moeda de bitcoin ao lado de tela com sigla NFT
Shutterstock

Desde o início de 2023, a comunidade do Bitcoin e os entusiastas da Web3 estão agitados com o surgimento dos Ordinals, que são uma nova maneira de criar NFTs na rede do BTC. Esse novo sistema tem levantado debates acalorados sobre o potencial e riscos dessa nova tecnologia. 

Neste guia, responderemos algumas perguntas mais urgentes sobre o que eles são, como funcionam e o que foi criado até agora. 

Publicidade

O que são Ordinals e a Teoria Ordinal

Um satoshi é a menor fração existente de Bitcoin (BTC) e um único BTC pode ser dividido em 100.000.000 satoshis. Ordinals é um sistema de identificação individual desses satoshis que foi criado em janeiro de 2023 por Casey Rodarmor, um desenvolvedor de software e entusiasta do Bitcoin. O sistema funciona com base na Teoria Ordinal que utiliza de “números de séries” chamados de números ordinais para identificar e rotular satoshis na ordem em que foram minerados e também na ordem que foram transferidos, por isso, o nome Ordinals. 

Um exemplo de representação da Teoria Ordinal seria o primeiro satoshi, no primeiro bloco de Bitcoin minerado. Esse satoshi teria o número ordinal 0, e o segundo o número ordinal 1, o terceiro o número ordinal 2, e assim por diante.

Numeração por ordem de mineração
fonte: ChainLink Blog

A Teoria Ordinal também utiliza o sistema de UTXO’s (unspent transaction output) como referênciapara identificar os satoshis através do seu sistema de identificação de “Frist In, Frist out”que, analisando pela ordem de transação, identifica os satoshis que chegaram primeiro na lista de Input dos UTXO eos transfere em ordem para Lista de Output, mantendo assim, a ordem ordinal deles.

Numeração por ordem de transferência fonte: ChainLink Blog

A Teoria Ordinal não viola a natureza da fungibilidade do Bitcoin, pois não é algo atribuído on-chain, porém, essa fungibilidade é alterada em um nível social, a partir do momento em que números de série são associados a esses satoshis trazendo uma espécie de identificação única para essas frações do bitcoin.

Publicidade

O que são Inscriptions e como funcionam

Os Inscriptions são os propriamente ditos “Tokens-não-Fungiveis (NFTs) do Bitcoin”. Eles são satoshis que têm dados arbitrários como vídeos, imagens e textos anexados a eles. Esses dados arbitrários são totalmente armazenados on-chain, o que torna os Inscriptions um artefato digital perfeito, sendo imutáveis e descentralizados, porém, o armazenamento desses dados on-chain restringe o tamanho dos Inscriptions a 4MB, que é o tamanho máximo de um bloco no Bitcoin. 

Esse processo de anexação de dados a satoshis é possível por conta do Taproot Upgrade, que criou um novo tipo de output chamado pay-to-taproot (P2TR). O P2TR permite a associação de um satoshi a um script que possui uma condicional não executada composta por: 

<OP_FALSE OP_IF [Conteúdo Arbitrário] OP_ENDIF>

Onde o [Conteúdo Arbitrário] é referente a um vídeo, texto ou imagem do tipo MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions). Esse script gerado é armazenado no espaço Witness de uma transação e travado no satoshi pelo P2TR. 

Agora, para que um Inscription seja mintado na rede, este necessita passar por duas fases de transações, o transaction commit e o transaction reveal.

Publicidade

Transaction Commit – cria um Taproot Output (P2TR) que tem as condições relacionadas ao script (no caso, o conteúdo da Inscription). 

Transaction Reveal – o Output criado pela “Transaction Commit” é gasto (destruído), revelando o conteúdo do Inscription dentro da blockchain. 

Um exemplo é a inscription de texto contendo a string “Hello, world!” que teria a condicional  não executada da seguinte forma:

Exemplo de condicional não executada fonte: Ordinals Docs
Exemplo do processo descrito acima. 

Raridade dos Satoshis

Devido a natureza do sistema ordinal, existe a possibilidade de identificar e rastrear certos satoshis até o bloco de onde foram extraídos. Esse processo deu aos satoshis um valor numismático, que é o termo usado entre colecionadores de moedas físicas quando o valor de uma moeda é baseada em sua importância histórica, mérito artístico ou escassez, ao invés de seu valor fiduciário. 

