É só entrar no Reddit que você irá descobrir teorias da conspiração que afirmam que Tom Hanks é um chefão da pedofilia, Bill Gates inseriu microchips nas vacinas contra o coronavírus e a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês) inventou o bitcoin (BTC).
Ao que parece, a CIA realmente está envolvida com criptomoedas, mesmo que não tenha inventado o bitcoin.
Durante o CEO Summit do Wall Street Journal de terça-feira (7), William Burns, diretor da CIA, admitiu que a agência possui múltiplos projetos para monitorar criptomoedas.
Ao responder uma pergunta sobre a possibilidade de a agência de inteligência conseguir restringir ataques de ransomware que emanam do exterior, Burns disse que seu predecessor “havia encaminhado inúmeros projetos diferentes com foco em criptomoedas e tentou analisar consequências de segunda e terceira ordens, além de ajudar nossos colegas em outros locais do governo americano para fornecer inteligência sólida sobre o que estamos vendo”.
CIA de olho nos ransomwares
Ransomware é um tipo de software malicioso, criado para suspender um computador ou uma rede até o pagamento ser recebido, geralmente em bitcoin ou na moeda de privacidade monero (XMR).
Este ano, ataques interromperam as atividades de um grande oleoduto, uma unidade de processamento de carne e a infraestrutura de empresas de TI.
Em junho, a administração Biden considerou o combate ao ransomware como uma “prioridade” e afirmou que iria usar o rastreamento de criptomoedas para controlá-los.
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Burns não esclareceu qual predecessor ele estava se referindo. Outras cinco pessoas lideraram a agência (duas delas em posição interina) nos últimos cinco anos, incluindo John Brennan, Mike Pompeo e Gina Haspel. Ainda assim, a referência mais provável é a seu predecessor imediato: David Cohen.
Cohen, escolhido pelo presidente Biden como diretor interino entre janeiro e março deste ano, havia trabalhado no Departamento do Tesouro, supervisionando o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) e a Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN), entidades que alertaram empresas contra o pagamento de ransomware.
Em outras palavras, ele é o tipo de pessoa que faria com que a CIA reunisse informações sobre criptomoedas.
Michael Morell, que atuou como diretor interino da agência em duas ocasiões distintas durante a administração Obama, também enxerga o valor do bitcoin à comunidade de inteligência.
Este ano, Morell chamou a tecnologia blockchain de “dádiva da supervisão” em um relatório publicado pelo Crypto Council for Innovation, liderado pela Coinbase e Square.
O relatório defendia a criptomoeda contra afirmações de que seu principal caso de uso seria facilitar as atividades de organizações criminosas. Em vez disso, a natureza pública das transações torna a blockchain uma “ferramenta forense pouco utilizada para que governos identifiquem atividades ilícitas”.
Burns foi vago em relação ao que exatamente a CIA está fazendo. Por exemplo, está estudando redes ou tentando prejudicá-las? Mas ele acrescentou: “Uma das formas de alcançar ataques ransomware e os deter é ser capaz de atingir redes financeiras que muitas dessas redes criminosas usam e também ir direto à questão das moedas digitais”.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.