Se 2021 foi o ano da entrada do Bitcoin para o mundo “mainstream” (jornais tradicionais, televisões, conversas informais entre amigos, propagandas durante o futebol), essa semana é um marco dentro do marco: a expectativa é que na terça-feira (19) o primeiro ETF vinculado ao bitcoin da história dos Estados Unidos entre no mercado.
O jornal The New York Times noticiou o fato com a título “Bitcoin entra para a grande arena”. O fundo negociado em bolsa (ETF, na sigla em inglês) será da empresa ProShares, irá estrear na Bolsa de Valores de Nova York e já tem até ticker: $BITO.
“O ano de 2021 será lembrado por este marco”, disse Michael Sapir, CEO da ProShares, em entrevista ao jornal americano.
O entusiasmo não é compartilhado apenas pela companhia e seu executivo chefe. Douglas Yone, líder de produtos negociáveis da Bolsa de Valores de Nova York, disse ao jornal que esse é “um passo empolgante, mas não o último”.
A expectativa com o ETF tem sido o carro chefe para a mais recente alta do Bitcoin. No momento da publicação desta reportagem, o BTC estava cotado a US$ 60,955, aproximando-se da alta histórica de US$ 64,800.
EUA relutante com ETF e bitcoin
ETFs vinculados a Bitcoin não são novidades em outros países. Brasil, Canadá e Emirados Arábes já dispõe desses produtos para os investidores.
Mas a maior economia do mundo vinha mostrando enorme relutância em abrir a comporta. Durante oito anos, diversas corretoras de criptomoedas apresentaram vários projetos de ETF com Bitcoin e todos foram rejeitados pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
Em entrevista ao Portal do Bitcoin, o sócio e gestor de portfólio da BLP Crypto, Alexandre Vasarhelyi, disse à reportagem que a chegada dos ETFs nos EUA é um marco histórico e de suma importância para o setor de criptomoedas.
Como será o ETF de futuros de bitcoin na prática?
Vasarhelyi explicou que após a “benção” da SEC, o trâmite para o ETF passar a ser negociado seguirá o mesmo processo de que qualquer outro produto deste estilo: “A gestora faz uma oferta inicial, vende cotas para os clientes e determinam o dia que vão lançar o fundo. A hora que o fundo for lançado, ele entra em bolsas como Nasdaq e NYSE e a partir daí, qualquer pessoa pode comprar”.
No entanto, os ETFs que estão prestes a ser lançados nos Estados Unidos não são iguais aos que existem no Brasil, como bem diferenciou o diretor jurídico da Hashdex, Bruno Sousa, em conversa com a reportagem.
“Esses ETFs são baseados nos contratos futuros de bitcoin, ou seja, que não são o bitcoin em si mas sim contratos negociados na CME (Bolsa de Chicago). A diferença principal é que eles não conseguem acompanhar a variação do bitcoin de maneira adequada como os ETFs spots que temos no Brasil, então ele não é um instrumento perfeito para acompanhar a cotação do bitcoin”, explicou Sousa.