Para que esse valor numismático seja atribuído é necessário a existência de um sistema de raridade, o que pode ser arbitrário, mas geralmente é definido por um consenso cultural ou comunitário seguido por algum tipo de lógica de escassez. No caso dos satoshis, Rodarmor deu o pontapé inicial criando 6 níveis de raridade iniciais, são eles: 

Publicidade
  • Common: qualquer satoshi que não seja o primeiro satoshi do seu bloco.
  • Uncommon: o primeiro satoshi de cada bloco.
  • Rare: o primeiro satoshi de cada período de ajuste de dificuldade.
  • Epic: o primeiro satoshi de cada época do halving.
  • Legendary: o primeiro satoshi de cada ciclo (quando o ajuste de dificuldade e o halving acontecem no mesmo bloco). 
  • Mythic: o primeiro satoshi do bloco genesis.

Algumas outras categorias foram adicionadas pela comunidade ao sistema de raridade criado por Rodarmor, são elas: 

  • Vintage: satoshis minerados nos 1.000 primeiros blocos.
  • Nakamoto: satoshis minerados pelo próprio Satoshi Nakamoto.
  • First Transaction: satoshis usados na primeira transação do Bitcoin realizada pelo Satoshi Nakamoto para o Hal Finney.
  • Pizza: satoshis utilizados na transação do Pizza Day feita por Laszlo Hanyecz para Jeremy “Jercos” Sturdivant. 
  • Block 9: satoshis minerados no bloco 9, os mais antigos em circulação, a menos que a carteira do Satoshi Nakamoto volte a ativa.  
  • Block 78:  satoshis minerados por Hal Finney no primeiro bloco a ser minerado por alguém que não era Satoshi Nakamoto.
  • Palíndromo: satoshis que tenha os mesmo números de identificação, se lido pelo fim ou pelo início.
Esquema de raridade criado pela comunidade fonte: Ord.io

Algumas outras categorias de raridade também estão começando a ser consolidadas a medida que os satoshis desses eventos começam a aparecer em circulação. Alguma delas são: 

  • Silk Road: satoshis ligados a carteira do mercado clandestino Silk Road.
  • Mt Gox: satoshis ligados a carteira do hack da corretora Mt. Gox.

A popularização desses sistemas de raridades acaba criando um mercado alternativo de satoshis e empoderando o nicho de colecionadores denominados Satoshi Hunters, que são resumidamente arqueólogos de blockchain e que buscam caçar esses satoshis raros através de depósitos e saques entre exchanges centralizadas com o intuito de ir recebendo satoshis diferentes.

Diferença dos NFTs padrões para os Inscriptions do Bitcoin

A principal diferença entre os Inscriptions do Bitcoin (BTC) e os NFTs padrões, no caso os NFTs da rede da Ethereum (ETH), é o processo de criação deles. Enquanto os NFTs da ETH utilizam de um padrão de token, geralmente ERC-721 ou 1155, criado a partir de um smart contract, os Inscriptions do Bitcoin mantém sua natureza simples e fluida utilizando gravações de dados arbitrários em frações de Bitcoin, o que permite que um Inscription seja fungível e não-fungível ao mesmo tempo, já que o protocolo do Bitcoin não reconhece formalmente a teoria Ordinal e permite que o holder daquele satoshi possa se aproveitar do conteúdo anexado a ele ou simplesmente gastá-lo como uma fração de BTC. 

Em todo caso, essa simplicidade dos Inscriptions do BTC podem ser limitantes em questões de funcionalidade e interações on-chain em comparação com os NFTs da ETH, o que pode acabar não sendo tão atrativo para setores de blockchain games ou outros que utilizem de NFTs Dinâmicos para desenvolver na rede do Bitcoin. 

No entanto, os Inscriptions ainda possuem um importante ponto chave. Eles podem ser considerados verdadeiros artefatos digitais, já que seus metadados, as mídias propriamente ditas, são gravados on-chain e diretamente numa blockchain descentralizada, tornando-se 100% imutáveis, o que os difere da maioria dos NFTs do ETH que possuem somente o registro do token gravado na blockchain, enquanto os seus metadados são espelhados de provedores terceirizados, como IPFS ou Arweave, por exemplo. 

