Imagem da matéria: Manhã Cripto: EUA lançam ofensiva contra Coinbase, criador da rede Tron e celebridades; Bitcoin cai após aumento de juros
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O mercado de criptomoedas começa a quinta-feira (23) com perdas para as principais criptomoedas, sob o peso de novas investidas da SEC, a CVM dos EUA, e com a perspectiva de que os juros vão continuar altos na maior economia do mundo. 

A agência reguladora americana acusou o fundador da blockchain Tron, Justin Sun, de manipulação de preços de tokens e violação das leis de valores mobiliários, além de enquadrar celebridades por promoção irregular das criptomoedas Tronix (-7,2%) e BitTorrent (-0,7%), que operam no vermelho na esteira das acusações, segundo o CoinGecko. 

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Enquanto isso, a SEC também enviou um alerta à corretora americana Coinbase, avisando que a empresa poderia ser alvo de uma ação legal do regulador. 

Em outro destaque, a nova administração da exchange cripto FTX avançou o processo para recuperar US$ 460 milhões do hedge fund Modulo Capital, que tem sede nas Bahamas. 

O Bitcoin (BTC) registra baixa de 1,8% nas últimas 24 horas, negociado a US$ 27.818,62, segundo dados do Coingecko.  

Em reais, o BTC perde 1,8%, cotado a R$ 146.096,97, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).  

O Ethereum (ETH) recua 2%, para US$ 1.764,68. 

As principais altcoins operam entre perdas e ganhos nesta quinta, entre elas BNB (-2,8%), XRP (-1,5%), Cardano (+0,2%), Dogecoin (-0,0%), Polygon (-1,2%), Solana (-2,1%), Polkadot (-0,9%) e Shiba Inu (-1%). 

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Avalanche (AVAX) opera com estabilidade nas últimas 24 horas, depois da suspensão temporária da rede na quarta-feira, causada por falhas em alguns nós para verificar transações. 

Coinbase na mira da SEC 

A SEC notificou a Coinbase de que avalia uma ação legal contra a empresa, que é a maior exchange cripto dos EUA e acaba de estrear oficialmente no Brasil. 

A chamada notificação “Wells” recebida pela Coinbase na quarta-feira (22) alerta empresas sobre possíveis medidas de cumprimento da lei no futuro. O aviso diz que a SEC chegou a uma “determinação preliminar” para recomendar uma ação contra a Coinbase, de acordo com uma cópia vista pelo Financial Times. Uma ação civil pode envolver um pedido de liminar, multas, entre outras medidas. 

Em comunicado ao mercado na quarta, a Coinbase disse que a ação pode estar relacionada à listagem de supostos valores mobiliários não registrados, como o “staking”, um serviço de renda passiva com criptomoedas. 

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“A empresa acredita que essas possíveis ações de cumprimento da lei estariam relacionadas a aspectos do mercado à vista da companhia, serviço de staking Coinbase Earn, Coinbase Prime e Coinbase Wallet”, disse a Coinbase em documento à SEC, citando suas conversas com a equipe da agência. 

Em uma postagem no blog da empresa, a Coinbase indicou que seu processo de listagem de ativos digitais não foi objeto da notificação.  

Segundo a reportagem do FT, no início do ano a Coinbase chegou a um acordo de US$ 100 milhões com reguladores de Nova York sobre supostas falhas no combate à lavagem de dinheiro. Em 2021, a empresa abandonou os planos de lançar um produto de empréstimo de ativos digitais depois de a SEC alertar que a oferta configurava um valor mobiliário não registrado e que processaria a Coinbase caso a plataforma fosse em frente com o lançamento. 

O diretor-presidente da Coinbase, Brian Armstrong, disse no Twitter que “depois de anos pedindo regras cripto razoáveis, estamos desapontados com o fato de a SEC estar considerando os tribunais em vez de um diálogo construtivo. Mas se os tribunais forem necessários, que assim seja”. 

Após subirem na onda do rali do Bitcoin e após o anúncio de expansão no Brasil, as ações da Coinbase despencaram 13% no after-market em Nova York, mostram dados do FT. 

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Uma pessoa a par do assunto disse ao jornal que a Coinbase se reuniu com a SEC cerca de 60 vezes nos últimos nove meses.  

A SEC não quis comentar. 

Justin Sun é alvo de processo 

Além da Coinbase, o “xerife” de Wall Street mira outro alvo: Justin Sun, o fundador da blockchain Tron. 

A agência acusou Sun e suas empresas de violação das leis de valores mobiliários, incluindo manipulação de mercado, fraude e distribuição (“airdrop”) de valores mobiliários não registrados para investidores, informou o Decrypt

O processo também alega que os tokens Tronix (TRX) e BitTorrent (BTT) são valores mobiliários não registrados e que Sun e suas empresas os manipularam no mercado secundário.  

“A Sun violou as disposições antifraude e de manipulação de mercado das leis federais de valores mobiliários ao orquestrar um esquema para inflar artificialmente o volume aparente de negociação do TRX no mercado secundário”, afirmou a SEC em comunicado à imprensa. 

