Em coluna da Lucy Warwick-Ching, publicada no Financial Times de 23 de setembro de 2023 (“How can I stop my son investing in crypto”), foi colocada uma questão de um pai preocupado com o interesse do filho por investimentos em ativos digitais e no metaverso.
Será que o tema deveria ser motivo de preocupação ou uma oportunidade para a família conversar sobre planejamento financeiro?
Embora tenha passado por movimentos especulativos que geraram bolhas momentâneas, o ecossistema cripto vem se desenvolvendo desde a criação do Bitcoin em 2008, gerando mais de R$ 5 trilhões de valor (já foi de R$ 15 trilhões).
Após correção no último ano, o mercado cripto observa um crescimento de cerca de 30% em 2023, numa recuperação maior e mais rápida do que a de outros ativos com riscos equivalentes, como o mercado de ações e de commodities.
Isso não significa que os ativos digitais eliminaram seus riscos. Estamos falando aqui de uma nova tecnologia que tem ambição de, se não substituir, mas modificar de forma marcante a internet. Dependendo da adoção de blockchain como infraestrutura, migraremos da web2 (focada no social) para a web3 (transacional).
Dito isso, a questão está em qual percentual do patrimônio alocar no setor. Para gestores de grandes fortunas, esse montante recomendado estaria entre 1% a 5% do portfólio, gerando um efeito positivo relevante em caso de adoção plena, sem ferir os retornos do fundo caso a tecnologia não entregue todas as promessas.
Para pessoas físicas, considerando apenas o percentual dedicado a investimentos, alocar 10% a 20% entrega os mesmos resultados pensados para os investidores institucionais. No MB, desenvolvemos uma ferramenta baseada em inteligência artificial para ajudar nossos usuários a entender melhor o seu perfil, a BIO Financeira.
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A partir de outubro, com a entrada em vigor da Resolução 175 da CVM, os fundos multimercados poderão alocar até 10% do capital em criptoativos. Certamente será um movimento importante para educar investidores e democratizar o acesso a potenciais ganhos vindo de inovações tecnológicas de base.
Essa é a melhor maneira de ensinar seu filho a investir em cripto. Contextualizando. Investir em cripto é uma parte do todo. Eliminar essa parte por medo pode prejudicar a construção do patrimônio, em vez de proteger.
O todo é a educação financeira, o planejamento da poupança baseado no perfil de cada um, na capacidade de gerar novos recursos, na necessidade de uso do dinheiro e no olhar atento sobre sonhos e garantias para um futuro organizado.
A inovação assusta porque ameaça o status quo onde nos sentimos seguros. Saber lidar com o incômodo é o segredo para a melhor comunicação, especialmente entre pais e filhos – o choque entre as gerações será melhor assimilado se a energia for usada para troca de conhecimentos, e não, para calar o novo.
Sobre o autor
Reinaldo Rabelo é CEO do Mercado Bitcoin, corretora de criptomoedas líder do mercado brasileiro.
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