BRC-20

Bitcoin Request for Comment 20 (BRC-20) é um experimento de criação de tokens fungíveis utilizando inscriptions criados em março de 2023 pelo desenvolvedor anônimo chamado Domo. Os tokens BRC-20 são semelhantes aos tokens ERC-20 da rede da Ethereum, a diferença é que eles são bem mais limitados, pois são criados a partir de um JSON simples, no caso, um smart contract improvisado mintado em um satoshi. 

Publicidade

Outro ponto importante sobre os BRC-20 é que sua “fungibilidade” é garantida por métodos off-chain. Mas o que isso significa? Significa que o fornecimento e balanço de seus tokens são garantidos por uma outra parte fora da blockchain. 

A funcionalidade desse mecanismo, na prática, funciona da seguinte forma: são criados Inscriptions de texto que funcionam como cupons, os quais possuem funções em seus dados que são validados por ferramentas de partes confiáveis, como serviços de carteiras e exchanges, que conferem o histórico de criação desses cupons na blockchain e garantem o saldo referente em suas plataformas. 

Esses “cupons”, no caso os inscriptions com os JSON’s, possuem uma pequena gama de funções, são elas: 

  • Deploy: usado para criar um token BRC-20.
JSON com a função de deploy fonte: Domo Gitbook

Cada keyword inicial possui um significado e função para funcionalidade do JSON, são elas: 

  • p = protocol, função que ajuda outros sistemas a identificar e processar eventos BRC-20.
  • op = operation, função que determina o tipo de evento ( Deploy, Mint ou Transfer). 
  • tick = ticker, identificador de 4 letras do token.
  • max = max supply, função que determina o fornecimento total de tokens. 
  • lim = mint limit, função que determina a quantidade máxima a ser mintada por Inscription. 
  • Mint: Usado para mintar um token BRC-20 já existente.
JSON com a função de mint fonte: Domo Gitbook

Cada keyword inicial possui um significado e função para funcionalidade do JSON, são elas : 

  • amt = amount to mint,  função que determina a quantidade de tokens que serão mintados e que não pode ser maior que o limite imposto por “lim”. 
  • Transfer: usado para transferir um token BRC-20.
JSON com a função de transfer fonte: Domo Gitbook

Cada keyword inicial possui um significado e função para funcionalidade do JSON, são elas: 

  • amt = amount to transfer, função que determina a quantidade de tokens que serão transferidos. 

Os BRC-20 não são uma das maneiras mais fáceis e seguras para a criação de tokens fungíveis, mas mesmo assim esse experimento fomentou ainda mais o desenvolvimento de ferramentas no ecossistema do Bitcoin. Ferramentas que visavam aumentar a confiabilidade desses tokens e, até mesmo explorar novas funções, começaram a surgir exponencialmente, empoderando ainda mais o ethos inovativo que acompanha o sistema Ordinal.

Recursive Inscriptions

As Recursive Inscriptions são em sua essência inscriptions normais que oferecem um diferencial simples mas inovador que pode aumentar o potencial de armazenamento dos Inscriptions. Esse aumento de potencial é gerado uma vez que as recursive inscriptions podem solicitar dados de outras inscriptions já existentes através de uma nova sintaxe de código composta por: 

“/-/content/:inscription_id” 

Isso significaria que os desenvolvedores podem contornar o limite de 4 MB dos blocos de BTC extraindo dados já armazenados em outras inscriptions existentes e utilizando-as em novas. Por exemplo, ao invés de criar 10.000 inscriptions de arquivos JPEG para uma coleção de NFTs, o desenvolvedor poderia criar inscriptions de todas as trais da coleção, digamos que 300 traits, e em seguida, criar as 10.000 inscriptions da coleção usando somente uma pequena quantidade de código para solicitar os dados dos 300 traits já mintados na rede. essa solução resolveria o problema de armazenamento e deixaria menos custoso o processo de mintagem, já que os inscriptions principais da coleção usariam pouco espaço de bloco. 

