Antes de ficar famoso com o Ethereum, o russo-canadense Vitalik Buterin era um assíduo produtor de análises e reflexões sobre o Bitcoin. E uma dessas pílulas foi a respeito do primeiro Halving da história da criptomoeda, em novembro de 2012.
O texto de Buterin, publicado no portal Bitcoin Magazine, mostra que algumas discussões são recorrentes desde o primeiro Halving, como o impacto econômico do corte.
Na época do primeiro Halving, o corte foi de 50 BTCs para 25 BTCs a cada bloco minerado. Já em julho de 2016, a emissão foi reduzida para 12,5 BTCs; e a partir deste mês de maio a taxa será reduzida para 6,25 BTCs, ficando nesse patamar até o começo de 2024.
Buterin explicou que esse corte progressivo e programado na emissão do bitcoin visa criar uma escassez, semelhante ao que ocorre com o ouro. Essa medida até pode soar ruim em princípio, mas na verdade serve para impedir bancarrotas econômicas. Exemplos clássicos dessa situação foram a Alemanha (1923) e o Zimbábue (2008).
“Como resultado dessa oferta limitada, o ouro manteve seu valor como meio internacional de troca e armazenamento de valor por mais de seis mil anos, e a esperança é que o Bitcoin faça o mesmo”, escreveu Buterin.
Valorizar ou não?
O debate sobre a valorização do bitcoin pós-Halving, em decorrência da menor emissão da criptomoeda, também já era presente em 2012. E Buterin também teceu suas considerações.
O então futuro cofundador do Ethereum lembrou que o preço do bitcoin pode ser afetado por outros fatores além do Halving. Como exemplo da época, ele citou uma valorização de US$ 10,8 para US$ 12,1 em duas semanas, provavelmente porque o WordPress começou a aceitar o Bitcoin.
“O Bitcoin pode simplesmente continuar sua atual tendência de curto prazo, porque outra organização decide aceitá-lo, ou o interesse público em Bitcoin aumenta no curto prazo, independentemente do que acontecer devido à mudança na recompensa do bloco”.
Impactos na mineração
Outra área que rendeu considerações por parte de Vitalik Buterin foi o impacto sobre a mineração. Ele recordou que estava para começar na época a adoção dos chamados “ASICs”, ou “circuitos integrados específicos de aplicativos” na obtenção do Bitcoin.
Tratam-se de chips de computador especialmente projetados para executar apenas uma tarefa, mas de forma exemplar.
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Essa tecnologia, segundo Buterin, paulatinamente iria substituir as máquinas que então faziam a mineração do bitcoin — o que de fato ocorreu.
“Portanto, veremos não apenas uma redução na receita dos mineradores do Bitcoin, mas também uma mudança no número de mineradores”, disse ele.
A atividade de mineração se torna a cada dia mais árdua. De acordo com dados do BTC.com divulgados em abril, a dificuldade de mineração do Bitcoin teve um aumento de 8,45%, de 14,72 trilhões (T) para 15,95 T. A última vez que a rede teve um aumento de dificuldade nesse patamar foi em setembro do ano passado, quando subiu 10,38%.
Primórdios no Bitcoin
Em entrevista à Vice News em maio de 2017, Buterin deu algumas informações sobre seu começo junto ao Bitcoin. Ele contou que ouviu falar pela primeira vez da criptomoeda no começo de 2011, quando foi convidado a escrever para um blog sobre o assunto.
Com parte dos primeiros ganhos a partir desse trabalho, ele conseguiu comprar uma camiseta — artigo corriqueiro que vale hoje poucos satoshis, que é a menor fração do bitcoin.
“Eu encontrei um cara que estava disposto a me pagar cinco bitcoins por artigo escrito para seu blog sobre Bitcoin. Cada Bitcoin [à época] custava US$ 0,80. Para alguém ainda no ensino médio, com pouco dinheiro, eu pensei que tentar US$ 1,5 por hora poderia ser um salário bastante razoável”.
Os tempos de penúria, no entanto, ficaram para trás. Os trabalhos com Bitcoin levaram o russo-canadense à criação do Ethereum, aos 21 anos, e o tornaram uma celebridade do blockchain.
“O que realmente me impressionou [a partir do Bitcoin] foi a ideia de que ainda é possível que as pessoas se unam e criem novos sistemas financeiros. E isso parecia muito fortalecedor para mim”, disse ele à Vice.
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