MPF faz nova denúncia contra donos da Braiscompany e doleiro por lavagem de dinheiro

Antônio Neto e Fabrícia Farias realizaram operações financeiras de grande porte com características de lavagem de dinheiro em pleno colapso da pirâmide
Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, casal que lidera a Braiscompany (Foto: Reprodução/Instagram)

O casal Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos (Reprodução/Instagram)

O Ministério Público Federal (MPF) fez uma nova denúncia por lavagem de dinheiro contra o casal dono da Braiscompany, Antônio Neto e Fabrícia Farias, um doleiro e mais quatro investigados no esquema. A Braiscompany foi uma pirâmide financeira que ruiu no início de 2023 e usava o suposto trading em criptomoedas como isca para atrair as vítimas.

Segundo a  denúncia, o casal teria realizado operações financeiras de grande porte com características de lavagem de dinheiro em plena fase de derrocada da empresa, afirma uma publicação do G1 de segunda-feira (20).

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Sobre os outros denunciados, o MPF aponta que o doleiro Joel Ferreira de Souza, que tinha relacionamento com os Antônio Neto antes mesmo de a Braiscompany existir, era quem fazia as operações em criptomoedas, convertendo-as em dinheiro e vice-versa.

Segundo as investigações, Souza e seu filho, Victor Augusto, utilizavam de uma administração de contas sofisticadas, constituindo diversas empresas para movimentar fundos e tipologias com o objetivo de pulverizar valores.  

Dos R$ 2,6 bilhões em lavagem que o MPF conseguiu identificar, a família teria movimentado  para a Braiscompany R$ 5 milhões referentes à venda de uma aeronave do casal.

Os outros denunciados são Mizael Moreira da Silva, Clélio Fernando Cabral do Ó e Gesana Rayane Silva, condenados anteriormente pela 4ª Vara Federal em Campina Grande, com penas entre 14 e 19 anos.

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De acordo com o G1, a defesa de Gesana viu a denúncia do MPF com surpresa, pois tais fatos foram objeto na primeira denúncia, onde a ela não foram imputados.

A defesa de Mizael, descreve a publicação, afirmou que estão convictos que a inocência do cliente será provada e defendem que ele é “mais uma vítima do casal golpista”.

Procurada pelo G1 para comentar o assunto, a defesa de Antônio Neto e Fabrícia Farias não retornaram, e os advogados de Joel Ferreira de Souza também não foram localizados.

Casal foi preso na Argentina

Antônio e Fabrícia foram presos pela Interpol na Argentina no fim de fevereiro deste ano, depois de longos meses foragidos da justiça brasileira; dias depois, Fabrícia conseguiu um habeas corpus e foi liberada. Contudo, ambos aguardam a extradição para o Brasil. 

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Em julho do ano passado, os sócios da Braiscompany foram acusados pela Polícia Federal de crime contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Em fevereiro deste ano, o juiz Vinícius Costa Vidor, da 4ª Vara Federal em Campina Grande, condenou Antônio Ais a 88 anos e 7 meses de prisão, e Fabrícia a 61 anos e 11 meses, além de condenar mais oito envolvidos no processo.

No mês passado, a Polícia Civil de São Paulo pediu a prisão preventiva Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, classificando a Braiscompany como uma “empresa de pseudoinvestimento”, com o processo sendo remetido a Campina Grande a pedido do Ministério Público de São Paulo.

A pirâmide Braiscompany

A Braiscompany era uma empresa que prometia retornos fixos aos seus clientes por meio do suposto investimento em criptomoedas. O esquema pedia que a pessoa comprasse valores em Bitcoin e os enviasse para uma wallet da empresa.

Em dezembro de 2022, a Braiscompany parou de pagar os clientes. Em fevereiro do ano passado, a pirâmide ruiu: o Ministério Público Federal abriu um processo penal contra Neto Ais e Fabrícia Campos e a Justiça autorizou pedidos de prisão preventiva que tentaram ser cumpridos na Operação Halving em fevereiro. O casal, no entanto, fugiu.

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Em julho passado, um relatório de investigação emitido pela Polícia Federal apontou que Netos Ais e sua esposa fugiram para a Argentina usando passaporte de familiares.

Segundo a PF, nos últimos quatro anos, foram movimentados cerca de R$ 1,5 bilhão em criptomoedas vinculadas aos sócios da Braiscompany.