As recursive inscriptions desbloqueiam casos de uso poderosos, como a criação de jogos e protocolos mais complexos dentro da rede do Bitcoin. Além disso, o aumento da interoperabilidade e eficiência de armazenamento gerados por elas tornará a exploração desses casos de uso muito mais acessíveis financeiramente. 

Bitmap Theory 

Bitmap Theory é um novo conceito que surgiu com base no sistema Ordinal.  Resumidamente, o conceito cria um novo padrão de metaverso open-source na blockchain do Bitcoin permitindo que usuários reivindiquem a propriedade de um bloco inteiro de Bitcoin criando uma Inscription dele.

De acordo com a teoria, depois que um bloco vira um inscription, ele tem o potencial de se tornar parte de um metaverso, onde as plataformas adeptas a teoria poderiam traduzir os dados do bloco em um espaço 3D, garantindo  aos holders o direito de construir nesses espaços digitais. Apesar de parecer complexo, até então o Bitmap é somente um Inscription de texto que tem sua propriedade definida por quem o criou primeiro. 

A comunidade dos Ordinals adotou essa nova teoria com bastante empolgação e muitas pessoas deixaram suas marcas nos visualizadores de blocos de Bitmap. 

CryptoToad feito no visualizador dos Bitmaps fonte: Twitte

Casos de Uso

Os Inscriptions tem algumas semelhanças com os NFTs tradicionais e podem até compartilhar de alguns dos mesmos casos de uso, porém, devido ao espaço de bloco limitado, algumas dessas aplicações podem ser quase que impossíveis de se construir. Por exemplo, a criação de NFT dinâmicos ou jogos de blockchain seria um verdadeiro desafio neste caso, pois esses tipos de NFTs são construídos em cima de smart contracts um pouco mais robustos que permitem a interoperabilidade e mutação do NFT. 

Outro ponto é que o mint de grandes coleções de NFTs na rede do BTC acabam sendo bastante custosas, por exemplo:

Para recriar a coleção dos 10.000 Bored Ape Yatch Club, assumindo um tamanho médio de dados de 400.000 Bytes para cada Inscription e uma taxa de rede de 25 Sat/vByte, custaria em média 0.025 BTC o mint de cada Inscription e 250 BTC o da coleção inteira. Isso tudo levando em conta o desconto Segwit de 75%. 

Levando em conta os fatores apresentados, os casos de uso ideais para os Inscriptions seria para criação de coleções pequenas ou com tamanho de arquivos reduzidos e também para criação de ativos completamente imutáveis, os ditos Artefatos Digitais, que são aquele tipo de ativo digital que tem algum objetivo cultural ou artístico para ser preservado. Esse caso de uso é ideal para artistas digitais que desejam manter a imutabilidade das suas obras e preservá-las em uma blockchain segura e descentralizada. 

Benefícios e Malefícios dos Ordinals

A ascensão do protocolo dos Ordinals gerou um grande debate na comunidade Bitcoiner sobre o ethos e o papel fundamental do Bitcoin. Esse debate dividiu a comunidade entre inovadores e puristas da blockchain. Os puristas pregavam que os Ordinals não passavam de spam de transações na rede e era algo prejudicial para o papel fundamental do Bitcoin. Já  os inovadores pregavam que o Bitcoin poderia ser um espaço de inovação, algo além de uma rede somente usada para fins de pagamento. 

Aqui estão alguns dos benefícios e malefícios que essa nova tecnologia poderia trazer para a rede: 

Benefícios:

  • Novos casos de uso para a rede Bitcoin

A introdução dos Ordinals trouxe um novo caso de uso para a rede do Bitcoin. Pudemos verificar que, mesmo com a limitação do espaço de bloco no bitcoin, ainda seria possível a construção de novas aplicações e até mesmo a construção de um ecossistema de aplicativos descentralizados.

Imagem Ilustrativa sobre BRC-20 e Logo da Alex Labs uma corretora descentralizada para BRC20 na rede do BTC fonte: Coingecko e Alex lab
  • Aumento do uso do Bitcoin e atração de novos usuários 

Pode-se notar que, com a introdução dos Ordinals, houve um aumento significativo no interesse por Bitcoin, podemos perceber isso com o aumento da taxa de adoção do uso de endereços Taproot e também com o aumento de transações dentro da rede. 

