O evento Fintouch, organizado pela associação ABFintechs, reuniu as principais fintechs do Brasil em São Paulo para uma tarde de debates, onde criptomoedas e tecnologias emergentes do universo cripto foram temas recorrentes de discussão no palco, inclusive abordados por importantes reguladores do mercado brasileiro.
O diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso ressaltou que a tokenização tem potencial de “transformar o sistema financeiro do Brasil”, destacando seu impacto em diversas áreas, como a redefinição do papel dos intermediários, a automatização de negócios e transações, além de promover a interoperabilidade em um mercado cada vez mais competitivo.
A declaração do regulador evidencia como os temas originados no mercado cripto estão deixando de ser limitados a um nicho, passando a ocupar o centro das discussões no cenário financeiro.
Conforme destacado pelo presidente da ABFintechs, Diego Perez, em entrevista ao Portal do Bitcoin, a tendência é que os ativos digitais continuem a ganhar destaque, impulsionando inovações e moldando o futuro das finanças no Brasil.
“O futuro nos leva para o universo cripto, onde as operações serão desintermediadas, os custos serão reduzidos e a tecnologia substituirá intermediários que já não têm razão de existir”, disse Perez.
Ele afirmou que a missão da associação de fintechs é auxiliar o mercado cripto a manter seu protagonismo nas discussões, além de engajar reguladores, como o Banco Central e a CVM, a dialogarem com especialistas do setor para desenvolver regulamentações que fomentem a inovação, garantindo um ambiente competitivo e seguro, tanto para as empresas quanto para os investidores.
Quando questionado sobre o aumento da presença de empresas de criptomoedas no evento, Perez destacou que o setor cripto está em evidência devido à sua relevância para a agenda regulatória brasileira.
“O mercado cripto faz parte da agenda do Banco Central e da CVM. Temos soluções baseadas em tokenização de ativos, e não podíamos deixar de discutir isso”, afirmou. Ele acrescentou que, este ano, o evento Fintouch abriu um espaço maior para o setor cripto, com um bloco de programação dedicado ao tema, dado o interesse crescente de seus associados.
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Perez explicou que a ABFintechs tem atuado com o setor de criptomoedas desde a sua fundação em 2016, e que nos últimos dois anos o tema ganhou ainda mais relevância, principalmente após a aprovação de um projeto de lei e a delegação ao Banco Central da função de regular o mercado cripto.
O executivo explicou que a associação mantém uma comunicação ativa com reguladores por meio de comissões e grupos de trabalho organizados dentro da entidade. “Nós escutamos nossos associados e levamos as preocupações ao regulador, mas também ouvimos o regulador quando eles nos procuram para validar ideias ou discutir novas regulações”, explicou Perez.
Ele ressaltou que a comissão de tokenização de ativos, que engloba criptoativos, é uma das mais ativas dentro da ABFintechs. “É a terceira comissão com mais atividade dentro da associação”, revelou.
Protagonismo do Brasil no cenário global de criptomoedas
Perez expressou orgulho com o avanço regulatório e legislativo do Brasil no setor de criptoativos. Segundo ele, o Brasil está na “fronteira do conhecimento” no que diz respeito à regulação no mundo.
“O Brasil não é apenas uma referência na América Latina, é uma referência global. Digo isso com segurança porque visitei outros países, trabalhei no exterior, fui para os EUA e os avanços que conseguimos alcançar e aprimorar aqui no Brasil, no universo cripto, dificilmente são vistos nesses países. Estamos na linha de frente do desenvolvimento dessa tecnologia”, afirmou.
Outro tema abordado foi a concorrência entre empresas cripto baseadas no Brasil e aquelas que operam no país sem seguir as mesmas regras. Perez defendeu a importância de um “campo de jogo justo”, onde todas as empresas, independentemente de onde estão sediadas, sigam as mesmas regras. “Não podemos facilitar a vida de entidades não baseadas no Brasil pelo simples fato de estarem fora. Precisamos facilitar a vida das empresas locais para que possam competir de igual para igual”, argumentou.
Para Perez, a concorrência é saudável e necessária, mas é fundamental garantir que todas as empresas que atuam no mercado brasileiro, sigam as mesmas regras para proteger os consumidores e o mercado.
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