O volume de transações no setor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na sigla em inglês) atingiu seu pior nível no ano. Ao mesmo tempo, transações com tokens não fungíveis (ou NFTs) tiveram uma alta recorde durante o primeiro trimestre de 2022, segundo um novo relatório do DappRadar.
“DeFi” é o termo dado ao conjunto de ferramentas financeiras em redes blockchain que permitem a negociação e o empréstimo de criptoativos sem intermediários externos.
Esses produtos passaram por um alto aumento de usuários nos últimos dois anos, apesar de o mercado ter esfriado nos últimos meses. Mas NFTs, tokens exclusivos e verificáveis em blockchain que são usados para representar a propriedade sobre ativos digitais, nunca foram tão populares.
A plataforma de análise em blockchain DappRadar contabilizou mais de 116 milhões de transações envolvendo NFTs — em aplicações descentralizadas (ou dapps) e mercados — dentre todas as blockchains nos três primeiros meses de 2022. É um aumento de 22% em comparação ao quarto trimestre de 2021.
Jogos blockchain contabilizaram 78% de todas as transações em blockchain — uma alta de 520% em comparação ao primeiro trimestre de 2021.
“Não é possível afirmar que mais dinheiro está sendo usado como investimento para ativos de jogos”, afirmou o DappRadar ao Decrypt. “São simplesmente as pessoas interagindo mais com dapps de jogos.”
Mas ficou evidente que capitalistas de risco estão de olho nesse mercado. No relatório anterior, o DappRadar descobriu que US$ 2,5 bilhões em capital de risco foram alocados na categoria de jogos “play to earn” (também chamada de “GameFi”).
Essa categoria está crescendo a um ritmo acelerado, resultando no surgimento de empresas, como MetaLend, que finalizou uma rodada “seed” — quantia destinada a um projeto que ainda está sob desenvolvimento inicial — de US$ 5 milhões liderada pela Pantera Capital.
A empresa fornece serviços financeiros a jogadores “play to earn”, usando NFTs como garantias para empréstimos e fornecendo capital a “guilds” (grupos organizados de jogadores).
“O número de negociações com NFTs em todas as blockchains também atingiu um auge no primeiro trimestre de 2022, crescendo 153% desde o primeiro trimestre do ano passado”, alega o DappRadar em seu relatório.
“O crescimento do mercado NFT em [redes] alternativas de primeira camada, como Avalanche e Solana, atua como um apoio à medida que a demanda por NFTs do Ethereum se estabiliza desde os níveis recordes [registrados] em janeiro.”
O crescimento nas redes Avalanche e Solana é impressionante. Desde 2021, as blockchains, consideradas como alternativas ao Ethereum, passaram por um crescimento em seu volume de transações de 10.500% e 9.700%, respectivamente.
À espera da fusão do Ethereum
A adiada fusão do Ethereum — que fará com que a rede migre de um modelo de consenso proof of work (ou PoW) para um proof of stake (ou PoS) e, em teoria, aumente a eficiência e o desempenho da blockchain — teve um grande papel no impulsionamento do Solana e do Avalanche.
O volume de transações do Ethereum caiu 58% em comparação ao primeiro trimestre de 2021, alega o DappRadar.
À medida que o volume sai da rede Ethereum, aumenta a necessidade por “bridges” — redes secundárias que se conectam a diferentes blockchains. Por isso, bridges se tornaram um alvo atrativo para ladrões, que já roubaram quase US$ 1 bilhão dessas redes.
Neste momento, existem US$ 18 milhões bloqueados nas bridges do Ethereum, segundo a empresa de análise em blockchain Dune. É uma queda de US$ 3 bilhões em comparação a março, quando a bridge Ronin, do jogo Axie Infinity, foi hackeada e US$ 622 milhões em ETH e USDC foram roubados.
A vulnerabilidade de bridges resultou em uma força-tarefa de desenvolvedores que estão trabalhando para garantir a segurança das redes Cosmos, Solana e Polkadot, alega o DappRadar.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.