Métrica de adoção do Taproot de 2021 a 2023 fonte: Glassnode 
Métrica de transações na rede do Bitcoin de 2010 a 2023 fonte The Block
  • Contribuição para o budget de segurança dos mineradores

Um dos principais argumentos usado pelo grupo de inovadores do Bitcoin é que com a popularização dos Ordinals houve um aumento de interesse pelo espaço vazio existente nos blocos do bitcoin, o que consequentemente gerou também um aumento nas taxas de transação dentro da rede devido a disputa por prioridade nesses espaços vazios. 

Esse aumento nas taxas de transação acabam sendo uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que “prejudica a rede” tornando as transações mais caras, elas também resolvem um problema que ainda não existe relacionado à segurança do Bitcoin.

Métrica de total transactions fees na rede do Bitcoin de 2020 a 2023 fonte Glassnode

Esse problema está relacionado à falta de incentivo financeiro para o minerador após diversos ciclos de halving, onde a remuneração oferecida pela mineração de blocos e validação de transação não seriam o suficiente para o minerador manter a suas operações de mineração funcionando. Isso faria com que ele desligasse suas máquinas diminuindo o hashrate da rede que,  consequentemente, diminuiria também a segurança do Bitcoin.  

O aumento das taxas de transação derivado do crescimento de interesse pelo espaço vazio dos blocos ajuda a contribuir para o “Budget de segurança” que seria esse incentivo financeiro pago aos mineradores por validar transações. Portanto, com um aumento contínuo do uso da rede não seria necessária a preocupação com o fim do incentivo financeiro ao minerar bitcoin uma vez que o suprimento fixo acabasse, pois as taxas de transação seriam suficientes para incentivar os mineradores a continuar mantendo a segurança da rede e validando as transações.

  • Aumento da adoção de layers 2 de Bitcoin 

A introdução e popularização dos Ordinals gerou uma transformação cultural dentro da comunidade do Bitcoin, trazendo de volta o interesse no desenvolvimento dentro da rede. Debates sobre escalabilidade dentro do Bitcoin e soluções para o desenvolvimento de um ecossistema mais otimizado na rede também foram assuntos que ressurgiram. 

Esses debates fizeram com que o interesse do mercado por layers 2 do Bitcoin aumentassem, o que refletiu bastante no valor do token de alguns desses protocolos e também na velocidade de desenvolvimento deles.

Gráfico de valorização da Stacks no período de 180 dias  fonte: CoinMarketCap
  • “NFTs” mais seguros e imutáveis

Os Inscriptions, ou “NFTs do BTC”, são considerados artefatos digitais uma vez que eles têm seus dados gravados diretamente na blockchain pública mais segura e descentralizada existente, tornando–se ativos digitais imutáveis, descentralizados e seguros. 

Malefícios: 

  • Aumento nas taxas transação e congestionamento na rede 

Como foi dito anteriormente, o aumento do congestionamento da rede e o aumento das taxas geradas pela popularização dos Ordinals são uma faca de dois gumes, por isso, alguns puristas Bitcoiners atacam que os problemas gerados por esses novos casos de uso afetam diretamente o papel fundamental do Bitcoin e prejudicam o seu papel de ser um serviço de pagamentos peer-to-peer. 

Binance pausou os saques por conta do congestionamento da rede do Bitcoin.  fonte:Coindesk
  • Alteração da fungibilidade do Bitcoin

Outro ponto levantado pelos puristas do Bitcoin é que a fungibilidade do Bitcoin começará a diminuir à medida que mais satoshis virarem Inscriptions. No entanto, conseguimos compreender que isso não é 100% verdade, pois essa alteração de fungibilidade é feita somente em um nível social. Na verdade, os inscriptions ainda mantém seu valor fungível, como a fração do bitcoin podendo ser até mesmo gasto em taxas de transação.  

  • Aumento do tamanho da blockchain

Mais um ponto levantado pelos puristas do Bitcoin é que quanto mais dados arbitrários são inseridos na rede, maior será a necessidade por dispositivos de armazenamento de alta capacidade e mais custoso e demorado será para realizar o Inicial Block Download (IBD) que é necessário para rodar um nó validador de Bitcoin.

