Imagem da matéria: Entenda como a eleição nos EUA pode influenciar o preço do Bitcoin e outras criptomoedas
Donald Trump e Kamala Harris (Fotos: Shutterstock)

Na próxima terça-feira (5) ocorre o evento mais aguardado de 2024: a eleição presidencial nos Estados Unidos entre Donald Trump e Kamala Harris. O mundo inteiro irá acompanhar de perto este acontecimento, que deve ser bastante importante também para o mercado de criptomoedas.

Como maior economia do mundo, os EUA são referência para praticamente tudo que acontece ao redor do globo, principalmente na economia. Movimentos como ajustes nas taxas de juros, aumentos inflacionários ou a entrada em recessão têm o potencial de influenciar mercados internacionais e afetar diretamente os preços de diversos ativos ao redor do mundo.

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Para o Bitcoin (BTC) e o mercado cripto como um todo, além da recente correlação com a economia tradicional, políticas específicas para ativos digitais podem direcionar os preços, especialmente considerando que os EUA ainda são um país relativamente restritivo em relação ao setor.

Quando ocorre a eleição nos EUA

A eleição ocorre no dia 5 de novembro, lembrando que no país o voto não é obrigatório. Por conta disso, o pleito ocorre durante a semana, numa terça-feira, e não é feriado nacional.

Além disso, é importante lembrar que os EUA não adotaram a urna eletrônica e, por conta disso, o resultado costuma demorar para sair. No caso de 2024, a definição do próximo presidente pode demorar dias.

Na última eleição, em 2020 entre Joe Biden e Donald Trump, o pleito ocorreu em uma terça e o resultado final só foi divulgado no sábado seguinte. E com a forte divisão política e questionamentos de processos, principalmente por parte de Trump, é importante ficar atento a possíveis judicializações dos dados, o que pode atrasar ainda mais o resultado.

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Como funciona a eleição nos EUA

Diferentemente do que ocorre no Brasil, onde o eleitor vota diretamente em seu candidato, nos EUA o formato é chamado de voto indireto. Nele, os votos são dados aos chamados delegados, que por sua vez votam no candidato escolhido, que ganha o “Colégio eleitoral”, constituído por 538 delegados. Ou seja, para que o presidente seja eleito, ele precisa conquistar 271 delegados.

Cada estado tem uma quantidade diferente de delegados e é esse número que define o candidato eleito. Em 48 dos 50 estados americanos, o formato é conhecido como “winner takes all” (o vencedor leva tudo), ou seja, o candidato que tiver mais votos naquela região – não importa por qual margem – recebe todos os delegados.

As exceções são os estados de Maine e Nebraska (com 4 e 5 delegados, respectivamente), que distribuem os votos de acordo com a proporção recebida por cada candidato.

Esse formato permite que um candidato vença a eleição sem ter maioria absoluta de votos, o que já aconteceu, por exemplo, em 2016 entre Hillary Clinton e Donald Trump, e também em 2000, quando Al Gore recebeu cerca de meio milhão de votos a mais do que George W. Bush, mas perdeu.

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Maiores estados e os “swing states”

Neste formato, alguns estados acabam tendo mais importância do que outros na decisão de quem vence. Baseado no tamanho da população, é definida a quantidade de delegados que cada estado tem.

Os maiores são a Califórnia, com 54 delegados, Texas, com 40, seguido por Flórida (30), Nova York (28), Illinois (19) e Pensilvânia (19), e assim por diante.

Apesar de terem mais força, muitos desses estados costumam votar sempre no mesmo partido e acabam sendo vitórias já antecipadas para cada candidato. Por exemplo, a Califórnia costuma ser democrata e o Texas, republicano.

Por isso, quem realmente define a eleição são os chamados “swing states”, ou seja, estados que variam de partido a cada eleição. E esse é o caso de Flórida, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Arizona e Carolina do Norte, por exemplo, onde a disputa normalmente é bem apertada.

O que dizem as pesquisas

Vale lembrar que, em um caso raro, em julho houve a mudança do candidato democrata, que deixou de ser o atual presidente Joe Biden e passou a ser a atual vice, Kamala Harris. Diante disso, as pesquisas mais antigas são essas de cerca de três meses atrás.

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Logo que assumiu a candidatura, Kamala apareceu com certa vantagem em todas as pesquisas sobre o republicano Donald Trump. Porém, desde então a diferença só diminuiu e chegamos aos últimos dias de campanha com os dois empatados em praticamente todas as avaliações.

Vale destacar que, por conta do formato indireto da eleição, as pesquisas tendem a “errar” mais nos EUA e terem margens de erro maiores. Além disso, o formato de cada uma acaba variando bastante, com muitos levantamentos sendo feitos em estados e não necessariamente com uma visão nacional, até porque os dados refletem o voto da população, diferente do que é contabilizado na eleição em si.

Diante disso, a pesquisa Morning Consult, a que abrangeu mais eleitores até agora, mostrou também uma das maiores diferenças entre os dois, 50% para Kamala e 46% para Trump. Ela foi feita entre 18 e 20 de outubro.

