Imagem da matéria: Coinx: corretora brasileira não paga os clientes há 7 meses, mas segue aceitando depósitos
(Foto: Shutterstock)

Os clientes da exchange brasileira CoinX desde o ano passado vêm enfrentando problemas para sacar investimentos feitos em criptomoedas. Apesar disso, ela ainda tem cadastrado novos interessados e segue aceitando depósitos.

A empresa, que começou a operar cheia de promoções, vem mantendo preso há mais de 7 meses o dinheiro dos seus clientes sem dar qualquer posicionamento a eles. Estima-se que o prejuízo bata a casa de R$1 milhão.

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A equipe de reportagem conversou com dois desses investidores que têm tentado de tudo para ao menos saberem quando poderão ter acesso ao dinheiro que lhes pertence.

Eduardo Menezes, 27, conta que teve de interromper seu curso de História na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), pois não tinha como arcar mais com os custos de deslocamento, alimentação e material de estudo após ter ficado com o seu dinheiro preso na Coinx.

“Eu disse para eles que esperei seis meses e que agora não dá mais. O dinheiro que eu tinha circulando era para arcar com meus estudos na Universidade. Agora tive de parar o meu curso”.

Ele abriu a conta no meio do ano passado quando viu um anúncio e achou a taxa interessante para fazer trade. Menezes disse que enquanto estava fazendo trade não houve problema.

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“Cheguei a ficar com 12 Ethereum, mas aí quando começaram os problemas eu tentei vária vezes ligar para eles, mas até hoje não deram solução”.

Sem resposta da CoinX

Menezes conta que a última vez que conseguiu falar com alguém da CoinX foi em janeiro e que hoje a empresa não atende telefonemas e nem responde e-mails.

A reportagem ligou para os dois telefones informados e também não conseguiu falar com qualquer representante. Um dos números informados sequer existe e o outro consta que está em outra chamada. Foram feitas diversas tentativas sem sucesso.

Desde agosto do ano passado, Menezes tem tentado solucionar esse problema.

“Isso gera um sentimento horrível, porque nesses 8 meses sem ter acesso aos meus fundos eu tive que deixar de estudar por falta de recursos, minha vida acadêmica está destruída pela falta de competência de uma corretora que se recusa em liberar o saque das minhas criptomoedas”.

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Ele conta que nesse tempo chegou até a falar com André Gardenal, diretor administrativo da empresa, mas nenhuma providência foi tomada.

“Eu tentei conversar com André e ele disse que iria tentar resolver. Toda vez eles adiavam para o próximo mês”.  

Numa das mensagens trocadas entre Menezes e Gardenal, o diretor administrativo se comprometeu a pagar antes de começar o ano de 2019.

A empresa já até havia se comprometido com ele a liberar o saque em dinheiro no dia 06 de dezembro, mas a promessa não foi cumprida e a conversa mudou de tom em fevereiro desse ano.

Numa mensagem via WhatsApp enviada a Menezes, Gardenal afirmou que apesar de não ter a informação de quando os pagamentos ocorreriam, ele achava que no começo de março isso se resolveria.

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Menezes, contudo, afirma que a empresa não fechou e que num grupo de WhatsApp onde há relatos de pessoas que foram até a sede da Coinx falaram com os responsáveis pela exchange, mas “que eram sempre as mesmas desculpas e nunca tinha solução”.

Dinheiro preso na CoinX

O Portal do Bitcoin conversou com uma dessas pessoas que visitou a sede da empresa em Curitiba (Paraná). O paulista Fábio Ribeiro, 32, analista de sistema, disse que foi quatro vezes ao escritório da CoinX.

Ribeiro conta que a empresa ainda está funcionando e que os responsáveis por ela têm ido ao local todos os dias, mas que cansou de sair desse escritório sem qualquer resultado:

“Nas vezes que fui lá conversei com o André (Gardenal) e com o Billy, mas agora eu desisti. Vou entrar com um advogado”.

Conforme Ribeiro, outras pessoas de sua família também investiram na corretora de criptomoedas e todos estão com o dinheiro preso desde agosto, assim como o estudante de História que abriu sua conta na exchange no meio do ano passado.

Ribeiro, entretanto, disse que chegou a receber uma pequena parte do dinheiro no final do ano passado, mas que essa foi a última vez.

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“Não sei se estão pagando alguma coisa. Para mim, ao menos, não. A última vez que recebi foi em novembro ou dezembro, mas foi apenas 10% do que eu tinha na época”.

Saque demorado

Ribeiro aponta que os usuários conseguem até fazer trade de criptomoedas, mas de resto está tudo bloqueado. A pessoa não consegue sacar dinheiro e tampouco criptomoeda.

Menezes afirma que quando começou o problema na corretora, ele havia pedido um saque de R$ 100, mas só foi conseguir isso em novembro.

“No dia 31/08 eu pedi saque de 100 reais em ethereum, e demorou 3 meses pra eles liberarem. O resto do saldo eles se negaram em liberar, que era os 11,77 ethereum”.

Ele conta que a empresa afirmou que o problema é que não há dinheiro em caixa para pagar o pessoal. “Eles bloquearam o site no mês de julho e de lá para cá não estão pagando ninguém praticamente”.

Casos emblemáticos

Menezes mencionou o caso do casal de advogados Gabriel Lima e Thaisi Leal que após a matéria publicada no Portal do Bitcoin, conseguiu efetuar o saque junto à corretora.

Na época, Thaisi Leal relatou que precisava do dinheiro para fazer um procedimento de saúde.

Não só esse casal conseguiu levantar o dinheiro preso. Ribeiro conta que uma pessoa (que ele preferiu não revelar a identidade) recebeu nesse mês de março o valor que lhe era devido. Isso ocorrer após essa pessoa ter ameaçado com um processo judicial e uma denúncia no Ministério Público.

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