O Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais conhecidas do Brasil, serviu de inspiração para uma criptomoeda criada por jovens brasileiros.
Apesar da referência, os criadores do projeto — todos brasileiros, residentes no Rio de Janeiro e na Bahia — dizem que ele nada tem a ver com o grupo criminoso, fundado no final dos anos 1970. O objetivo do token Comando Vermelho Token (CVRL), criado na blockchain da criptomoeda Ethereum, seria o de ajudar jovens carentes que vivem em comunidades no Rio.
Um dos responsáveis atende mora no Rio e atende pelo pseudônimo de Thomas Mitchell — o nome verdadeiro não é revelado por motivos de segurança. Ele afirma que a ideia inicial era fazer do CVRL uma criptomoeda de teste para um projeto maior, ainda em curso. No entanto, seguindo a sugestão de um amigo, decidiu publicar o token.
“CVRL token não tinha nenhum objetivo até que um amigo me deu a ideia de prosseguir com o projeto para destinar ganhos a famílias carentes das comunidades do Rio”, disse.
O Comando Vermelho Token está na fase de airdrop, na qual unidades são distribuídas de graça, o que deve ir até o final do ano. Ele ainda não possui valor de mercado.
Ainda segundo Mitchell, a ideia de “se inspirar” no nome da facção criminosa foi simplesmente por marketing, apesar de reconhecer o risco dessa alusão. O site, totalmente em inglês, se deve ao fato da busca ser basicamente por investidores estrangeiros.
“Meu objetivo é atingir investidores gringos. Não vão ligar para o nome. Realmente representa risco para a equipe mas como é um projeto beneficente, traficantes não fariam nada com a gente, o problema é somente o estado e a milícia. Na minha opinião com esse nome vai gerar somente marketing”.
Segundo dados do site EtherScan, a distribuição está lenta. O token foi criado em 30 de março de 2020, com 500 mil unidades emitidas. Mas até o momento são apenas 10 holders e 24 transações envolvendo o CVRL, sendo a mais recente do último dia 11 de julho.
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Objetivos
“Nosso objetivo é ajudar crianças e adolescentes que buscam lazer na favela e oportunidades de emprego por meio de esportes e música, ajudar na recuperação de pessoas quimicamente dependentes e fazer demonstrações para os mais necessários”, diz o site do CVRL.
Ainda segundo o site, a explicação para o nome vem de C (para Comando, órgão que controla uma unidade operacional e uma missão específica autorizada; V (vermelho, em alusão à cor do sangue derramado de jovens moradores de favelas; e RL, em referência à a palavra “realidade”.
Apesar do objetivo nobre, ainda não há qualquer menção a programas sociais ligados ao projeto — seja no site, seja nas redes sociais e canais de interação, como o Telegram. Também não há roadmap e Whitepaper, duas informações fundamentais para qualquer projeto cripto.
Segundo Mitchell, a falta de tais informações é motivada pelo fato de o grupo ainda estar mais focado o outro projeto, considerado o principal. Também ainda não há uma certeza quanto à continuidade do token que pega emprestado o nome da famosa facção.
“Se der certo a gente continua tranquilo, caso contrário a gente finaliza”.
O outro projeto no qual Mitchell diz estar envolvido inclui, entre outros pontos, uma exchange descentralizada e um site para ajudar na criação de tokens.