Guto Schiavon, cofundador da corretora de criptomoedas Foxbit, morreu na tarde desta terça-feira (25) depois de sofrer um acidente de carro no km 465 da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294) na saída para Tupã, município do interior de São Paulo.
De acordo como o G1, o acidente envolveu três veículos. Chovia forte no momento em que o carro em que estava Guto rodou na pista e acabou sendo atingido por outro veículo que vinha no sentido contrário.
Em seguida, um caminhão não conseguiu desviar e também acabou se chocando com o veículo.
Segundo a reportagem, quatro pessoas foram resgatadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhadas ao Hospital das Clínicas de Marília, sendo duas delas em estado grave.
Guto era Bacharel em Sistemas de Informação pelo Univem (Centro Universitário Eurípedes de Marília) e ocupava o cargo de Diretor de Operações na empresa.
Nota de Falecimento
A Foxbit comunicou seu pesar com um nota de falecimento no site da empresa, evidenciando os números atingidos pela corretora devido a esforços de Guto e toda a equipe. A empresa disse que está prestando toda solidariedade e apoio aos familiares.
João Canhada, CEO da Foxbit, publicou no Facebook uma foto com o parceiro com os seguintes dizeres:
“Infelizmente hoje é um dia triste, perdi um irmão que a vida tinha me dado, muito mais do que um sócio ou amigo era meu irmãozinho Guto, um cara simples e brilhante, foram 4 ótimos anos juntos, construindo um sonho chamado Foxbit, vai com Deus pois aqui na terra só tenho boas lembranças”.
Luis Augusto Schiavon Ramos, o Guto
Guto era um dos nomes mais conhecidos na comunidade de criptomoedas no Brasil. Ele, juntamente com João Canhada, fundaram a Foxbit em 2014.
Ele nasceu em Marília, mas morou a vida toda em Pompéia, ambas cidades do interior Paulista.
Guto sempre foi muito ligado a tecnologias, como ele mesmo disse quando contou sua história no blog da empresa em abril deste ano.
“Comecei minha vida de atendimento ao cliente e gestão de comunidade aos 11 anos, quando moderava fóruns de servidores de Ragnarok Online” — um jogo online com milhares de jogadores.
Aos 14, ele teve contato com o trabalho formal, quando recebeu uma bolsa de menor aprendiz em uma empresa de máquinas agrícolas, onde colaborou por dois anos.
Guto não parava. Em 2011 ele e mais duas pessoas construíram um quadriciclo elétrico e participaram de uma Olimpíada estudantil e garantiram a medalha de bronze.
Dois anos depois voltaram à competição e ganharam a medalha de prata pela criação de uma empilhadeira elétrica.
Mas ainda não era o que o jovem procurava. Ele deixou a equipe e focou no estudo de Sistemas de Informação e num estágio que conseguiu como programador web.
Primeiro ‘contato’ com bitcoin
Guto disse que seu primeiro contato com a criptomoeda foi devido a sua incessante curiosidade por tecnologia, principalmente pelas novas.
Em meados de 2011 ele acabou lendo algo sobre o bitcoin, mas “o conteúdo era muito técnico e escasso”, então ele não deu muita bola.
Dois anos se passaram e o acaso batia novamente à sua porta. Ele viu o bitcoin sendo notícia em várias mídias devido à sua valorização.
“Aí a curiosidade voltou! Por volta de 2013, entrei em um grupo do Facebook chamado ‘Bitcoin Brasil’ e comecei a estudar mais sobre o assunto. Comprei placa de vídeo, minerava litecoin e escrevia vários artigos para blogs”, contou o empresário.
Logo veio um ‘estalo’. Guto criou o site ‘Pague com Bitcoin’. Ele acreditava que a plataforma ajudaria o bitcoin a ser algo mais utilizável. O projeto deu certo e existe até hoje, porém administrado por outra pessoa. Guto queria mais.
O mariliense começou, então, a mandar currículo para o novo setor — ele se ofereceu para trabalhar de graça em alguma corretora a fim de dobrar seus conhecimentos. Mesmo assim, Guto não obteve retorno.
O empresário já havia juntado algum dinheiro, mas talvez não o bastante para empreender sozinho.
No entanto, entre inúmeras troca de ideias com colegas da comunidade, dentre eles, João Canhada, Guto estava certo de que o próximo passo seria a criação de uma corretora de criptomoedas.
“Eu já ganhava meu próprio dinheiro, então a ideia de empreender parecia natural e um novo desafio”.
Foi uma decisão difícil, pois Guto não tinha todo o apoio da família e estava trancando sua sua faculdade — algo que realmente deixa qualquer pai ou mãe triste, ainda mais sabendo que o investimento seria em uma área desconhecida.
Foxbit: O início
Guto contou que, antes de tudo, a criação da Foxbit aconteceu principalmente devido à confiança entre eles, pois, com o andar da carruagem na época, parecia haver poucas chances da empreitada dar certo. Eles persistiram.
“Ceia de um lado, notebook do outro”.
Guto e seus sócios trabalhavam duro. “Não importava se era Natal, Ano Novo, Páscoa… com o notebook aberto e a ceia ao lado, estávamos disponíveis para resolver o problema dos clientes o tempo todo”, disse.
Essa perseverança de atender os clientes a qualquer momento fez com que a Foxbit ganhasse confiança na comunidade.
Desta forma, a empresa foi crescendo e começou a contratar mais colaboradores para seu primeiro escritório na Zona Sul de São Paulo.