Já a pesquisa GBAO/The Wall Street Journal, mostra o contrário: Trump com 47% e Kamala com 45%, empatados tecnicamente. Em geral, os dois aparecem com porcentagens muito próximas em todas as pesquisas. Segundo o agregador geral de pesquisas do New York Times, a democrata tem 49% contra 48% do republicano.

Algumas pesquisas estaduais mostram cenário muito próximos também, em especial nos principais swing states. Em Michigan, levantamento da UMass Lowell/YouGov feito com 600 eleitores prováveis, mostra Harris com 49% das intenções de voto, enquanto Trump tem 45%.

Na Carolina do Norte, Trump está a frente de Kamala, conforme pesquisa do mesmo grupo feita com 650 “prováveis eleitores”: o republicano tem 47% e a democrata, 45% — a margem de erro é de 4,2%

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Na Pensilvânia, Harris esta na frente de Trump por 48% a 47%, enquanto em New Hampshire, a pesquisa mostrou Harris à frente por 50% a 43%.

Kamala ou Trump, quem será melhor para cripto?

No início da campanha a posição do mercado de criptomoedas era bem clara: Donald Trump era o candidato que ajudaria o setor — e poderia fazer os preços dispararem.

Essa visão se dá por conta de declarações feita pelo próprio ex-presidente, que além de já ter lançado diversas coleções de NFTs, já disse, entre outras coisas, que quer tornar os EUA a “capital cripto do planeta“, que gosta de Bitcoin, além de sinalizar para executivos pró-cripto em seu eventual governo.

Trump também já pagou uma refeição com Bitcoin e foi demonstrado que ele possui milhões de dólares em Ethereum (ETH). Além disso, o ex-presidente recentemente se envolveu com alguns projetos voltados para o setor cripto, como o lançamento do World Liberty Financial.

Diante dessa visão, em setembro analistas da Bernstein apontaram que o Bitcoin poderia voltar para a faixa de US$ 30 mil a US$ 40 mil se Harris for a vitoriosa. Na mesma linha, Sebástian Serrano, CEO da Ripio, disse que seria melhor a eleição de Trump para o setor cripto. “Se Donald Trump ganhar, será muito bom para cripto, mas se Kamala Harris ganhar, será negativo para o setor”, disse ele em evento.

Mas essa visão começou a mudar nas últimas semanas, deixando de ser tão unânime a opinião de que Trump é melhor para o setor. No fim de setembro, Harris prometeu promover o crescimento das criptomoedas se ganhar a eleição, em sua primeira fala pública sobre o assunto.

Falando a doadores em um evento de arrecadação de fundos de alto nível em Nova York, Harris delineou sua agenda econômica, enfatizando a inovação e a criação de empregos por meio de tecnologias emergentes.

Na mesma semana, a atual vice-presidente disse que blockchain, IA e outras tecnologias emergentes serão uma parte fundamental de seu governo se for eleita. “Investiremos em biofabricação e no setor aeroespacial, continuaremos dominando a IA e a computação quântica, blockchain e outras tecnologias emergentes, [e] expandiremos nossa liderança em inovação e fabricação de energia limpa”, disse ela.

Com isso, ela tem ganhado mais apoio do setor cripto. Nos últimos dois meses, o cofundador e presidente do conselho da Ripple, Chris Larsen, realizou duas grandes doações para a campanha de Harris, uma de US$ 1 milhão e outra de US$ 10 milhões.

Além disso, especialistas começaram a dar novas visões para o futuro do mercado com quem vencer. Em um relatório, a equipe da VanEck afirmou que a democrata daria continuidade às atuais políticas econômicas que eles acreditam que enfraqueceriam o dólar americano e impulsionariam a adoção do Bitcoin. 

“Nós argumentaríamos que uma presidência de Kamala Harris pode ser ainda melhor para o Bitcoin do que um segundo mandato de Trump porque, em nossa opinião, aceleraria muitas das questões estruturais que impulsionam a adoção do Bitcoin em primeiro lugar”, argumenta o relatório de Matthew Sigel e Patrick Bush.

Diante desse cenário, o que se vê é um mercado que não acredita mais tanto que um seria muito melhor que o outro para o setor como um todo. Tanto que, há algumas semanas, traders dizem que o BTC está pronto para subir de qualquer maneira, podendo chegar logo aos US$ 80 mil guiado por diversos fatores macroeconômicos.

“Ambos os candidatos presidenciais adotaram posturas pró-cripto para atrair os eleitores, mas é difícil dizer se alguma de suas promessas se cumprirá”, disse Jeff Mei, diretor de operações da exchange de criptomoedas BTSE, ao CoinDesk.

“No entanto, está claro que o mercado está respondendo positivamente à próxima mudança na administração e nas políticas – seja Harris ou Trump, traders e investidores acham que qualquer tipo de mudança será boa”, completou Mei.

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