maneira curta e didática.
Quais mitos sobre o Bitcoin você tenta esclarecer com mais afinco?
A questão do valor intrínseco, pois muitas pessoas dizem que o Bitcoin não tem valor intrínseco. Mas a sociedade já usa a teoria do valor subjetivo pelo menos há dois séculos. A questão da inflação: a maioria dos economistas dizem que uma inflação de 2% ao ano é boa e qualquer deflação é um perigo. O suposto dano ambiental que o Bitcoin produz, que é apenas uma narrativa para atacar o Bitcoin. Cada um desses temas, que são meio que vacas sagradas da atualidade, eu tenho que ir desmontando com mais cuidado.
Diferente de, por exemplo, um tema técnico que também é difícil, mas eu posso falar: “A carteira funciona desse jeito” e pronto, acabou. É muito mais descritivo enquanto nesses outros temas, nas vacas sagradas, tem que ir desconstruindo aos poucos com muito mais cuidado e ter um pouco mais de trabalho, cada um ficando um texto mais extenso.
Você é maximalista ou vê valor em outras criptomoedas?
Sim, sou maximalista. O Bitcoin é feito para resistir a grandes ataques de estados nações. Essa é a dor que o Bitcoin está resolvendo. Qual é o problema que essas outras criptomoedas estão de fato tentando resolver? Para elas, o que sobra é um jogo especulativo.
Outras redes podem ter algum valor como ambientes de teste. Se a tecnologia tem tração e demanda, chegará um momento de levar para um sistema melhor e mais seguro que é o Bitcoin.
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