Imagem da matéria: Por que as pessoas estão se distanciando cada vez mais dos Bored Apes? | Opinião
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Ficou sabendo? Tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) morreram – de novo. “O interesse em NFTs e no metaverso está caindo rapidamente”, noticiou a Forbes, citando recentes tendências de pesquisa no Google.

Em setembro, o Cointelegraph havia dito que o mercado NFT “morreu” e, antes disso, em junho, diversos sites haviam declarado NFTs como mortos. Mas ainda estão aqui, vivinhos da silva.

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E tudo isso foi antes de ApeCoin (APE), o token ERC-20 lançado na semana passada como a mais nova recompensa financeira para membros do Bored Ape Yacht Club (ou BAYC).

O token possui o logo dos Bored Apes e donos de um NFT da coleção Bored Apes ou Mutant Apes poderiam resgatar dezenas de APEs gratuitos. Yuga Labs, criador do BAYC, afirmou que irá “adotar a ApeCoin como o principal token para todos os novos produtos e serviços”.

Ainda assim, a equipe de relações públicas do token teve muito trabalho em dizer que o ApeCoin foi lançado pela ApeCoin DAO, e não pelo Yuga Labs ou o BAYC, além de alertar: “Talvez seja tentador afirmar que ApeCoin é do Bored Ape Yacht Club para simplificar as coisas, mas isso não está correto”.

É mais um “teatrinho de descentralização” mas, para membros do Bored Ape Yacht Club, é uma maravilha.

Os benefícios de Bored Apes continuam aumentando: vendas de produtos exclusivos, “airdrops” (ou distribuições gratuitas) de um “soro” que cria outro NFT instantaneamente valioso, acesso a salas de bate-papo e eventos presenciais e, agora, ApeCoins gratuitos, que já possuem uma capitalização de mercado de US$ 2,7 bilhões quatro dias após terem sido lançados.

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Mais benefícios vem por aí: no fim da sexta-feira (18), Yuga Labs publicou a prévia de 90 segundos de uma animação sobre Otherside, um ambiente virtual (provavelmente um jogo) que mostra NFTs Bored Apes, Mutant Apes, CryptoPunks, Cool Cats, Meebits, Nouns, CrypToads e World of Women juntos em um só espaço.

Tudo isso poderá fazer com que o preço desses NFTs suba ainda mais. Não importa se alguém vai querer jogar tal jogo ou estar em no ambiente: para holders dos NFTs, os números sobem.

Mas tudo isso é meio constrangedor, não é?

Há um limite de tempo para tentar explicar para céticos a NFTs que não são apenas um símbolo de status para os ricaços da internet, e que NFTs funcionam como acessos de membros a uma comunidade on-line.

Para muitas pessoas, essa explicação deixa a desejar quando veem manchetes de que Justin Bieber pagou US$ 1,3 milhão por um JPEG de um primata chorando.

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Também veem um clipe “cringe” de Jimmy Fallon ou Paris Hilton segurando cartazes de papelão com seus primatas e sugerindo que seus personagens seriam amigos.

Segundo Muneeb Ali, fundador do Stacks e grande defensor dos NFTs, em uma participação recente ao podcast “gm” do Decrypt: “Se você quer exemplos escolhidos a dedo que parecem realmente idiotas quando impressos, você diria: ‘Ei, esse cara comprou um macaco por US$ 300 mil – uma imagem de um macaco. Eu conseguiria salvá-la no meu desktop’”.

Daniel Roberts e Jeff-John Roberts, do Decrypt, acreditam que NFTs são fascinantes e terão diversos casos de uso, incluindo usos que não podem ser previstos.

Mas também culpam Bored Apes por grande parte do ódio por NFTs que existe por aí, além de não culparem as pessoas que olham para os Bored Apes e concluem que NFTs são idiotas.

Essas pessoas não estão lendo sobre a Art Blocks e o auge da arte generativa, Axies que funcionam como peças de jogo em um próspero mundo digital, artigos vendidos como NFTs no Mirror ou músicas como NFTs no Royal.

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Veem o desenho de um primata com a língua para fora que supostamente vale US$ 1 milhão e reviram os olhos. Quando os Roberts assistiram o vídeo dos Bored Apes no espaço, também o acharam “cringe”.

Kate Irwin, do Decrypt, tuitou: “Apes estão para a comunidade NFT o que gatos eram para os egípcios”.

Acredito que o que vem a seguir é uma divisão mais evidente entre diferentes campos do setor cripto.

Exceto por maximalistas de bitcoin, agora tudo o que acontece em cripto cai sob o seguinte escopo: investimento em moedas, coleção de NFTs, DAOs, aplicações movidas por blockchain e imóveis no metaverso.

Conforme o setor de NFTs fica cada vez maior, mais barulhento e impossível de ignorar, as pessoas ficaram e vão ficar ainda menos interessadas por NFTs.

Esse grupo pode se expandir para incluir pessoas que já conhecem cripto e acreditam na tecnologia, mas não querem ter nada a ver com o universo dos primatas em desenho.

*Artigo por Daniel Roberts e Jeff John Roberts, editor-chefe e editor-executivo, respectivamente, do Decrypt.

**Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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