De acordo com um artigo do site The Economist, nos primeiros nove meses de 2021, a indústria cripto gastou US$ 5 milhões fazendo lobbying no Senado dos Estados Unidos, em que metade foi gasta apenas no terceiro trimestre, atingindo uma quantia quadruplicada gasta ao longo do mesmo período em 2020.
A Coinbase foi uma das maiores apoiadoras da causa, gastando US$ 625 mil no terceiro trimestre. Block (anteriormente conhecida como Square), de Jack Dorsey, gastou mais de US$ 1,7 milhão em lobbying desde abril de 2020.
Essas iniciativas não foram em vão.
Na quarta-feira (8), grandes executivos da Coinbase, Circle, FTX e três outras líderes da indústria cripto, compareceram no Congresso para argumentar sobre a crescente importância de cripto e da regulação cripto em uma audiência de cinco horas de duração.
Algumas pessoas em Washington, a capital dos EUA, já começaram a armazenar cripto. Cynthia Lummis, senadora de Wyoming, possui entre US$ 100 mil e US$ 250 mil em bitcoin (BTC). Pelo menos quatro outros republicanos também possuem investimentos em cripto.
Tal adesão a cripto pode indicar uma mudança de opinião em Washington, mas regulações radicais apresentam um panorama bem diferente.
Em novembro, Joe Biden aprovou um projeto de lei de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão que incorpora serviços de custódia cripto, como Coinbase e Binance US, à definição legislativa de “broker” (pessoa ou empresa que atua como um intermediário entre um investidor e uma corretora de valores mobiliários), ou seja, em breve, essas empresas terão de fornecer ao governo federal com formulários específicos, listando nomes e endereços de todos que transacionam cripto.
Cripto: lei e ordem global
Em comparação aos EUA, outros países tomaram uma atitude bem mais firme em termos de regulação cripto, em que algumas até lançaram uma proibição total.
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Reguladores indianos, por exemplo, têm uma relação bem inconstante com a indústria.
Em 2018, o Reserve Bank of India (ou RBI, na sigla em inglês) emitiu uma proibição para bancos que lidavam com cripto. No entanto, foi anulada em março deste ano pela suprema corte do país, mas o RBI insistiu que continuava sendo bastante anticripto.
Em abril, o banco central da Turquia também baniu pagamentos com criptomoedas, apesar de o país ter um dos maiores usos de cripto per capita do mundo.
Em maio, três empresas de pagamento na China reiteraram seu suporte à proibição de 2017 do banco central do país para instituições financeiras que transacionavam cripto. No verão, a China começou uma rigorosa repressão a operações de mineração cripto em seu território.
Ainda assim, dado o fato de que a nova coalizão da Alemanha espera que cripto seja fundamental no desenvolvimento tecnológico e econômico do país, bem como o esboço da União Europeia de estruturas regulatórias para cripto, parece que os superestados ocidentais dos EUA e da Europa terão atitudes relativamente permissivas em relação a cripto.
Todo esse lobby parece estar funcionando.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.