O mercado de criptomoedas opera sem rumo definido nesta segunda-feira (17), com fraco desempenho dos maiores tokens em contraste com ganhos para algumas altcoins.
Nas bolsas globais, investidores compram ações em clima de cautela à espera de mais balanços de gigantes como Bank of America e Morgan Stanley nesta semana.
O Bitcoin (BTC) recua 1,4% nas últimas 24 horas, para US$ 29.932,74, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC registra baixa de 1,3%, cotado a R$ 149.073,48, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH), que chegou a subir para a maior cotação em 11 meses após a atualização Shanghai, opera com estabilidade, negociado a US$ 2.095,92.
As principais altcoins operam entre perdas e ganhos, com destaque para BNB (+2,8%), XRP (-1,3%), Cardano (-2,1%), Dogecoin (+3,5%), Polygon (+0,6%), Solana (+4,3%), Polkadot (-0,8%) e Shiba Inu (+0,0%)
Avalanche (AVAX) sobe quase 7% nas últimas 24 horas e acumula alta de 17,5% em sete dias. O número de endereços ativos diários na blockchain atingiu o maior nível em seis meses, de acordo com o CoinDesk.
O ARB, token nativo da blockchain Arbitrum, opera em alta de 1% e mostra ganho de 38% na última semana. Uma proposta polêmica para devolver 700 milhões dos tokens de governança à DAO da Arbitrum foi rejeitada pela grande maioria de participantes da votação no sábado (15), informou o Cointelegraph.
Bitcoin hoje
A desvalorização do Bitcoin nesta segunda coincide com o debate sobre o suposto fim do inverno cripto, diante do recente rali da maior criptomoeda.
Análise da Bloomberg aponta que, embora o Bitcoin tenha avançado mais de 80% neste ano, os ganhos não são acompanhados por tokens mais novos.
O índice Bloomberg Galaxy DeFi, que rastreia os maiores protocolos de finanças descentralizadas, recuperou apenas cerca de um décimo da queda de 2 mil pontos do ano passado.
“Naturalmente, o investidor cripto se contorce em sua cadeira para gritar que entramos em um ‘bull market’, mas ainda é cedo para decretar isso”, afirma André Franco, chefe de análise do MB. “Acredito que ainda não teremos um ano de recordes de preço, mas temos fôlego para buscar os US$ 40 mil ou US$ 50 mil.”
Efeito Shanghai
No caso do Ethereum, a segunda maior criptomoeda mostra alta acima de 70% desde janeiro.
Após a bem-sucedida atualização Shanghai, as retiradas de ETH ficaram em 1 milhão de tokens até a noite de domingo (16), mesmo com os preços perto da máxima em 11 meses, destaca o CoinDesk.
Os tokens foram retirados em quase 477.805 transações em um intervalo de poucos segundos, mostram os dados do rastreador Beacon Chain.
A Shanghai pode representar a porta de saída de vários nomes de peso do “staking” de Ethereum, especialmente de corretoras cripto centralizadas.
A exchange cripto americana Kraken está entre as empresas na fila para finalizar sua atuação como validadora da rede. Em fevereiro, a empresa concordou em suspender seus produtos de staking a clientes dos EUA como parte de uma multa de US$ 30 milhões imposta pela SEC.
Binance na mira da CVM
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários também aperta o cerco. Reportagem do InfoMoney revela que a Binance pode ter cometido “crimes de ação penal pública”, segundo comunicado enviado pela CVM à Procuradoria da República no Estado de São Paulo.
A informação está nos autos do processo administrativo sancionador aberto pela autarquia no mês passado para investigar a maior exchange cripto do mundo.
Segundo o ofício encaminhado em dezembro, há indícios de que a Binance possa ter praticado crimes contra o sistema financeiro nacional e infringido a legislação que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários.
Procurada pelo InfoMoney, a Procuradoria informou que há um procedimento aberto no órgão, mas não forneceu mais detalhes porque o processo corre em sigilo. A Binance não respondeu a um pedido de comentário.
No final de março, a CVM voltou a investigar a Binance pela suposta oferta irregular de derivativos para clientes brasileiros.
O Processo Administrativo Sancionador 19957.008369/2022-11 também investiga possível atuação irregular da Binance no Brasil como intermediária de valores mobiliários, após receber “novos fatos após as tratativas iniciais”.
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Contatada na época, a Binance negou que ofereça derivativos no país.
Cassinos online
Enquanto isso, casas de apostas online que atuam no mercado brasileiro continuam dando dor de cabeça aos consumidores e autoridades.
No caso da Betano, juizados especiais alegam não ter como enviar solicitações judiciais para a Europa, onde a casa de apostas online tem sede. Com isso, usuários ficam restritos aos processos cíveis, mais lentos e caros, mostra reportagem do Portal do Bitcoin.
