Criador da FX Trading, Philip Wood Han é alvo de uma operação da Polícia Civil de São Paulo nesta terça-feira (23). Foram autorizados pela Justiça pedidos de busca e apreensão em sua casa em um condomínio de luxo na cidade de Santana do Parnaíba (SP) e a investigação tem também como alvo Carla Moreia Han, esposa do suspeito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo o inquérito policial, o casal Han é suspeito de criar pirâmides financeiras e promover lavagem de dinheiro por meio das diversas empresas que abriu ao longo dos últimos anos.
Uma delas foi a FX Trading, que ficou famosa entre grupos de investidores alguns anos atrás. A empresa prometia retornos de 10% mensais, tendo como chamariz o Bitcoin: Han afirmava que o lucro vinha de operações com derivativos envolvendo a criptomoeda e também a arbitragem entre corretoras (comprar em uma exchange por um preço menos e vender para outra por preço maior).
Ao todo, Han criou seis empresas de marketing de multinível: WCM777, Mr. Link, ifreex, FX Trading, F2 Trading e My Hash.
Reportagem da Folha de S. Paulo repercutida pelo Portal do Bitcoin em maio de 2020 mostrava que existiam três inquéritos distintos contra Han. O volume poderia chegar a R$ 1 bilhão. Na época, o promotor de justiça Renato Davanso, disse que se tratava “de um exemplo típico de estelionato mais sofisticado”.
Segundo a reportagem, uma das vítimas, o juiz aposentado Messias Cocca, de 81 anos, perdeu, juntamente com o filho, mais de R$ 900 mil. O magistrado assumiu que foi ludibriado por esta organização criminosa de nível mundial e que por pouco não investiu R$ 2 milhões, disse a reportagem, que teve acesso ao histórico de um boletim de ocorrência registrado no ano passado.
Ascensão de Philip Han
Uma reportagem especial do Estadão publicada em 2019 relatava que Philip Han vivia uma vida de luxo e era suspeito de ter coordenado um dos maiores casos de pirâmide financeira do país. O suspeito persuadia seus investidores adornado com um medalhão de ouro 24 quilates no pescoço com o símbolo de um bitcoin.
A vida de luxo do líder da FX Trading, foi construída com patrimônio erguido graças às suas empreitadas de sucesso no marketing multinível, segundo investigadores da Polícia Federal e representantes da Procuradoria da Fazenda.
O brasileiro filho de sul-coreanos construiu, então, seu império graças a uma promessa “milagrosa” de multiplicação de dividendos, diz a reportagem.
‘Quem não conseguir US$ 50 mil por dia é um fracassado’, disse o empresário a sua equipe durante um jantar, antes de um evento no Credicard Hall, em São Paulo, que reuniu 7.000 pessoas em maio deste ano.
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FX Trading no Brasil
Em 2019, a FX Trading Corporation foi proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de atuar no mercado brasileiro sob pena de multa diária no valor de R$ 1 mil.
De acordo com o Ato Declaratório CVM 17.142, a empresa vinha atuando de forma irregular, oferecendo serviços de intermediação de valores mobiliários bem como captando clientes brasileiros para o chamado mercado de Forex.
Em julho de 2018, a CVM emitiu uma cartilha falando que não há uma empresa sequer no Brasil autorizada a trabalhar nesse segmento.
No mês seguinte ao alerta da CVM, a FX Trading comunicou várias mudanças nas regras de seu modelo de negócio. Os saques, que eram diários, passaram a feitos uma vez por mês.
Houve, também, mudança nos ganhos de rentabilidade e no chamado plano binário.
No mês seguinte, a FX Trading encerrou as atividades no marketing multinível e deixou muita gente na dúvida sobre os saques atrasados, revoltando investidores.
O início do fim no Brasil
Logo depois, Philipp Han, que se intitulava como Global Master da companhia, anunciou o fim da FX Trading por meio de um vídeo veiculado no Youtube, já retirado do ar.
Ele relatou sobre o problema dos saques atrasados e prometeu que todos receberiam de volta o valor injetado na empresa.
Cerca de um mês depois do ‘fim das operações’ no Brasil, a já extinta FX Trading mudou o nome para ‘F2 Trading Corp’ e se relançou em Dubai, nos Emirados Árabes.
Conforme apurou o site Behind MLM na época, a mudança foi só no nome, pois a companhia continuava sob comando de Phillip Han e seus conhecidos colaboradores, bem como mantinha a maioria dos planos e ofertas de seu marketing multinível.