  • Risco de pruning

Por mais que os Inscriptions sejam NFTs seguros e imutáveis, ainda existe uma preocupação relacionada a eles, isso porque os nodes de Bitcoin não são obrigados a armazenar certos dados arbitrários da rede, o que quer dizer que caso os nós cheguem a um consenso sobre a remoção sobre os witness data, onde são armazenados os dados dos inscriptions, os mesmos podem “desaparecer” da rede.

Embora seja possível descartar esses dados referentes às inscriptions, é altamente improvável que isso ocorra, pois a maioria dos softwares de nós validadores ainda requerem que o usuário faça o download da blockchain por completo.

Conclusão

Os Ordinals tem sido um divisor de águas para o Bitcoin. Essa nova tecnologia tem desbloqueado um novo potencial para a rede, que tem visto seu ecossistema crescendo e se beneficiando com os experimentos de Inscriptions e tokens fungíveis originários deste novo sistema. Porém, por mais que os benefícios sejam superiores aos malefícios, é sempre bom lembrar que a rede não oferece uma escalabilidade para certas aplicações e,por isso é de se esperar que vejamos parte desse movimento crescente dos Ordinals migrando também para layers 2 do Bitcoin e que, com essa migração, é possível o surgimento de novas tendências, como um ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi). 

Um outro questionamento que é bastante levantado é se os Ordinals serão uma moda passageira. Antes de pensarmos sobre o assunto, devemos lembrar que esse momento de incrível sucesso e adoção aconteceram em um mercado de baixa, o que nos leva a acreditar que em um mercado de alta esse movimento teria sido muito mais forte. 

Outro detalhe que devemos levar em consideração é que estamos falando de uma tecnologia inovadora dentro da blockchain mais antiga, segura e popular do mundo, por isso ela tem atraído a atenção de grandes nomes de cripto e também de grandes marcas da Web3, que acreditam que a inovação gerada pelos Ordinals tende a perdurar.  

Projeto criado pela Yuga Labs a esquerda e Manchete dizendo que MicroStrategy estaria analisando a possibilidade de desenvolvimento de um aplicativo utilizando Ordinals   fontes: Yuga Labs e Decrypt

É importante observar que os Ordinals ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento, e seu impacto total ainda precisa ser avaliado. No geral, eles têm representado uma evolução emocionante para o Bitcoin, fortalecendo sua posição como uma rede robusta e versátil e mostrando que a rede está se provando ser mais do que apenas um sistema de pagamento, abrindo caminho para a criação de um ecossistema diversificado e inovador.

Fontes

https://blocto.io/crypto-blog/ecosystem/how-bitcoin-ordinals-nfts-work
https://grayscale.com/can-ordinals-unlock-new-potential-for-bitcoin/
https://domo-2.gitbook.io/brc-20-experiment/
https://gitbook.bitmap.land/1-project/home
https://rodarmor.com/blog/ordinal-theory/
https://docs.ordinals.com/overview.html
https://github.com/ordinals/ord/pull/2167#issuecomment-1586342841

VOCÊ PODE GOSTAR
smartphone mostra logotipo da corretora de criptomoedas Crypto.com

Crypto.com adia lançamento na Coreia do Sul após visita inesperada de reguladores à sede

Um funcionário da agência reguladora expressou preocupações em relação às medidas de prevenção à lavagem de dinheiro da Crypto.com
Cornelius Johannes Steynberg, do MIT, em vídeo no Youtube

Morre sul-africano preso no Brasil por aplicar golpe de R$ 5 bilhões em criptomoedas

Cornelius Johannes Steynberg foi enterrado na quarta-feira (24) no Jardim das Palmeiras, em Goiânia
Imagem da matéria: Lumx promove seu primeiro hackathon com Ethereum Rio; prêmios chegam a R$ 48 mil

Lumx promove seu primeiro hackathon com Ethereum Rio; prêmios chegam a R$ 48 mil

Lumx Hack powered by ETH Rio conta com parcerias de grandes nomes da indústria e vai oferecer premiação em dólar
Pirâmide montada com notas de dólar

FBI prende golpista acusado de lucrar R$ 220 milhões com esquema ponzi de criptomoedas

O homem de Manhattan gastou o dinheiro dos investidores em jogos, lojas e escola dos filhos; agora, pode enfrentar 20 anos de prisão