Já a Blaze, que patrocina Neymar, Felipe Neto e a equipe do Santos, nem sequer responde a clientes no Reclame Aqui. As últimas respostas no site de defesa do consumidor a queixas sobre dificuldades para saques foram postadas há cerca de dois meses.
Pagamentos em cripto
O mercado brasileiro ainda aguarda o decreto que vai definir os reguladores da indústria cripto no Brasil. Em entrevista à Folha, o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso, afirmou que a instituição também está na expectativa: “É uma decisão que cabe ao presidente da República”.
Apesar da indefinição, algumas empresas já avançam com tudo nesse campo.
Durante o evento Digital Money Meeting realizado na semana passada, André Costa, CEO da Use Telecom, disse que o provedor de internet já aceita cripto como forma de pagamento de contas de banda larga residencial, segundo informações do portal Minha Operadora.
De acordo com o executivo, entre 80 e 90 clientes já pagam com moedas digitais e a meta da empresa é expandir essa oferta para outros 20 mil consumidores.
Em artigo no E-Investidor, Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios do MB, destacou a contribuição do universo cripto para o futuro dos pagamentos:
“À medida que o real digital, o PIX e as stablecoins evoluem e se integram, podemos esperar um futuro financeiro mais ágil, eficiente e inclusivo. O BCB (Banco Central do Brasil) tem demonstrado habilidade e visão ao promover a inovação e a integração dessas tecnologias, estabelecendo as bases para um sistema financeiro mais moderno e resiliente. Some-se a tudo isso a força dos empreendedores, locais e estrangeiros, seguros de que disputam um jogo justo por conta de uma regulação bem feita e que promova a inovação.”
E por falar em real digital, o BC vai apresentar sua moeda virtual e novidades do PIX no Lift Day, evento aberto ao público que acontece em 25 de abril, cujas inscrições já estão abertas.
Aposta de Musk em Inteligência Artificial (AI)
Os projetos de inteligência artificial também concentram a atenção de grandes investidores neste ano.
Quem acaba de entrar na corrida é Elon Musk, dono do Twitter, da montadora de carros elétricos Tesla e da SpaceX.
Segundo o Financial Times, o bilionário tem planos de lançar uma startup de AI para competir com a OpenAI, criadora do ChatGPT. Pessoas com conhecimento do assunto disseram ao FT que Musk está montando uma equipe de engenheiros e pesquisadores de IA para desenvolver um modelo rival.
Musk e a OpenAI não responderam a pedidos de comentários.
Ao mesmo tempo, o CEO do Google, outro gigante de tecnologia de olho em AI, fez um alerta sobre os riscos de implementar essa tecnologia sem cuidar da regulamentação.
“Ainda não temos todas as respostas e a tecnologia está avançando rapidamente”, disse Sundar Pichai. “Então, isso me tira o sono à noite? Absolutamente”, afirmou em entrevista ao programa 60 Minutes da rede americana CBS.
Mas o próprio Google é alvo de um processo nessa área: o Departamento de Justiça dos EUA disse que o ChatGPT e outras inovações tecnológicas poderiam ter sido lançadas anos atrás se a empresa não tivesse monopolizado o mercado de buscas na internet, de acordo com informações da Bloomberg.
Outros destaques das criptomoedas
O protocolo de empréstimos cripto Hundred Finance perdeu cerca de US$ 7,4 milhões depois de ser hackeado na Optimism, blockchain de segunda do Ethereum. O protocolo ainda estuda como a invasão ocorreu e busca entrar em contato com o hacker. O HND, token nativo do Hundred Finance, chegou cair 46% após a notícia, informou o Decrypt.
James Zhong, 32, residente da Geórgia, nos EUA, que roubou mais de 50 mil bitcoins do site ilegal Silk Road, avaliados em US$ 3,35 bilhões na época da apreensão, vai pegar um ano de prisão. Zhong foi condenado na sexta-feira (14) no tribunal federal de Nova York, onde se declarou culpado de fraude eletrônica no ano passado.
Um documento do Escritório de Ética Governamental dos EUA mostra que o ex-presidente Donald Trump ganhou de US$ 100 mil a US$ 1 milhão com as vendas de tokens não fungíveis (NFTs) da marca Trump. Os 45 mil colecionáveis digitais com a imagem do 45º presidente foram lançados em dezembro e se esgotaram em um dia, de acordo com o CoinDesk.
E desde a sexta-feira (14) torcedores poderão resgatar gratuitamente um token não fungível do Brasileirão, conforme a Exame. A iniciativa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) busca utilizar a tecnologia blockchain para aprimorar a experiência do torcedor em uma plataforma exclusiva.
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