O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) apresentou denúncia contra 14 envolvidos no suposto esquema de pirâmide financeira da Axe Trader em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Na denúncia, segundo a divisão local do portal G1, os citados são investigados por estelionato, crimes contra as relações de consumo, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A Axe Trader era investigada desde 2018 e já teria movimentado R$ 27 milhões de forma ilegal, de acordo com a Polícia Civil. A empresa foi alvo de operação batizada em Imhotep, em março — uma referência ao homem responsável pela construção de Djoser, a primeira pirâmide do Egito.
A operação teve como alvo 15 pessoas, sendo que 9 delas foram presas — incluindo o criador da Axe Trader, Ronan Cassiano Silva.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, mais de 70 pessoas foram vítimas do grupo, com prejuízos individuais que vão de R$ 5 mil a R$ 1,1 milhão. Elas eram serem atraídas por promessas de investimentos no mercado financeiro com grande lucratividade.
Assim como outros esquemas que se enquadram como pirâmides financeiras, o modelo da Axe Trader começou a ruir em meados de 2019. É desse período que datam os primeiros atrasos nos pagamentos. Em outubro a empresa de Cassiano sacramentou o calote.
Em dezembro, segundo informações da divisão local do G1, 12 investidores denunciaram a empresa pela falta de pagamentos. À época a Axe Trader dizia estar à disposição da Justiça e que faria os devidos acertos. O atraso era atribuído a supostos bloqueios judiciais que nunca foram comprovados por Cassiano.
De garçom a ‘day trader’ preso
Criador da Axe Trader, Cassiano dizia ser especialista em mercado financeiro. Era com base nessa suposta experiência que ele vendia cursos de day trade por meio da empresa.
Essa experiência, no entanto, é tão verdadeira quanto os lucros de 30% que Cassiano prometia aos investidores que acreditavam em seus cursos.
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Segundo apuração da polícia, até 2018 Cassiano trabalhava como garçom. Ele se juntou com outro colega e estruturou um curso de day trade mesmo sem ter experiência na área. Daí nasceu o esquema no qual se assentou a Axe Trader.
A falta de experiência em mercado financeiro, no entanto, era compensada pelo poder de persuasão dos integrantes do esquema. O ex-garçom contou com a ajuda de captadores com experiência em marketing multinível.
Segundo as investigações, esses auxiliares conseguiam obter ganhos na casa dos R$ 60 mil mensais, sustentados pelos pagantes dos cursos que sonhavam com os altos lucros prometidos pela empresa.
Entre os investidores enganados pelo esquema da Axe Trader estão inclusive ex-colegas de escola de Cassiano.
O ex-garçom foi detido no último dia 6 de março, em uma chácara nos arredores de Uberlândia. Segundo o delegado Daniel Azevedo, responsável pelas investigações, o local nada tinha a ver com o perfil luxuoso das propriedades procuradas para eventos da Axe Trader.
“Era um ‘buraco. Ele não tinha dinheiro para mais nada’”, afirmou o delegado.
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