Imagem da matéria: Os 10 traders que mais perderam na história das finanças mundiais
Foto: Shutterstock

Em janeiro deste ano, quando o Wallstreetbets conseguiu inflar o preço das ações da GameStop, o trader Gabriel Plotkin, da Melvin Capital Management, perdeu US$ 4,5 bilhões, fato que assustou o mercado internacional. Mas esse prejuízo bilionário não foi a único – nem o maior – da história das finanças mundiais.

O Portal do Bitcoin reuniu os 10 maiores casos de perdas decorrentes da atuação de traders no mercado de ações para grandes instituições. Juntos, eles perderam US$ 47 bilhões — cerca de R$ 271 bilhões —, montante superior ao Produto Interno Bruto (PIB) do Paraguai.

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Tem até um brasileiro ex-diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na lista.

1 – Howie Hubler — US$ 9 bilhões

Foi durante a crise financeira de 2007/2008 que Wall Street presenciou a maior perda de negociação individual da história. O protagonista foi o trader americano Howie Hubler que, na época, era corretor de títulos do Morgan Stanley.

Durante a bolha imobiliária, ele fez apostas relacionadas a hipotecas que estavam destinadas a implodir e se deu mal.

“Quando tudo explodiu em 2007, as posições de Hubler incorreram em uma perda impressionante de US$ 9 bilhões”, segundo um artigo do Washington Post publicado há 11 anos.

O caso foi contado em detalhes no livro ‘The Big Short: Inside the Doomsday Machine’, do jornalista e escritor americano Michael Lewis.

2 – Jérôme Kerviel — US$ 7 bilhões

As operações feitas pelo trader francês Jérôme Kerviel entre 2007 e 2008 fizeram o Société Générale, um dos maiores bancos da Europa, perder US$ 7 bilhões.

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Isso porque ele teria naquele período assumido “riscos espetaculares”, como descreveu o The Guardian na época. Dois anos antes, o NYT o chamou de “o corretor desonesto“.

Ainda segundo o jornal, grande parte da perda ocorreu no mercado alemão, onde ele havia apostado dezenas de bilhões de euros no índice de referência DAX, bem como no Dow Jones Euro Stoxx 50.

O trader chegou a ser preso depois de ser julgado por quebrar as regras da instituição financeira.

3 – Bruno Iksil — US$ 6,2 bilhões

Em 2012, o trader francês Bruno Iksil, conhecido como “Baleia de Londres”, perdeu US$ 6,2 bilhões do JPMorgan Chase ao fazer apostas ruins no merado de derivativos.

“No centro do desastre comercial, Bruno Iksil, chamado de ‘Baleia de Londres’, deve deixar o banco”, diz um trecho de uma reportagem do The New York Times (NYT) do dia 16 de maio daquele ano.

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No texto, o jornal citava um prejuízo de US$ 2 bilhões em negociações do JPMorgan Chase; mais tarde, em outra publicação, viria à tona o verdadeiro rombo de US$ 6,2 bilhões.

A perda fez com que o trader alcançasse notoriedade em Wall Street, mas devido a uma das piores operações da história.

Ele ganhou o apelido de baleia, que passou a ser usado no mercado de criptomoedas, por sua inclinação por negócios grandes e arriscados. Mas não era só isso; sua agressividade foi comparada a do vilão da fictícia série Harry Potter, o bruxo das trevas Lorde Voldemort.

Mesmo com a terrível performance, as perdas não impediram o banco de obter um lucro recorde de US$ 21,3 bilhões naquele ano, contou o Bloomberg em um artigo de 2016.

4 – Brian Hunter — US$ 6 bilhões

O canadense Brian Hunter, trader que em 2006 negociava gás natural para o então fundo hedge Amaranth Advisors, conseguiu perder US$ 6 bilhões por causa de suas “grandes apostas”, de acordo com reportagem publicada pelo Financial Times em setembro de 2014.

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Naquela altura, um relatório do comitê do Senado americano repercutia que a Amaranth controlava 40% de todos os contratos de gás na Bolsa Mercantil de Nova York. O caso então tornou-se um símbolo de preocupação com a especulação excessiva em commodities.

Tanto Hunter quanto a Amaranth foram processados pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) por manipulação de preço, em duas ocasiões, meses antes de as perdas de US$ 6 bilhões quebrarem o fundo.

5 – John Meriwether — US$ 4,4 bilhões

Em 1998, o trader americano John Meriwether, que era conhecido pela brilhante carreira no Salomon Brothers, viu US$ 4,4 bilhões de seu fundo – o Long Term Capital Management – perdidos em duas apostas que sua equipe vinha fazendo há pelo menos uma década, segundo matéria do The Guardian da época. Eram os chamados swaps de taxas de juros e opções de longo prazo no mercado de ações.

