Imagem da matéria: Bitcoin está indo bem, então por que tantas demissões no setor cripto?
(Foto: Decrypt/Unsplash)

O setor de criptomoedas nos EUA tem motivos para comemorar: o Bitcoin quase atingiu seu preço recorde, os ETFs de criptomoedas marcaram novos avanços em Wall Street, e a eleição presidencial da próxima semana promete beneficiar o ecossistema, independentemente do vencedor.

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Mas, paradoxalmente, essa também foi uma das piores semanas para os maiores empregadores de cripto dos EUA. Na terça-feira, a gigante de software Ethereum Consensys demitiu 20% de sua força de trabalho global. Horas depois, a DYdX, exchange descentralizada de Nova York, cortou 35% de sua equipe. Na manhã seguinte, a Kraken, uma das maiores exchanges americanas, reduziu sua equipe em 15%.

Para fechar a semana, a Coinbase reportou um terceiro trimestre decepcionante, com resultados abaixo das metas e uma queda na atividade dos clientes. O que está acontecendo?

Especialistas disseram ao Decrypt que uma série de fatores pode estar em jogo — desde ansiedades de curto prazo relacionadas à eleição e à regulamentação, que podem ser resolvidas em breve, até questões mais profundas sobre o papel das empresas nativas de cripto em uma indústria cada vez mais ocupada por gigantes das finanças tradicionais.

“Definitivamente, este é o mercado de alta mais pessimista de todos os tempos”, afirmou Alex Tapscott, diretor de ativos digitais da Ninepoint Partners, ao Decrypt.

Embora manchetes otimistas sobre o crescimento do setor cripto possam parecer onipresentes, esse cenário se aplica realmente apenas ao Bitcoin, que está mais do que nunca “em uma categoria à parte”, afirmou Tapscott.

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E até mesmo a força do Bitcoin já não é necessariamente uma vantagem para a indústria cripto.

“Sim, o preço do Bitcoin subiu bastante, mas para onde foi esse capital?” disse Owen Lau, analista sênior da Oppenheimer & Co. “Está indo para empresas de finanças tradicionais, em vez de para empresas nativas de cripto.”

Com gigantes de Wall Street como BlackRock acumulando bilhões de dólares em negociações de Bitcoin por meio de seu ETF, graças à confiança na marca e taxas baixíssimas, exchanges de cripto como Coinbase e Kraken estão sendo deixadas de lado, segundo Lau. Empresas ligadas a criptos em declínio, como o Ethereum — caso da Consensys — estão em situação ainda pior, acrescentou.

Incertezas regulatórias e a eleição presidencial iminente também podem estar desempenhando um papel importante ao esfriar a atividade e os investimentos em cripto — pelo menos por enquanto.

Kristin Smith, CEO da Blockchain Association, um dos principais grupos de lobby cripto, disse que, embora esteja otimista de que tanto a administração Trump quanto Harris possam trazer clareza e apoio regulatório para o setor, a hostilidade atual da SEC em relação à indústria causou um dano substancial aos negócios, que não será reparado antes do próximo ano, no mínimo.

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“Acho que muito capital está esperando à margem, hesitando em entrar nesse setor até ver mais clareza”, disse Smith. “Portanto, acredito que as questões regulatórias e políticas são fatores importantes em tudo isso.”

No início da semana, a Blockchain Association lançou uma iniciativa para monitorar o quanto as principais empresas de cripto gastaram em processos movidos pela SEC. Esse valor já supera US$ 400 milhões.

Na terça-feira, quando a Consensys anunciou a demissão de 20% de sua equipe, o CEO da empresa, Joe Lubin, disse que os cortes estavam ligados aos “milhões de dólares” gastos pela Consensys para se defender da SEC nos tribunais.

Ainda assim, alguns especialistas insistem que os problemas das criptos não desaparecerão, mesmo que o governo dos EUA adote o setor. Lau, da Oppenheimer, acredita que o atual cenário de empresas nativas de cripto — especialmente exchanges centralizadas — está superlotado, e que muitas dessas empresas acabarão sendo extintas ou adquiridas por empresas de finanças tradicionais.

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“Não sei por que o mercado permitiria 200 exchanges no mundo”, ele disse. “Não faz sentido para mim.”

Tapscott, da Ninepoint, por outro lado, acha que será preciso mais do que remover o presidente da SEC, Gary Gensler, para liberar um verdadeiro mercado de alta cripto.

“Não é apenas a eleição”, ele disse. “Se você observar ciclos anteriores, sempre houve um conjunto de novas aplicações ou funcionalidades que empolgou as pessoas de verdade.”

Tapscott destaca as inovações de dApps e NFTs, que impulsionaram os mercados cripto a novos recordes.

“Dessa vez, existe algo que realmente galvanizou as pessoas da mesma maneira?” ele pergunta. “Acho que a resposta é, ainda não.”

Embora a perspectiva de políticos e Wall Street abraçando o setor cripto seja animadora, acrescentou Tapscott, esse desenvolvimento não tem sido suficiente para iniciar uma verdadeira corrida de alta no setor — e não pode substituir o entusiasmo gerado por um caso de uso genuinamente novo para a tecnologia blockchain.

“Como fazer algo com essa tecnologia que antes não era possível?”, concluiu.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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