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Mixers de criptomoedas são serviços que permitem que usuários “apaguem” o rastro do dinheiro digital deixado por grande parte das transações em redes blockchain, como bitcoin (BTC) e ether (ETH). Esses serviços dificultam a análise do que estaria disponível e facilmente acessível na blockchain.

Enquanto defensores da privacidade defendem mixers de criptomoedas como uma forma importante de proteger a identidade de usuários individuais, um novo relatório da empresa de inteligência em blockchain Chainalysis afirma que a maior parte das criptomoedas enviadas a mixers este ano foi encaminhada por criminosos e países que recebem sanções econômicas do Ocidente.

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“Endereços ilícitos representam 23% dos fundos enviados a mixers até agora em 2022 — frente aos 12% registrados em 2021”, informa a Chainalysis – o principal tipo de endereços que envia dinheiro aos mixers.

A empresa reconhece que existem muitas razões legítimas para usar mixers, como para a negociação de cripto em um governo opressor ou a anonimidade legal de transações confidenciais.

“Porém, a funcionalidade principal de mixers, combinada com o fato de raramente, ou quase nunca, solicitarem informações KYC [ou “know your client”, de identificação pessoal], torna-os bastante atrativos a cibercriminosos”, afirma a Chainalysis.

A empresa de análise também alega que mixers receberam mais criptomoedas em 2022 do que nunca.

Uso sigiloso

Conforme o próprio nome sugere, “mixers” — também conhecidos como “tumblers” — unem transações depositadas por muitos usuários e as misturam. Na sequência, usuários recebem seus fundos equivalentes da quantia total ofuscada e com as taxas já descontadas.

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Segundo a Chainalysis, mixers são classificados como transmissores monetários nos Estados Unidos sob a Lei de Sigilo Bancário (ou BSA, na sigla em inglês).

Transmissores monetários devem ser registrados na Rede de Combate a Crimes Financeiros (ou FinCEN) e implementar um programa de combate à lavagem de dinheiro. Mesmo assim, a empresa disse que não tem informações sobre algum mixer que siga normas relacionadas a políticas de KYC ou de proteção à lavagem de dinheiro (ou PLD).

Autoridades americanas já acusaram, sancionaram e multaram diversas operações de mixers desde 2021.

Em agosto de 2021, Larry Harmon, CEO do mixer de bitcoin Helix, declarou-se culpado por acusações de lavagem de dinheiro por supostamente lavar 345.468 BTC, equivalentes a US$ 300 milhões na época. Harmon, que também operava o serviço de mixing Coin Ninja, foi multado em US$ 60 milhões.

Em abril deste ano, o Departamento de Justiça dos EUA (ou DOJ) cooperou com autoridades alemãs para confiscar os servidores do site russo da darknet Hydra e sancionou o site.

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Em maio, o Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (ou OFAC) do Departamento do Tesouro Americano emitiu sanções ao serviço de mixing cripto Blender.io por possuir ligações à Coreia do Norte, classificado como a primeira sanção desse tipo. De acordo com a agência, cerca de US$ 21 milhões dos US$ 622 milhões que haviam sido roubados da bridge Ronin do jogo Axie Infinity foram enviados ao Blender.

Em junho, cibercriminosos enviaram US$ 36 milhões em ethers (ETH) roubados da bridge Horizon do protocolo Harmony ao serviço de mixing Tornado Cash. Na sequência, a Chainalysis lançou um programa de resposta a incidentes disponível 24 horas por dia para auxiliar vítimas de hackers e ataques de ransomware.

A Chainalysis afirma que os fundos que passam por mixers vêm principalmente de corretoras centralizadas, protocolos de Finanças Descentralizadas (ou DeFi) e endereços conectados a atividades ilícitas relacionadas a países sancionados, mercados da darknet e hackers, como o grupo Lazarus da Coreia do Norte.

Em breve, mixers podem se tornar obsoletos — pelo menos, de acordo com a Chainalysis, conforme a empresa “continua refinando” sua capacidade em “desmisturar” determinadas transações e verificar a fonte original dos fundos.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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