O fundo, que foi criado por Meriwether junto com os Nobel de economia Myron Scholes e Robert Merton, negociava na pequena diferença existente entre as taxas em títulos de governos. Mas quando a Rússia não honrou com um pagamento, os investidores fugiram para os seguros títulos do governo americano; só que a diferença entre as taxas aumentou rapidamente.

Para liquidar suas posições, os traders teriam que vender títulos, derrubando os mercados de crédito americanos. Contudo, na época, rumores diziam que a AIG, Warren Buffett e Goldman Sachs estavam negociando a compra do portfólio da Long-Term Capital. O fato é que em 23 de setembro daquele ano, o jogo acabou. Sugerido pelo Fed, um consórcio de 14 bancos e corretoras de Wall Street liquidou 90% da LTCM por US$ 3,6 bilhões.

6 – Gabriel Plotkin — US$ 4,5 bilhões

O trader Gabriel Plotkin, que dirige a Melvin Capital Management, teve um prejuízo de 4,5 bilhões no início deste ano por causa da alta das ações da GameStop, infladas pelo grupo Wallstreetbets, do Reddit.

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Mas não foi só com a GameStop que a Melvin perdeu — outras posições do fundo tiveram prejuízos de até 30% com a investida do um grupo.

Plotkin já era conhecido tanto pela discrição quanto pela agressão no mercado de ações desde a época que atuava no fundo hedge da americana SAC Capital, como cita o Financial Times em uma reportagem.

7 – Bill Ackman — US$ 4,1 bilhão

O Pershing Square Capital Management, fundo de Nova York conduzido pelo gestor e investidor americano Bill Ackman, amargou uma perda de cerca de US$ 4 bilhões após a venda em 2017 de ações da Valeant, compradas em 2015 por US$ 3,2 bilhões.

Na época, cada ação da Valeant era negociada perto de US$ 190 e Ackman a viu subir para US$ 260 ainda no mesmo ano da compra. No entanto, debates sobre questões regulatórias vieram à tona e o preço das ações começou a cair “drasticamente”, como descreveu a Reuters numa reportagem da época.

A queda nas ações começou a se acentuar em janeiro de 2017 — 16%. No dia 13 de março daquele ano, uma segunda-feira, as ações fecharam a US$ 12,11 na Bolsa de Valores de Nova York e caíram para US$ 10,93 no pregão, conforme informou a agência na ocasião. Em uma publicação da CNBC, Ackman disse a investidores que aprendeu com seu erro.

8 – Yasuo Hamanaka — US$ 2,6 bilhões

O trader Yasuo Hamanaka, que ficou conhecido na década de 90 como ‘Mr. Copper’, devido ao controle de 5% nos mercados futuros de cobre, foi condenado a oito anos por falsificação e fraude no mercado financeiro.

Conforme detalhado pela Reuters, ele acumulou US$ 2,6 bilhões em perdas para a japonesa Sumitomo Corporation, o que representou na época cerca de 40% de seu patrimônio líquido.

Assim que soube do rombo, a companhia encerrou as complexas posições criadas por Hamanaka sem autorização e passou a achar um meio de repor o prejuízo com venda de outros ativos.

9 – Isac Zagury — US$ 2,13 bilhões

Em 2008, o então diretor financeiro da brasileira Aracruz Celulose, Isac Zagury (ex-diretor do BNDES), foi visto como o maior culpado pela perda de US$ 2,13 bilhões empresa em derivativos. A empresa tinha operações no dólar para se proteger da alta do real. Mas em setembro daquele ano, a moeda brasileira começou a valorizar diante da americana.

No dia 13 de dezembro de 2008, a Folha reportou que a Aracruz não tinha chegado a um acordo com seus bancos credores. Mais tarde, em setembro de 2009, a empresa se fundiu com a Votorantim Celulose e Papel para formar a Fibria, que foi para as mãos do BNDES e Grupo Votorantim.

10 – Robert Citron — US$ 1,6 bilhão

Em 1994, o condado de Orange, na Califórnia, caiu na maior falência municipal conhecida até então por Wall Street, com prejuízo de US$ 1,6 bilhão na alavancagem de títulos.

O responsável foi o tesoureiro municipal Robert Citron, que “não era um mestre das finanças”, como descreveu o NYT há quase uma década.

As perdas nos investimentos municipais vieram depois que o Fed resolveu aumentar as taxas de juros, o que prejudicou as posições do Orange no mercado financeiro. Segundo comentou o jornal, foi o fim para a ‘grossa’ estratégia de Citron.

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