O casal americano Jonathan e Diana Toebbe, moradores de Annapolis, em Maryland, nos Estados Unidos, foi preso pelo FBI no último sábado (9) no condado de Jefferson, na Virgínia. Eles são acusados de espionagem por terem comercializado arquivos secretos de projetos nucleares da Marinha dos EUA por US$ 100 mil em criptomoeda Monero (XMR).
Jonathan Toebbe, de 42 anos, é engenheiro designado ao programa nuclear naval do órgão de defesa americano; Diana, 45, é professora de uma escola particular. De acordo com o Departamento de Justiça (DoJ), a família Toebbe vinha praticando o crime havia um ano e foram pegos em flagrante pelo seu último cliente, um policial disfarçado do FBI que se passou por um agente de um governo estrangeiro.
Com o casal, o policial negociou informações conhecidas como “Dados Restritos” sobre o projeto de navios de guerra movidos a energia nuclear.
“A petição inicial é baseada em uma conspiração para transmitir informações relacionadas ao projeto de nossos submarinos nucleares para um país estrangeiro”, disse o procurador-geral Merrick B. Garland.
O engenheiro era habilitado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos a acessar dados restritos do projeto nuclear da Marinha, que incluía informações relacionadas a elementos militares sensíveis, parâmetros operacionais e características de desempenho dos reatores usados nos navios de guerras americanos.
Com esses dados em mãos, Jonathan negociou por vários meses com o agente do FBI, enviando trechos dos arquivos por emails com chave criptográfica a partir de Pitsburgo, cidade na Pensilvânia.
Negociação com criptomoeda Monero
A criptomoeda Monero é intrinsecamente focada em privacidade, ou seja, de difícil rastreamento, diferente, por exemplo, do Bitcoin, cujas transações são facilmente rastreadas a ponto de se chegar ao operador. Portanto, a família Toebbe sabia muito bem o que estava fazendo.
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Como descreve o DoJ, em 8 de junho deste ano, o agente do FBI enviou aos Toebbes US$ 10 mil em monero, como sinal de boa-fé na negociação que vinha ocorrendo desde abril de 2020. Duas semanas depois, o casal viajou para Virgínia. Lá, em um lugar previamente arranjado de um estabelecimento, Jonathan escondeu um cartão de memória criptografado com parte dos arquivos dentro de um sanduíche; “Diana ficou de vigia”, diz o órgão.
Informado do local, o agente do FBI pegou o cartão e em seguida enviou mais um pagamento de US$ 20 mil, como combinado. Jonathan, então, enviou por email a senha para que Toebbe descriptografar o dispositivo. “Uma revisão do cartão SD revelou que ele continha dados restritos relacionados a reatores nucleares submarinos”, descreve o DoJ.
Segundo o órgão, em 28 de agosto, Jonathan repetiu a ação, daquela vez escondendo o cartão em um pacote de chicletes, e do outro lado da cidade. O policial então lhe transferiu US$ 70 mil na mesma criptomoeda.
O FBI prendeu Jonathan e Diana Toebbe em 9 de outubro, depois que ele repetiu a ação em outro ponto no município de Virgínia. A ação teve apoio da Unidade de Investigações Criminais da Marinha dos EUA (NCIS) .
Com a repercussão do caso, os vizinhos dos Toebbes disseram estar surpresos com a denúncia, segundo reportagem da TV local WBAL. No perfil de Diana no Instagram, usuários têm tachado o casal de “traidor”.
Ainda segundo o DoJ, o casal irá enfrentar o tribunal na próxima terça-feira (12) e pode ser indiciado conforme as leis de Energia Nuclear do país, por um juiz em Martinsburg, cidade à oeste da Virgínia, que fica no Condado de Berkeley.