Os funcionários públicos da cidade chinesa de Changshu começarão a receber seus salários na Moeda Digital de Banco Central (CBDC) do país asiático já no próximo mês, à medida que a implantação da tecnologia financeira na China continua em ritmo acelerado.
A nova iniciativa vai afetar funcionários como médicos, professores e jornalistas, de acordo com o jornal South China Morning Post. Localizada a menos de 160 km de Xangai, a cidade de Changshu abriga mais de 1,5 milhão de habitantes.
O aviso veio das autoridades financeiras da cidade, de acordo com os meios de comunicação locais. Descrito como um “Aviso sobre a implementação da emissão de yuan digital como salário integral”, a mudança entrará em vigor a partir de maio.
O uso da CBDC da China já se expandiu para 26 regiões diferentes em 17 das 23 províncias do país, afirma a reportagem. Não muito longe da cidade de Changshu, Taicang foi o primeiro local com uma instituição pública a oferecer integralmente salários em yuan digital, um marco alcançado em julho de 2022.
Outra matéria apontou que a cidade de Changshu já promoveu o uso do yuan digital em certas situações, como o pagamento de transporte público, despesas médicas, mantimentos e serviços públicos como gás e água.
Changshu está sob a jurisdição da região de Suzhou. A própria cidade de Suzhou foi um dos primeiros campos de ensaio para o seu piloto do yuan digital em 2020, bem como Shenzhen, Xiongan e Chengdu.
Em dezembro desse mesmo ano, os cidadãos de Suzhou participaram de um airdrop de CBDCs, onde US$ 3 milhões em yuan digital foram distribuídos entre 10 mil residentes.
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CBDCs no centro da polêmica
Os CBDCs se assemelham a stablecoins porque são tokens digitais atrelados ao preço de uma moeda soberana, como o dólar americano ou o yuan chinês. No entanto, em vez de serem emitidos por entidades comerciais em redes descentralizadas, os CBDCs são emitidos e controlados pelo governo ou Banco Central de um país.
A mudança ocorre em meio a conversas crescentes nos EUA sobre os perigos potenciais de uma CBDC, que se propagaram recentemente para ambos os lados do espectro político. O governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, e o Democrata Robert F. Kennedy Jr. criticaram a tecnologia como propensa a abusos e uma suposta afronta aos direitos de privacidade financeira dos norte-americanos.
A evolução na China acontece em meio ao ressurgimento de Hong Kong como um lugar potencial para os atores de ativos digitais fazerem negócios, especialmente em meio a uma repressão regulatória das criptomoedas nos EUA que, segundo os alertas de alguns políticos, empurrará a indústria para outros países.
Embora apenas 11 países, incluindo as Bahamas, tenham lançado totalmente uma CBDC, a tecnologia tem avançado em todo o mundo, de acordo com o CBDC tracker. Hoje, cerca de cem países estão testando, pesquisando e desenvolvendo a tecnologia, inclusive o Brasil, por meio do Real Digital.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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