Imagem da matéria: Bitcoin Banco recebe clientes com saques travados, mas protesto fracassa
Manifestantes na frente da sede da empresa (Foto: Rudney Flores/Portal do Bitcoin)

Um grupo de mais de dez pessoas se reuniu na manhã desta segunda-feira (12) em frente à sede do Bitcoin Banco, em Curitiba (PR), para protestar por não poderem sacar valores investidos nas exchanges NegocieCoins e Tem BTC, controladas pela empresa.

O movimento foi organizado por clientes de várias cidades brasileiras, que vieram à capital paranaense para tentar pessoalmente resolver suas questões com a empresa, já que os contatos via meios eletrônicos não estão apresentando soluções.

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O protesto, convocado sobretudo em grupos do Telegram, teve uma baixa adesão. A previsão era de que cerca de 150 se reuniriam no local.

Parte das pessoas que estiveram lá, conseguiu ser recebida por dois representantes da empresa: os advogados Jorge Luis Fayad Nazario e Afonso Castelano.

A reunião, que foi acompanhada pelo Portal do Bitcoin, teve alguns momentos mais tensos de discussão e não apresentou respostas para as questões apresentadas pelos clientes. A saber, por que contratos de pagamento que estão sendo assinados não estão sendo cumpridos, quanto poderia ser retirado por cada cliente, entre outras. Todos saques das empresas do Bitcoin Banco estão bloqueados desde o dia 17 de maio.

Reunião no Bitcoin Banco

Os advogados alegaram que a maior parte dos funcionários da empresa foi dispensada do trabalho nesta segunda devido à possibilidade de manifestações e que ninguém poderia responder a questões mais técnicas e financeiras.

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Fayad se comprometeu a responder até esta terça-feira (13) todos os contatos com perguntas enviadas via Whatsapp ao seu telefone pessoal. Ele pediu um voto de confiança dos clientes até que seja divulgado o relatório realizado por uma auditoria externa sobre a empresa, a partir do qual medidas para resolver as questões do Banco Bitcoin seriam definidas.

“A reunião teve como objetivo esvair nosso protesto. Nada foi definido e continuamos sem resposta aos questionamentos que enviamos pelos meios normais do grupo. Vamos formular nossas perguntas ao advogado da empresa, como solicitado, e vamos ver o que acontece. Hoje, sinceramente, não tenho segurança nenhuma de que receberemos nossos valores”, revela o investidor José Francisco, de Curitiba.

O paulista Bruno Antonio, um dos organizadores do movimento, solicitou que sejam priorizados aqueles clientes que necessitem urgentemente do dinheiro investido, seja para pagar tratamentos de saúde na família.

Também pediu prioridade aos que estão desempregados ou a ponto de perder seus imóveis, como Alex Perdigão, também de São Paulo, que já recebeu intimação oficial para deixar seu apartamento.

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“Quem está perdendo principalmente é o pequeno investidor, para quem esse dinheiro está realmente fazendo falta”, diz Bruno.

Ele decidiu investir em bitcoin para conseguir mais recursos para pagar o tratamento de sua irmã, de 21 anos, que tem MAV (malformação arteriovenosa), doença rara no cérebro. Bruno precisa sacar urgentemente o investido para ajudar no pagamento do hospital em que a irmã está internada.

Uma das manifestantes mais exaltadas era a venezuelana Alejandra Rengifo, que mora em Manaus e está há 36 dias em Curitiba. Ela afirma que já se encontrou pessoalmente com Claudio Oliveira, fundador da empresa e que assinou quatro contratos para saques, nenhum deles cumprido. O mesmo acontece com outros clientes.

Alejandra Rengifo discute com o advogado da empresa

Mais cedo, antes da reunião dos manifestantes, o advogado Marco Antonio de Camargo, representantes de vários clientes e que já conseguiu na Justiça o bloqueio de contas do Bitcoin Banco, também foi recebido pelos advogados.

“Recebemos a informação sobre a auditoria, o que não podemos comprovar se realmente está acontecendo. Segundo eles, após essa auditoria, vão informar os investidores sobre a restituição de valores. Não há nada de concreto ainda. Essa situação não deve se resolver rapidamente, acredito que ainda deve perdurar por todo este semestre. Devem negociar caso a caso depois”, afirmou.

Os manifestantes estenderam algumas faixas de protesto e continuam reunidos em frente do prédio da empresa, e devem permanecer no local até o final da tarde.

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Crise do Bitcoin Banco

Desde o dia 17 de maio que o Bitcoin Banco vem segurando os saques de clientes. A empresa afirmou que a crise ocorreu devido a uma invasão hacker, que gerou R$ 50 milhões de prejuízo.

O GBB disse por meio de seu presidente à época, Cláudio Oliveira, que alguns clientes mal-intencionados teriam efetuado saques duplos. A empresa chegou a levar o caso à polícia.

Justiça do Paraná, por meio da 25ª Vara Cível de Curitiba, mandou intimar as empresas do grupo econômico, formado pela CLO participação e investimentos S/A; Grupo Bitcoin Banco; as exchanges Negociecoins e TemBTC entre outras a apresentar um documento produzido por uma auditoria externa independente a fim de atestar as supostas fraudes praticadas pelos requeridos.

Além disso, os saques suspensos motivaram aqueles investidores que não puderam ter acesso ao seu dinheiro e a tampouco às suas criptomoedas a entrarem com ações judiciais.

Numa outra ação, a Justiça mandou bloquear quase R$ 6 milhões das principais empresas do grupo. Contudo, as contas estavam vazias. O valor bloqueado foi de R$ 130 mil, sendo R$ 122 mil na BAT exchange.

Em uma das ações, os carros de luxo do empresário chegaram a ser confiscados. As partes, contudo, chegaram a um acordo, que está em segredo de Justiça, e os veículos ficaram na garagem da empresa.

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