Letreiro do Banco Santander
(Foto: Shutterstock)

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) ordenou o Banco Santander a reabrir a conta corrente da corretora Bitcoin Max, que havia sido cancelada no último mês sem prévia notificação e pelo motivo de “desinteresse comercial”. O descumprimento da ordem judicial pode custar à instituição financeira até R$5 mil em multa.

A decisão foi proferida pela 8ª turma cível do TJDFT. Ao conceder a tutela antecipada (espécie de decisão liminar) à corretora, a desembargadora e relatora do caso, Ana Catarino, afirmou que a falta de comunicação prévia do banco sobre o encerramento da conta é conduta abusiva vedada pelas regras de proteção ao consumidor e viola “o contido na Resolução nº 2.025/93 do Banco Central do Brasil”.

Publicidade

O fato é que, segundo consta na decisão, o encerramento de conta bancária de uma empresa ocasiona problemas consideráveis na continuação de suas atividades. A desembargadora diz que o “risco de dano” à empresa é grande em “aguardar o julgamento da demanda para ter a reativação de sua conta bancária”, sendo necessária a antecipação do direito em manter a conta aberta enquanto se discute o caso.

Apesar de não ser decisão definitiva, isso representa uma vitória para a corretora brasiliense que teve o pedido de liminar negado anteriormente pela juíza, Geilza Fátima Cavalcanti Diniz, da 3ª Vara Cível de Brasília.

A juíza disse, em decisão, que “o encerramento da conta é uma faculdade da instituição bancária” não havendo “ilegalidade da conduta” do banco e afirmou:

“Pelas razões expostas, o requisito da probabilidade do direito do autor não se faz presente, motivo pelo qual indefiro o pedido de tutela de urgência.”

Publicidade

Rodrigo Portolan, advogado da Bitcoin Max, afirma que a empresa teve de apresentar o recurso de agravo para que essa decisão fosse revista pelo tribunal, pois o prejuízo seria grande para a exchange que sequer teve tempo de se programar.

Do cancelamento ao processo

Portolan diz que a empresa não foi sequer notificada e descobriu que sua conta estava encerrada ao acessar o aplicativo do banco no mesmo dia (15 de agosto) em que foi cancelada a conta.

“Indagado o gerente do banco, esse não soube precisar o motivo. Ainda informou que o cliente teria que ir atrás da informação, pois ele não poderia passar”, afirma.

Adriano Zanella, CEO da AL – informática Ltda – Me (razão social da Bitcoin Max), disse: “eu soube do encerramento da conta quando fui realizar um TED no banco”.

Publicidade

Ele afirma que o Banco Santander não bloqueou o dinheiro da corretora, como ocorreu com o Banco do Brasil que informou essa semana – por meio do seu gerente – a corretora que cancelaria sua conta e bloqueou o montante de R$120 mil.

Zanella disse que assim como o Santander, o Banco do Brasil não enviou qualquer notificação sobre o encerramento da conta corrente. A diferença é que o primeiro não bloqueou qualquer valor da corretora e também não ameaçou de cancelar a conta.

Mas o fato de o Santander não notificar sobre o encerramento da conta corrente foi o motivo para a empresa levar o caso ao judiciário. O advogado da Bitcoin Max afirma que a ação do banco foi “em total desrespeito à resolução 2.025 do Banco Central e do código de defesa do consumidor”.

“Nenhuma empresa consegue desenvolver as suas atividades sem conta corrente. Fica impossibilitada de assumir compromissos e obrigações com terceiros. Ainda mais quando a atitude do banco se deu de forma unilateral, sem qualquer aviso prévio”.

A ação nº 0724682-76.2018.8.07.0001, que tramita na 3ª Vara Cível de Brasília, foi movida no dia 22 de agosto. No mesmo dia foi negada a tutela antecipada de urgência.

Publicidade

O recurso de agravo de instrumento, entretanto, foi apresentado no último dia 29 e a decisão da 8ª Turma Cível do TJDFT concedendo o direito da corretora manter sua conta aberta no banco Santander enquanto se discute o caso foi proferida no dia 03 desse mês.

A decisão, contudo, foi publicada na última quarta-feira, (05). O Santander tem até cinco dias para reabrir a conta corrente da AL – informática Ltda –ME (Bitcoin Max), “nos moldes contratados” sob pena de pagar “multa diária de R$500 até o limite de R$5 mil”.

Precedentes

Essa não é a primeira vez que uma corretora tem sua conta corrente cancelada por bancos. O Portal do Bitcoin tem acompanhado de perto esses casos e já fez até uma relação dos precedentes que vem ocorrendo desde 2015, com o emblemático caso do “Mercado Bitcoin versus Banco Itaú”.

Esse caso está aguardando julgamento no Superior Tribunal de Justiça e deve servir de parâmetro para os demais casos. Será a primeira vez que o STJ vai se manifestar sobre esse tema e o julgamento já foi marcado para o próximo dia 11.

Paralelo à essa discussão no judiciário está o processo administrativo movido pela Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB) junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

A decisão do STJ é bastante importante, pois vai trazer um precedente a ser seguido por outros tribunais.  Contudo, o que o Cade decidir vai vincular as relações entre as instituições financeiras e as Exchanges, pelo fato dele ser um órgão regulador no ambiente econômico com o intuito de afastar qualquer ato abusivo ou anti-concorrencial.

Publicidade

Compre Bitcoin no Celular

A BitcoinTrade é a melhor plataforma para operar criptomoedas do Brasil.
Compre Bitcoin, Ethereum e Litecoin com segurança e liquidez, diretamente pelo app.
Baixe agora e aproveite, acesse: www.bitcointrade.com.br

VOCÊ PODE GOSTAR
hamster kombat jogo telegram

Hackers tentam roubar criptomoedas de jogadores do Hamster Kombat

Os golpistas têm anunciado falsos airdrops e pré-venda do token que ainda não existe
Imagem da matéria: Diretor da Binance no Brasil faz reunião com Banco Central para tratar sobre “supervisão”

Diretor da Binance no Brasil faz reunião com Banco Central para tratar sobre “supervisão”

Sobrinho do Ministro da Economia, Guilherme Haddad Nazar irá se encontrar o diretor de fiscalização e a diretora de supervisão de conduta do BC
Imagem da matéria: Divulgador da BitConnect é proibido de administrar empresas por 5 anos

Divulgador da BitConnect é proibido de administrar empresas por 5 anos

Bigatton foi condenado na sexta-feira (12) a três anos de reconhecimento de bom comportamento e desqualificado para administrar empresas por cinco anos
Tela de celular mostra logotipo Drex- no fundo notas de cem reais

Qual é o problema de privacidade do Drex e por que é tão difícil resolvê-lo

Em maio, o Banco Central adiou o projeto do Drex para resolver problemas de privacidade, mas o que isso significa?