Imagem da matéria: Cade pede a quatro corretoras de bitcoin que identifiquem seus maiores clientes
Foto: Shutterstock

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) oficiou na última quarta-feira (12) as corretoras de criptomoedas Cryptex; Walltime; Coinext e a Braziliex para prestarem informações sobre os dados de três de seus maiores investidores. 

A razão para esse pedido ainda é desconhecida. O documento enviado para as corretoras foi padrão. Nele consta apenas que essas empresas terão até a próxima segunda-feira (17) para prestarem as informações de “três principais clientes no que tange a criptoativos acompanhados de dados de contato”. 

Publicidade

O Cade apenas mencionou que o objetivo é “de instruir o referido processo e com fundamento no arts. 13, VI, da Lei nº 12.529/2011”.

De acordo com esse dispositivo, o órgão por meio de sua superintendência-geral pode “requisitar informações e documentos de quaisquer pessoas, físicas ou jurídicas, órgãos, autoridades e entidades, públicas ou privadas, mantendo o sigilo legal, quando for o caso, bem como determinar as diligências que se fizerem necessárias ao exercício de suas funções”.

O sigilo, porém, deverá ser solicitado pelas corretoras que deverão pedir acesso restrito:

“A análise de sigilo do conteúdo da resposta será realizada por este Conselho nos termos dos arts. 92 a 95 do Regimento Interno do Cade mediante solicitação para tratamento de acesso restrito das informações apresentadas. Na ausência de tal requisição, as respostas fornecidas serão tornadas públicas”.

Ofício do Cade sem motivação

O Cade não expôs o que teria motivado esse pedido. No entanto, o caso pode ter haver na forma que as empresas cripto vêm adotando o compliance.

Publicidade

Os bancos têm argumentado em sua defesa que as empresas cripto não possuem uma política de compliance capaz de crimes como a lavagem de dinheiro.

Isso fez recentemente o Mercado Bitcoin numa representação afirmar que adota mecanismos de compliance como o KYC ( Know Your Client) e políticas de Prevenção de Lavagem de Dinheiro e de financiamento ao Terrorismo (PLD/FT).

A corretora mencionou ainda que mantém “relações institucionais ativas com autoridades de investigação, tais como o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Caso no Cade

O envio desses ofícios é mais uma etapa do inquérito administrativo que visa apurar se os bancos comentaram ato anticoncorrencial. Depois de uma série de encerramentos de contas de empresas do setor cripto, o Cade acabou sendo provocado para analisar a questão.

Publicidade

Inicialmente, o órgão abriu um inquérito administrativo para apurar as condutas das instituições financeiras. As instituições bancárias sustentaram em sua defesa que apenas estariam agindo de acordo com o que preza o Banco Central.

Depois de mais de um ano, a Superintendência-Geral do Cade decidiu arquivar o inquérito. Essa decisão, porém, foi recentemente modificada após a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado ter afirmado que o caso ainda deveria ser apurado.

Prado entendeu que o Cade deveria abrir um processo administrativo, mas o Conselho em deliberação colegiada entendeu mais prudente prosseguir o inquérito apenas.

A conselheira do Cade acabou acompanhando o colegiado pelo prosseguimento do inquérito para apurar se houve de fato conduta abusiva dos bancos contra as corretoras de criptomoedas.

Respostas das corretoras

A reportagem procurou as empresas cripto para poderem comentar sobre o caso. A única corretora que apresentou resposta, porém, foi a Braziliex. A Exchange enviou a seguinte nota:

Publicidade

“A Braziliex recebeu no dia 12 de agosto de 2020, uma intimação enviada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, referente o Inquérito Administrativo nº 08700.003599/2018-95 requerendo a informação dos seus ‘3 (três) principais clientes no que tange a criptoativos acompanhados de dados de contato’.
A Braziliex reforça seu compromisso em auxiliar na instrução do referido inquérito para elucidar os fatos submetidos ao Cade, entretanto, tal conduta não se dará em desacordo com a Constituição Federal e leis que garantem o sigilo fiscal, comercial e proteção dos dados pessoais.
Para tanto, esclarece ao mercado em geral que não irá compartilhar dados, sigilosos e/ou protegidos, sem que haja consentimento de seus clientes ou por fundamento previsto na Lei Geral de Proteção de Dados que está na iminência de entrar em vigor.
Reforça, ainda, que o Cade emitiu ordem genérica e sem fundamento para compartilhamento, sendo que os poderes instrutórios conferidos ao órgão administrativo não lhe conferem prerrogativas de afastar o sigilo e a proteção de referidos dados da maneira com que a ordem foi emitida.
Por fim, para se manter um diálogo saudável com os órgãos públicos e visando a melhor solução desta situação, a Braziliex irá se manifestar nos autos do inquérito indicando os motivos pelos quais os dados solicitados não podem ser compartilhados, pois isto – se ocorresse – representaria uma violação ao nosso Estado Democrático de Direito”.

VOCÊ PODE GOSTAR
miniaturas de pessoas minerando bitcoin em meio a pedras e folhagens

O impacto ambiental do Bitcoin após o halving será para melhor ou pior?

O halving vai remodelar quem explora o Bitcoin e, portanto, a eficiência energética da rede. Isso compensará o imenso uso do BTC?
BTC bitcoin na frente de nota de dólar de 1 milhão

Preço do Bitcoin aumenta com otimismo de Biden sobre queda de juros do Fed ainda este ano

“Mantenho minha previsão de que, antes do final do ano, haverá um corte nas taxas”, disse o presidente dos Estados Unidos
Paolo Ong, da SEC Filipinas

Termina prazo para saída da Binance das Filipinas e reguladores avisam: “Não há como sacar fundos após bloqueio”

“Não podemos endossar nenhum método de como retirar seu dinheiro agora que a ordem de bloqueio foi emitida”, disse o regulador filipino
Imagem da matéria: Baleias estão mais famintas do que nunca por Bitcoin; Veja por quê

Baleias estão mais famintas do que nunca por Bitcoin; Veja por quê

“Atualmente a demanda de Bitcoin por esse grupo de investidores é a maior de todos os tempos”, diz estudo da CryptoQuant