A suposta manipulação de mercado ocorreu entre abril de 2018 e fevereiro de 2019, quando Sun orientou seus funcionários a realizar pelo menos 600 mil “wash trades” (transações para a manipulação de preços) com o TRX entre duas exchanges de sua propriedade, afirma o processo. A agência alegou que Sun obteve lucros ilícitos de US$ 31 milhões com as vendas do token. 

Celebridades acusadas 

A SEC também acusou várias celebridades por não divulgarem que foram pagas para promover as criptos Tronix e BitTorrent. 

Entre os famosos da lista estão o influenciador Jake Paul, a atriz Lindsay Lohan e “Kendra Lust” (Michelle Mason), que atua em filmes pornô.  

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Os músicos DeAndre “Soulja Boy” Way, Miles “Lil Yachty” McCollum, Aliaune “Akon” Thiam, Shaffer “Ne-Yo” Smith e Austin Mahone também foram acusados. Com exceção de Soulja Boy e Austin Mahone, a SEC disse que cada uma das celebridades concordou em pagar mais de US$ 400 mil para arquivar as acusações, sem admiti-las ou negá-las. 

Bitcoin hoje 

As bolsas europeias abriram em baixa no dia seguinte à decisão de política monetária do banco central americano, que subiu a taxa básica em 0,25 ponto percentual e prometeu elevar ainda mais os juros se necessário. Os futuros dos EUA se recuperaram na madrugada após fecharem em queda na quarta-feira (22). 

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) disse que considerou uma pausa no aperto diante da crise bancária e indicou que o ciclo de aumentos está perto do fim. 

Essa perspectiva chegou a animar investidores de ativos de risco, como as criptomoedas, e o Bitcoin disparou logo após a decisão. Mas depois a maior criptomoeda chegou a mergulhar abaixo dos US$ 27 mil, segundo dados do CoinDesk

Entre investidores, prevaleceram as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, de que a instituição está comprometida com a estabilidade de preços e que seu foco ainda é a inflação. 

“A aversão ao risco foi capaz de derrubar o Bitcoin à medida que o nervosismo do mercado voltava devido às preocupações bancárias e ao rápido enfraquecimento da economia”, escreveu Edward Moya, analista sênior de mercado da Oanda, em e-mail ao CoinDesk. “O Fed pode ter parado de apertar, mas o risco de algo mais quebrar no setor financeiro permanece elevado.” 

Em audiência com senadores na quarta-feira, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, descartou a possibilidade de o governo americano garantir todos os depósitos bancários, segundo informações que circularam no mercado. 

Diante desse cenário, o investidor Bill Ackman vê risco de que os saques bancários possam se acelerar nos EUA, segundo tuíte do CEO da Pershing Square. 

“Eu ficaria surpreso se as saídas de depósitos não se acelerassem imediatamente”, escreveu Ackman. 

Hoje o Banco da Inglaterra também tem decisão de juros e a expectativa de economistas é de mais aperto monetário, enquanto o banco central da Suíça subiu a taxa básica em 0,5 ponto, para 1,5%, apesar da turbulência recente que resultou na compra do Credit Suisse pelo UBS. 

Outros destaques das criptomoedas   

A Bitget, nona maior corretora de criptoativos no mundo, investiu US$ 30 milhões na carteira digital BitKeep, que trabalha de forma descentralizada com diferentes blockchains, conforme o Valor. Com o aporte, a BitKeep passa a ter um valuation de US$ 300 milhões e a Bitget se torna a maior acionista da carteira digital. Com o negócio, a corretora amplia sua atuação para o segmento de wallets e passa a oferecer serviços de armazenamento e gerenciamento de ativos. 

A Circle, emissora da stablecoin USDC, disse que a conta do Twitter de seu diretor de estratégia foi hackeada na quarta-feira (22), depois da postagem de um link que parecia oferecer aos detentores do token um “bônus único”. A conta no Twitter de Dante Disparte, diretor de estratégia da Circle, enviou uma série de tuítes que pareciam abordar a recente perda da paridade com o dólar da stablecoin, segundo a Reuters. Um dos tuítes – que não está mais visível – disse que a Circle iria distribuir “um bônus único de USDC a todos os detentores existentes”. 

Talvez o momento não seja o mais propício diante das acusações da SEC contra o fundador da Tron, mas usuários do Telegram agora podem fazer transferências entre si da stablecoin USDT, da Tether, na rede de Justin Sun, informou o Decrypt. É a terceira maior criptomoeda, com valor de mercado de US$ 78 bilhões e lastreada pelo dólar americano. 

Na França, reguladores também apertam o cerco. Parlamentares franceses votaram uma nova lei para impedir que influenciadores de redes sociais promovam produtos cripto não licenciados. A emenda colocaria os ativos digitais na mesma categoria de produtos financeiros de risco, jogos de azar e produtos farmacêuticos, com os infratores podendo pegar dois anos de prisão e pagar multa de 30 mil euros. A lei destina-se a proteger consumidores de produtos inseguros ou golpes diretos, conforme o CoinDesk

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