Imagem da matéria: Líder da G44 sugere prazo de cinco anos para pagar vítimas após quebrar acordos
Saleem Zaheer e Joselita Escobar, responsáveis pela G44. (Foto: Reprodução/YouTube)

O calvário das pessoas que apostaram na G44 Brasil ganhou novas estações nesta semana. O líder do grupo empresarial, Saleem Ahmed Zaheer, sugeriu em áudio enviado a associados nesta sexta-feira (8) um prazo de cinco anos para devolver o dinheiro investido na empresa.

Segundo Zaheer, esse acordo seria feito mediante “respaldo jurídico”, sem dar maiores detalhes do formato. No entanto, ele diz na mesma mensagem que esse prazo de cinco anos valeria apenas para o papel, porque na prática o intervalo pode ser mais curto.

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“A gente faz um acordo e eu digo que pago em cinco anos. Isso que estou a fazer é para dar certeza a todas as pessoas que estão inseguras [de que vai pagar]”, afirmou.

Também na mensagem, Zaheer afirma que precisa de apenas um mês trabalhando tranquilamente para reorganizar a empresa. A G44 deixou de pagar seus cerca de 10 mil associados em novembro de 2019, quando firmou acordos de distrato previstos para o final de fevereiro deste ano — e que não foram cumpridos.

No entanto, os relatos de atrasos em pagamentos e bloqueios de saques vêm já de meados de 2019. A G44 inclui uma exchange, a Inoex, e supostamente empreendimentos de mineração.

Com os atrasos e promessas de acordo quebradas, as vítimas da G44 começaram a se organizar para tentar na Justiça reaver ao menos uma parte dos valores investidos.

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Live no YouTube

Dois dias antes, na quarta-feira (6), Zaheer promoveu uma live por meio do canal oficial da G44 no YouTube ao lado da esposa, Joselita Escobar, também líder da empresa.

Durante a transmissão, que durou 53 minutos, Zaheer fez menções a um suposto ataque hacker contra a G44, se queixou dos processos movidos contra a empresa e fez novas promessas de que tudo será resolvido.

“Quero que vocês me agradeçam por eu estar aqui buscando uma solução”, disse Zaheer logo no começo da transmissão, que durou 53 minutos.

Na live, Zaheer disse ter consciência dos débitos da G44 com seus cerca de 10 mil investidores. E que deseja pagar a todos a partir de um novo acordo, cujos termos seriam anunciados em uma nova transmissão — o que entra em contradição com o áudio enviado nesta sexta-feira.

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O fundador da empresa também prometeu lutar contra as ações judiciais em curso. “A G44 é meu sonho e vou lutar por ele, vou me defender até o último respiro. Nunca fiz nada de errado”.

‘Finanças no Brasil, nunca mais’

Apesar de se considerar um trader de sucesso internacional, Zaheer disse que não deseja mais atuar no setor financeiro no Brasil —ele é nascido no Paquistão e elenca passagens por empresas na Suíça e Nova Zelândia antes de fundar a G44.

“Nunca mais vou entrar com qualquer coisa financeira no Brasil. Meu trabalho vai continuar no Brasil, mas não com a área financeira”.

A live foi encerrada com uma breve participação de Joselita Escobar. Além de reforçar as palavras do marido, também agradeceu por orações que recebe de supostos colaboradores que entendem a situação da G44.

“Vamos fazer acordo com todo mundo. Agradeço a Deus por todos que estão orando pela G44″.

Ascensão e queda da G44

Sediada em Taguatinga (DF), a G44 opera no Brasil desde 2017. Ela se define como uma “holding empresarial que faz gestão de empresas do segmento de tecnologia em criptomoedas, mineração de pedras e metais preciosos e prestação de serviços”.

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O crescimento do grupo, somado às estratégias binárias de captação de investidores, chamou a atenção das autoridades. Ainda em 2018 a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) emitiu um alerta ao público de que a empresa estava operando de forma irregular no Brasil.

Em 11 de outubro, a G44 divulgou em seu site que promoveu uma festa de gala em área nobre de Brasília para celebrar os dois anos de atuação. No entanto, nessa época já eram numerosos os relatos de calotes em pagamentos e de bloqueios em saques de investidores, que já acusavam a empresa de ser uma pirâmide financeira.

Acusada de pirâmide, G44 Brasil é alvo de autoridades no DF e já foi multada pela CVM
Festa de gala promovida pela G44 Brasil, em Brasília. Empresa nega ser esquema de pirâmide financeira.
Foto: Reprodução/G44 Brasil

Junto com as denúncias das vítimas vieram ainda investigações da Polícia Civil e do Ministério Público. E nas últimas semanas, a pressão ganhou o reforços de ações judiciais contra o grupo empresarial.

Em abril, a 23ª Vara Cível de Brasília deferiu o pedido de tutela de urgência feito pelos autores e determinou o bloqueio de bens e de contas em nome das empresas G44 Brasil S.A e G44 Brasil SCP.

Em seu site, a G44 afirma que “trata-se de um boato de difamação considerá-la como uma empresa que opere por pirâmide”. Ela diz ainda que não oferece valores mobiliários e que já há um processo de dispensa de regulação junto à autarquia aguardando julgamento.

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