Símbolo do Bitcoin em um cume à frente da Lua
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A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) pode estar prestes a aprovar o primeiro ETF vinculado ao bitcoin da história dos Estados Unidos. A expectativa, que ainda não foi confirmada, fez o ativo subir 8%, chegar a US$ 61 mil e se aproximar da máxima histórica.

Um fundo negociado em bolsa (ETF, na sigla em inglês) permite que investidores mais tradicionais tenham uma forma simplificada de se expor às criptomoedas, sem precisar comprá-las diretamente, algo que poderia criar uma enorme injeção de capital do mercado cripto.

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Enquanto os ETFs também avançaram em outros países como Brasil, Canadá e Emirados Árabes, os reguladores norte-americanos se mantiveram resistentes a aprovar esse produto.

Várias gestoras se mobilizaram para criar um produto ao gosto da SEC, mas sem sucesso. No momento, o prazo que os reguladores têm para barrar alguns desses ETFs está prestes a acabar.

Na noite passada (14), uma reportagem da Bloomberg sinalizou que o órgão regular está pronto para abrir de vez a porteira e deixar que os ETFs das gestoras ProShares e da Invesco cheguem ao mercado já na próxima semana.  

Já nesta sexta-feira (15), a Bloomberg adicionou nos seus terminais o ETF de futuros de bitcoin da ProShares sob o ticker $BITO. Segundo o analista James Seyffart, o produto pode estar disponível para negociação já na próxima segunda ou terça-feira.

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“Depois de oito anos de tentativas de várias gestoras de criptomoedas para conseguir ter um ETF, finalmente teremos nos EUA um produto que procura representar a variação do ativo. Embora tenha algumas imperfeições, sem dúvida o ETF é um avanço positivo”, disse ao Portal do Bitcoin o diretor jurídico da Hashdex, Bruno Sousa.

O sócio e gestor de portfólio da BLP Crypto, Alexandre Vasarhelyi, disse à reportagem que a chegada dos ETFs nos EUA é um marco histórico e de suma importância para o setor de criptomoedas.

“Faz cinco anos que estou nesse negócio e há cinco anos espero um ETF de bitcoin. Esses produtos são peças fundamentais para a indústria de fundos. Se acontecer a mesma coisa que aconteceu com o ETF de ouro quando ele foi lançado, o ciclo de alta vai ser muito longo. Quando lançaram o ETF de ouro, o ativo continuou subindo por mais 10 anos. Por que seria diferente!?”, explicou.

Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin, lembra que ETF de Futuros de Bitcoin está programado para início de negociação na próxima terça e que a SEC não se pronunciou nem a favor nem contra. O prazo é no final da próxima segunda-feira.

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“Reforço aqui que não foi aprovado nem negado e o mais provável que aconteça é que a decisão seja postergada para 2022”, disse.

A expectativa da novidade também demonstra o amadurecimento da indústria cripto na visão de Vasarhelyi, que relembra que até 2018 não havia no mercado formas de investir nos futuros de bitcoin, índices ou custódia profissional por empresas.

Para o especialista, o ETF era a última barreira que o ativo precisava romper. “Quais eram as barreiras do passado? Virar moeda? já é moeda em El Salvador. Algum Banco Central comprar? O Banco Central da Bulgária, Ucrânia e El Salvador já compraram. Nomes importantes investirem? Paul Tudor Jones já investiu. Eu acho que a última barreira era o ETF, não consigo ver nada desse tamanho pela frente”, concluiu.

Como será o ETF de futuros de bitcoin na prática?

Alexandre Vasarhelyi explicou que após a “benção” da SEC, o trâmite para o ETF passar a ser negociado seguirá o mesmo processo de que qualquer outro produto deste estilo: “A gestora faz uma oferta inicial, vende cotas para os clientes e determinam o dia que vão lançar o fundo. A hora que o fundo for lançado, ele entra em bolsas como Nasdaq e NYSE e a partir daí, qualquer pessoa pode comprar”.

No entanto, os ETFs que estão prestes a ser lançados nos Estados Unidos não são iguais aos que existem no Brasil, como bem diferenciou o diretor jurídico da Hashdex, Bruno Sousa, em conversa com a reportagem. 

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“Esses ETFs são baseados nos contratos futuros de bitcoin, ou seja, que não são o bitcoin em si mas sim contratos negociados na CME (Bolsa de Chicago). A diferença principal é que eles não conseguem acompanhar a variação do bitcoin de maneira adequada como os ETFs spots que temos no Brasil, então ele não é um instrumento perfeito para acompanhar a cotação do bitcoin”, explicou Sousa.

João Marco da Cunha, o gestor de portfólio da Hashdex, completou a explicação do colega:

“O problema principal não é a rolagem (troca de um contrato para um vencimento mais longo) e sim o carrego, que é a spread entre o preço do futuro e o spot. Inclusive, acho que a tendência é que, com o lançamento dos ETF de futuros, aumente a demanda na ponta comprada, aumentando ainda mais o carrego que já é alto”. 

Embora o ETF baseado nos futuros de BTC tenha seus contrapontos, é compreensível que o produto seja a porta de entrada das criptomoedas neste mercado, pois são opções menos arriscadas aos investidores. 

“Gary Gensler (presidente da SEC) queria um produto baseado na lei de 1940 que regula ETFs, uma lei muito mais rígida em relação ao produto e que dá mais proteção ao investidor. No entanto, você não consegue fazer um ETF direto de bitcoin sob a lei de 40, então a saída foi justamente os contratos futuros”, disse Sousa.

De acordo com o especialista, o mercado espera à seguir a aprovação de um ETF de spot que oferece ao investidor a exposição direta ao BTC: “Esse é o produto ideal, mas nossa estimativa é que esse tipo de ETF nos EUA não chegue de forma tão rápida. Pode demorar ainda um ano ou mais”.

Até lá, resta ficar de olho para ver como será a adoção dos ETFs de futuros de bitcoin quando eles chegarem nas bolsas americanas. “É importante ver esse movimento com um pouco de cautela e não achar que isso vai causar uma escalada infinita de preços. Sem dúvida, a notícia sinaliza um avanço importante na regulação e no mercado, mas ainda não é o produto definitivo”, disse Souza.

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Se caso aprovado, acredita Bruno Milanello, seria um indicativo de futuras aprovações de diversos produtos do mundo cripto dentro de um dos mercados mais regulados do mundo, o dos Estados Unidos, o que traria um fluxo de capital gigantesco em transações nos mais diversos produtos financeiros.

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